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Desconfiança

1 mês e meio depois

POV Babi

Minhas suspeitas sobre o trabalho do meu pai aumentaram. Com certeza tem alguma coisa que eu não sei, e que pode ser maior do que eu imaginava. Porque tipo...não é possível! Ele não me deixa entrar na sala dele sem supervisão, só posso mexer nos papéis que ele me entrega, ele vive saindo com Bruno para "reuniões importantes" como diz ele, e na maioria das vezes são a mais de 20km da empresa. Quando são na empresa, ele proíbe todo mundo de permanecer no mesmo andar e até hoje nunca vi o rosto de uma pessoa se quer que participa dessas reuniões. Com exceção é claro, do meu pai e de Bruno. Hoje mesmo ele colocou tranca eletrônica no escritório dele na casa dele e da minha mãe, e disse que era por segurança. Como se já não bastasse TODA a segurança da casa. Está mais que óbvio que ele esconde uma grande merda, e que com certeza inclui o motivo dele ser preso.

Carol diz que pode ser coisa da minha cabeça, mas acho que ela diz só pra me fazer relaxar, porque, como eu disse, está óbvio que meu pai tem um grande segredo. Por esse motivo, estou neste exato momento me preparando para bater na porta da sala dele. 

Bati na porta e escutei meu pai falando para entrar.

- Oi pai

- Oi filha, o que te traz aqui?

- Eu...só queria conversar sobre uma coisa.

- O que seria? -Diz ele apontando para a cadeira a sua frente. Me sento nela e respondo sua pergunta.

- Vou ser direta...olha, parece que tem alguma coisa errada. Você anda meio fechado e...você não me fala nada da empresa. Da onde vem tanto dinheiro? Com certeza não é só carimbando papel, que é o que você faz todo mundo fazer. Pai...você por acaso estaria envolvido...com...coisa errada? Não me leve a mal, só estou preocupada, e a mãe também.

- Até você tá nessa Bárbara? Sua mãe te falou alguma coisa? Você está igualzinha a ela. -Ele diz se levantando de sua cadeira.

- Não pai, minha mãe não me falou nada. Só que você está estranho.

- Não se preocupe filha, eu sei me cuidar. Agora...por que não termina o trabalho algumas horas antes e leva a Carol no cinema? Está dispensada.

- Mas- -sou cortada por ele

- Sem "mas". Se divirta. -Ele diz sorrindo.

Saio irritada sem falar mais nada. Está mais que óbvio que ele tem um segredo.

...

- Carol tô te falando...ele simplesmente me expulsou da sala dele quando eu toquei no assunto. 

Estávamos jogadas no tapete da sala olhando para o teto e conversando.

- É...tem banana nesse pepino.

- An?

- Tô falando que tem mesmo alguma coisa errada. -Ela diz se virando de lado para me olhar melhor.

- Tô falando...

- Você precisa relaxar.

- Eu sei, mas como?

- Quer jogar UNO?

- Pra você perder de novo?  

- Já pode ir tirando o cavalinho da chuva Bárbara.

- Tá bom , bora.

E como sempre, eu ganhei. Mas vou contar o porque...jogamos sentadas frente a frente na mesinha de centro da sala, mas ele senta de frente pra televisão, o que significa que a TV serve como espelho e eu consigo ver todas as cartas dela. Eu teria pena se ela não ficasse tão fofa emburrada igual fica quando perde.

- Você sempre ganha, que saco! -Ela diz brava guardando as cartas na gaveta.

- Já te disse que você fica fofa brava? -Digo abraçando ela por trás.

- Não começa Bárbara, vou dar na tua cara. -Ela se desvencilha dos meus braços irritada.

- Vai me ignorar agora? E se eu te falar que eu trouxe sorvete e ele tá no freezer? -Na mesma hora ela levanta e corre até a cozinha, mas quando ela vai abrir o freezer eu a seguro. -Só ganha o sorvete se me der um beijo.

- Você acha que merece?

- Carol, na próxima você ganha. E eu te comprei sorvete. -Digo rindo.

Ela continua emburrada.

- Vai Carol -Digo com manha.

- Ela me dá um rápido beijo e abre o freezer, mas eu a impeço novamente.

- O que foi agor- Não a deixo terminar de falar e a beijo.

- Aquilo não era um beijo, isso é. Agora pega logo o sorvete que eu também tô com vontade.

Assim passamos o resto da tarde...tomando sorvete e jogando xadrez. Ou pelo menos tentando jogar. Adoro o fato de que ela consegue me distrair sem nem fazer esforços.