O Poder Do Amor

Capítulo 16

ALGUNS DIAS DEPOIS

Como dito, Lucero visitava Lorena todos os dias e elas se apegavam mais uma com a outra a cada momento juntas. O processo de adoção continuava em andamento e Lucero já sabia que em breve teria resultados positivos, afinal além da parte prática, ela era guardiã de Lorena e como tudo caminhava para que elas ficassem juntas, daquela vez não seria diferente. Em um dia normal de visitas, a mulher entrou direto para o jardim onde sempre encontrava Lorena, pois já tinha passagem livre no local, mas se aproximou devagar ao ver duas crianças próximas à sua menina enquanto debochavam dela.

− Sabe para onde eu vou nessas férias, Lorena? Para Chicago, meus pais vão fazer minha festa de aniversário lá. – a menina mexeu no cabelo. – E você, para onde vai?

− Claro que ela não vai para lugar nenhum, Frida, esqueceu que ela é órfã? – a menina riu junto com a tal Frida.

Mesmo que aquilo deixasse Lorena triste, ela não demonstrava se abater para nenhuma das meninas que lhe diziam coisas como aquela, mas antes que pudesse responder, Lucero apareceu.

− Quem disse para vocês que a Lorena é órfã? – Lucero abraçou Lorena de lado com a mão no ombro dela.

− É porque ninguém nunca vem ver ela. – Frida falou arrogante.

− Claro que vem, vocês nunca veem porque a gente só se vê aqui fora, mas sempre estou aqui e em breve ela vai morar comigo, não é mesmo, meu amor? – Lucero sorriu para Lorena. – Agora se vocês nos deem licença, eu trouxe um presente para você, filha, vem comigo. – ela segurou a mão da menina e a levou para longe das outras.

Até então Lucero não tinha dito a Lorena que seria mãe dela por medo de criar expectativas na menina e as coisas não saírem como planejadas, mas como estava quase tudo certo, ela resolveu falar logo, principalmente para que saíssem do pé de Lorena, e realmente gostou da sensação de chamá-la de filha, mesmo que já se sentisse mãe, falar em voz alta lhe dava mais certeza do que queria. Ela se sentou em um banquinho distante e encarou Lorena que ainda olhava para o chão.

− Você está bem? – Lucero acariciou o rosto de Lorena com uma mão.

− Sim, obrigada. – Lorena falou ainda sem encarar Lucero.

− Lorena, eu não quero que você se sinta mal pelo que dizem de você. Agora você tem família, você tem a mim.

− É verdade que você vai ser minha mamãe? – Lorena perguntou com a voz embargada, olhando para Lucero por fim.

Lucero suspirou. Ela sabia do medo de rejeição que Lorena sofria depois de duas famílias terem desistido dela, mas se ela não fez isso antes quando sua vida e seu namoro estavam em jogo, depois de ter criado um laço com a menina era que não faria mesmo, além de não ter capacidade para brincar com o emocional de uma criança desse jeito.

− Eu não ia te contar, queria fazer uma surpresa, mas é verdade sim. Em breve você vai morar comigo, o que acha? – Lucero sorriu em expectativa.

Lorena ficou encarando Lucero com os olhinhos marejados, em choque. Ela sempre quis ter uma mãe e mais ainda uma como Lucero que cuidava dela todos os dias e a amava muito.

− É tudo que eu sempre sonhei. Eu te amo... Mamãe. – Lorena falou e pulou nos braços de Lucero.

Lucero sentiu seu coração disparar e não segurou a emoção ao ouvir Lorena a chamando de mamãe. A menina esperava apenas uma oportunidade para externar o que já sentia por ela.

− Eu também te amo, minha filha linda. – Lucero falou, rindo feliz e apertando Lorena.

Lucero amava aquela criança mais do que achou que um dia amaria e se antes só estava disposta a ser uma boa mãe para fazer seus sacrifícios valerem a pena e cumprir sua missão como guardiã, naquele momento ela viu que não era só por isso e sim porque ela amava Lorena de todo o coração e não se via mais sem ser mãe dela. A menina se levantou do colo dela e tirou o cabelo do rosto rapidamente, se levantando e puxando Lucero para dentro do internato.