VINTE E QUATRO

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DRACO POV
DOCE

A única coisa que eu conseguia pensar no momento eram os lábios de Harry, prensados contra os meus, o gosto doce e queimado; o cheiro dele, fumaça e grama; a mão dele no meu pescoço, agarrando os fios de cabelo da minha nuca, uma carícia quase agressiva; a respiração dele batendo na minha pele. E acabou antes que eu pudesse realmente sentir. Antes de entender que ele tinha me beijado.

Harry engoliu em seco, olhando para mim, o rosto corado, as orelhas vermelhas, os olhos tão verdes e tão intensos me olhando, analisando cada respiração minha. Acompanhando cada centímetro do meu rosto e parando na minha boca, como se tivesse pensando o que ele deveria fazer agora.

O que eu deveria fazer agora? Correr? Gritar com ele? Beijá-lo de novo? Desmaiar? Acho que essa última é a mais provável. Talvez, se eu desmaiasse, eu perceberia que, na verdade, eu ainda estava desmaiado na enfermaria, e acordaria de vez agora. Eu podia bater minha cabeça com força para ver se isso tudo era real ou não. Meu cérebro pareceu parar de processar qualquer informação depois disso.

— Eu... — Harry abriu e fechou a boca, sem saber o que falar. Ele deixou os lábios em uma linha, mordendo a bochecha, nervoso. — Não sei se eu deveria ter feito isso.

— Nem eu — respondi, minha voz era apenas um sopro.

Muitas coisas estavam na minha cabeça ao mesmo tempo. E eu parecia ter perdido qualquer capacidade de me mover, ou de reagir. Harry olhou para mim uma última vez, se virou e saiu andando, na mesma direção que seus amigos tinham ido mais cedo.

Minutos depois, Pansy saiu da biblioteca, Daphine vindo logo atrás com dois livros embaixo do braço. Pansy me olhou, o cenho franzido, e se aproximou de mim.

— O que aconteceu? — perguntou.

— Ele me beijou — respondi, minha voz mais fina do que o comum, eu queria sair gritando, de felicidade ou de raiva, não sei.

Pansy inspirou fundo, prendendo o ar por alguns segundos, até começar a rir. Dei um tapa no seu ombro.

— Você não está ajudando — murmurei. Pansy ainda estava rindo quando deixou um beijo na bochecha de Daphine e abraçou meu ombro, me fazendo andar ao lado dela.

— Ele te beijou, certo. Vamos falar sobre isso.

— Não tem o que falar, na verdade — eu disse. Realmente não tinha, não passei por nenhum momento reflexivo nem nada do tipo, apenas fiquei em choque. Ainda conseguia sentir a mão dele na minha nuca, segurando os fios do meu cabelo com cuidado e acariciando minha pele.

— Bom, ele te beijou, então tem que ter alguma coisa — Pansy disse. — Sei lá. Uma língua azeda, um pau duro. Qualquer coisa mesmo.

Fiz uma careta. Pansy riu.

— Olha aí, já podemos colocar na lista: um. Sem mau hálito. Dois. Sem membros rígidos.

— Pode não falar assim? — pedi. Pansy riu, desistindo de tentar andar abraçada ao meu ombro, ela pulou nas minhas costas, resmunguei em protesto.

— Vou ter que te aturar por horas por causa de um beijo...

— Dois — corrigi, segurando suas pernas na minha cintura.

—... o mínimo que você tem que fazer é me carregar até a comunal — terminou enquanto abraçava meu pescoço.

— Te odeio — murmurei. Ela beijou minha bochecha e esticou o braço à frente do corpo, como uma super-heroína de quinta categoria.

So Close To Magic - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora