Preso?

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POV Babi

Cheguei em casa quase saltitando e um sorriso rasgando meu rosto, e isso não passou despercebido pela minha mãe.

- É a Carol não é? -Essa pergunta me pegou de surpresa, pois eu tinha acabado de me aproximar dela para abraçar a mesma.

- É...nem um "oi filhinha, tudo bem? Estava com saudades" primeiro?

- Não. Sua cara a qualquer momento vai se deformar se continuar sorrindo com essa intensidade.

- A, nem percebi. -Diminui um pouco meu sorriso.

- Fala menina, é a Carol? Acho que esse é o nome dela né? -Ela diz sorrindo com a minha cara de boba após citar o nome já tão conhecido por mim.

- Sim, esse é o nome. E sim, ela é o motivo desse sorriso.

- Toda bobinha. -Ela diz apertando minhas bochechas. -Me conta tudo que fizeram.

E como uma tonta apaixonada contei tudo para minha mãe com os olhos brilhando nostálgicos.

- Agora vai tomar um banho e desce aqui ver um filme.

...

Acordei e me arrumei para ir tomar café, mas antes de abrir a porta escuto algo quebrando na cozinha. Abro a porta e enquanto desço as escadas e falo alto sorrindo:

- O que quebrou dessa vez mãe. -Mas paro ao olhar para a cozinha e ouvir um soluço não enxergando ninguém lá. -Mãe tá tudo bem? -Digo me aproximando devagar, mas logo corro em sua direção ao vê-la ajoelhada chorando com cacos de vidro em sua frente e seu celular em mãos. -MÃE!!!

- Rapidamente a abraço mesmo sem saber o que estava acontecendo. Após alguns minutos ela se acalmou e eu um pouco desesperada pergunto:

- O que aconteceu mãe?

- Seu pai...prenderam ele, sem direito a fiança. -Ela diz voltando a chorar e em estado de choque, senti o chão sumindo por instantes. Por sorte estava ajoelha, então me sentei com as mãos na cabeça.

- E agora?! -Pergunto desesperada mesmo a ficha não tendo caído totalmente. 

- Vou ter que ir até lá visita-lo. -Ela diz limpando as lagrimas. -Hoje mesmo. A casa é sua. -Ela diz subindo rapidamente para seu quarto imagino que arrumar as malas.

Ainda sem total noção do que aconteceu, estava começando a me desesperar mais. Apoiei minhas mão no chão para me levantar, mas acabei me perfurando com alguns cacos de vidro. Na hora não liguei pra dor, eu precisava de ar. Coloquei um tênis e sai correndo de casa.

POV Carol

Estou a um tempo enviando mensagens para Babi, mas ela nem visualiza. Ela nunca fica tanto tempo sem me responder, e estou me preocupando. Em um ato de preocupação, pedi um uber até sua casa. Chegando lá, aperto a campainha e nada, tento diversas vezes mas continuo sem resposta. Decido ligar mais uma vez para Babi. Obtenho uma resposta, mas não era a que eu esperava. Ouvi o toque dele, e pela imensa janela, observei algo parecido com sangue trilhando da cozinha até a porta. Abro a porta desesperadamente entrando na casa e gritando pelo seu nome. Sua mãe aparece assustada na escada, eu estava muito desesperada, então perguntei o paradeiro de Babi. Ela parecia muito abalada, estava agindo como se o mundo não existisse. O que ela conseguiu dizer foi algo sobre o pai dela e prisão e algumas lágrimas escorrendo. Após juntar um pouco as peças, saí desesperada da casa entrando novamente no uber e indo para o lugar que eu imagino que ela estaria. O que é perto de sua casa, e um dos poucos que ela conhece.

Pago o motorista e rapidamente saio do veiculo. Procuro Babi pelos arredores, mas paro no lugar quando a vejo na beirada da ponte sentada com as pernas para fora e a cabeça baixa.

- BABI! BÁRBARA!! -Grito correndo em sua direção. Ela estava meio aérea, mas virou o rosto me encarando. Diminuo o ritmo após perceber que estava na ponte, e eu tenho medo de altura. -Babi, sai dai por favor. Vou me aproximando devagar.

- Eu não vou fazer nada Carol, só preciso pensar. 

- Babi, vamos conversar, sai dai pelo amor de Deus. -Digo entrando em pânico. 

- Eu nem tinha me despedido dele quando eu e minha mãe viemos para cá, e agora eu não vou mais poder ver ele por sei lá quanto tempo. -Ela limpa uma lagrima enquanto olhava seus pés balançando. 

- Babi, sai dai, eu tô aqui, você não está bem pra ficar numa beirada de ponte agora, olha pra mim. Bárbara, olha nos meus olhos, por favor. -Digo começando a chorar. 

- Carol... - Eu já estava próxima dela, ela se virou pra me olhar, e após ver meu desespero, pareceu se dar conta de onde estava. Ela virou seu corpo para mim ficando com parte das costas para fora. -Desculpa, eu... -Ela estava se levantando quando se desequilibrou um pouco. Minha adrenalina subiu e em um rápido movimento a abracei puxando-a para mim.

Estávamos agora no chão, ela me abraçava forte, e seus soluços eram altos e agoniados, retribui o abraço na mesma intensidade afagando seus cabelos. 

...

Depois de um tempo, nos acalmamos e nos sentamos em um banco. 

- Carol, desculpa, eu não sei o que deu em mim, eu precisava respirar.

- Tudo bem, só não faz mais isso. A próxima vez vem nesse banco, não na beira da ponte.

- Obrigada, você praticamente me salvou.

- E você quase me matou.

- Desculpa. -Ela diz sorrindo fraco.

- Desculpada. -Nos abraçamos forte.

Fomos nos soltando devagar, nossos rostos estavam próximos, sem muita enrolação, nós já sabíamos o que ambas queriam. Colamos nossas testas de olhos fechados. Estava conseguindo sentir os lábios de Bárbara sobre os meus, e então ela sussurrou sob os mesmos.

- Posso?

- O que eu te falei ontem? -Responde no mesmo tom.

E então a milimétrica distância foi quebrada com ela me beijando suavemente. 

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