Capítulo cinco

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Nestha mergulhou nas páginas do livro, esquecendo-se da realidade por alguns instantes. Enquanto Emerie estava com o livro de Clotho, ela embarcou em outra história. Dessa vez uma comédia romântica. A protagonista precisa se casar para ter acesso a herança do falecido avô e coloca um anúncio no jornal procurando um marido de aluguel. Entre tantos candidatos inscritos, apenas um deles – alguém que ela considera insuportável – é na verdade sua melhor opção.

De alguma forma, ela sempre terminava nos livros em que os personagens se odeiam.

Não havia nada de errado em se envolver completamente na leitura, mas o grande problema era andar pelos corredores da faculdade com o livro enfiado no rosto. Nestha se desviava das pessoas usando o canto da visão para se manter atenta, prometendo a si mesma que leria só o próximo parágrafo.

No fim, aconteceu o que ela já esperava: esbarrou com alguém no caminho.

— Opa! — alguém segurou seus braços para mantê-la no lugar.

— Desculpe! — fechando o livro nas mãos, ela ajeitou a mochila no ombro direito e finalmente olhou para o homem à sua frente.

Eris sorriu e a soltou.

— Bom te ver de novo, Nestha. Mas deveria tirar a cabeça dos livros e olhar por onde anda. Pode se machucar.

— Isso geralmente é o que as pessoas fazem quando estão na faculdade. Têm cabeça enfiada nos livros  — ela não precisava dizer que a leitura dela não tinha relação alguma com o curso.

— Tem razão — ele coçou distraído a mandíbula lisa e a escrutinou como da última vez, se mostrando pouco interessado na sua resposta direta e muito mais atento a ela. — O que vai fazer no próximo domingo?

— Não tenho nada marcado.

— Meu time vai jogar à noite contra a Universidade de Erilea. Você deveria ir, para nos ver ganhar.

— Você tem muita certeza da sua vitória.

— Então vamos fazer o seguinte: se ganharmos, você aceita tomar alguma coisa comigo depois do jogo.

— E se perderem? — Nestha precisou perguntar.

Caso aconteça, você decide o que fazer comigo — havia astúcia demais na pequena curva que tomou seus lábios.

— Tudo bem. Estou curiosa pra saber onde sua prepotência vai te levar.

— Ela nunca me deixou na mão. Até domingo — Eris piscou antes de sair, contornando-a para seguir entre os estudantes.

Quando se viu sozinha novamente, teria voltado à leitura, mas viu de longe a irmã se aproximando. Andou alguns passos e encurtou o espaço entre elas.

— Estava conversando com Eris? — Elain perguntou ao se posicionar diante de Nestha.

— Sim. Você o conhece?

— Ele é amigo de Tamlin.

— Ah, não. Que merda — uma careta se formou no semblante sempre tão firme da Archeron mais velha. Embora o interesse em Eris fosse pouco significativo, ainda era alguém com quem poderia se divertir por um momento. Rapidamente viu aquela expressão muito conhecida no rosto de Elain. — Pode abandonar essa cara de preocupação.

— Um amigo de Tamlin não merece nossa confiança.

Nessa questão, Nestha não tinha como discordar. Odiar Tamlin era um sentimento mútuo entre as irmãs. Até os amigos de Rhysand compartilhavam dessa ideia. Ver Feyre perder o brilho e a própria liberdade foi difícil, por muito tempo sofrendo nessa relação abusiva. Por isso, alguém tão próximo a ele, facilmente seria visto com desconfiança por elas. Mas, ainda assim, Nestha falou:

O laço que nos une | NessianOnde histórias criam vida. Descubra agora