Sentada no sofá com a perna esquerda esticada, Nestha esperou Cassian retornar da cozinha. Não demorou muito para ele aparecer novamente, agora trazendo uma pequena maleta, uma forma de gelo e um pano sobre o ombro.
Observou-o colocar todos os pertences na mesa de centro e arrastar um puff para se sentar ao lado do sofá, em frente a ela, próximo ao seu pé. Mais uma vez, ele analisou a região do maléolo lateral. Sua mão deslizou pela panturrilha, virando parcialmente a perna dela. Nestha se repreendeu por sentir um arrepio na nuca diante desse toque.
— Esse seu instinto competitivo é muito perigoso — ele disse, ainda concentrado no tornozelo.
— Você não é muito diferente de mim quando joga. Não me deixou livre um segundo.
O maldito havia a desestabilizado quando a chamou de Nes, enquanto a cobria com seu corpo quente.
Cassian deu um sorriso discreto.
— Mas pra você, ganhar é mais importante que evitar se machucar. Isso não é certo.
— Eu não jogo pra perder, Cassian.
Nesse instante, ele firmou os olhos nela.
— Um machucado pode acabar com sua tentativa de vencer. Pela vitória não vale tudo — isso ele aprendeu com a vida, da forma mais dura possível. Cassian tirou a vista dela e vasculhou os itens na maleta. — Jurian foi um inconsequente se jogando daquele jeito em você.
— Não o culpe. Ele estava tão focado na bola quanto eu, também fui inconsequente nesse caso.
— Um juízo nessa sua cabecinha faria bem — ele pegou um pequeno frasco da caixa e despejou o líquido oleoso sobre a palma da mão.
Nestha não respondeu a afronta, pois achou mais interessante assistir seus movimentos seguros, de quem está acostumado com eles. Casssian espalhou o óleo nas palmas ao esfregá-las uma na outra e cuidadosamente o transferiu para o seu pé, deixando uma refrescância gelada na sua pele. Embora o tornozelo não estivesse inchado, o que Nestha acreditou ser um bom sinal, ele evitou tocar nessa área. Concentrou os dedos em uma massagem habilidosa na extensão do pé, comprimindo bem levemente os pontos de pressão e, de uma forma milagrosa, aliviando a dor do tornozelo mesmo sem tocá-lo.
— Nossa! — a exclamação escapou da boca dela sem que conseguisse evitar. Teria emitido um gemido, mas seria estranho fazer isso nessas circunstâncias, então se conteve.
Não era totalmente inesperado saber que Cassian tinha talento para massagens, mas provar isso trazia outro tipo de surpresa. Imaginou esses dedos passeando sobre novas áreas do seu corpo, massageando a nuca, os ombros, a cervical e o restante da coluna, até chegar à lombar.
Será que ele fazia massagem na bunda também?
— Você... — a voz dela saiu baixa, acompanhada de uma respiração profunda. Engoliu a saliva na esperança de trazer a voz de volta à normalidade. Porém, quando olhou para Cassian, de novo ela quis gemer.
Suas íris claras pareciam fogo vivo.
Ela esqueceu o que pretendia dizer, diria até que tinha esquecido seu próprio nome se perguntassem agora. Ela teria respondido com olhos de avelã, fogo ou massagem na bunda.
Mas o nome dele estava muito acessível na sua mente. As letras C-A-S-S-I-A-N juntas ficaram na ponta da língua, como se morassem lá há longos anos, antes mesmo de ouvi-las pela primeira vez naquela festa da fraternidade. Dessa vez deixou que sua boca falasse, que o sussurro desse nome preenchesse o cômodo e seu coração:
— Cassian...
Os dedos habilidosos pararam, juntamente com as palpitações de Nestha por alguns milésimos. As batidas do coração ficaram completamente alvoroçadas quando o sangue bombeou novamente.
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O laço que nos une | Nessian
RomanceTodos sabem que Nestha Archeron não suporta Cassian e que ele adora provocá-la. Desde o momento em que ela o conheceu durante uma festa da faculdade, tendo uma péssima primeira impressão dele, embarcou nessa relação cheia de conflitos com o irmão do...