O aroma refrescante da manhã passou pelas narinas de Nestha. Ela sempre adorou o nascer do sol, não apenas pelo espetáculo da natureza, mas especialmente diante da sensação que o início de um novo dia proporcionava. Esse cenário se tornava ainda mais perfeito quando encontrava a mãe preparando o café da manhã, embalando suas pequenas narinas com cheiro de pão fresco e chocolate quente.
Agora, na superfície aconchegante em que estava deitada, não queria mais acordar. Apreciou o contato da relva sobre sua pele, as folhas macias e o perfume delicioso do orvalho. Abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi a imagem distante da mãe em frente a casa que moravam, onde o pai a esperava. Antes de entrar, ela acenou para Nestha que devolveu o gesto. Também encontrou as irmãs no jardim, suas formas adultas colhendo flores. Com toda a certeza Feyre seguia as instruções de Elain.
Quando se virou ainda deitada, descansando a cabeça na palma da mão, Nestha o viu e contemplou a imagem dele se aproximando. Seu sorriso se destacava tanto quanto a luz do sol, arrancando dela a mesma satisfação ao curvar os lábios.
Ela se sentou e ele estendeu a mão.
— Vamos — Cassian disse.
— Para onde?
— Vou te mostrar as estrelas.
Nestha pousou a palma sobre a dele e se levantou. O céu que antes anunciava a presença do dia, agora foi tomado por um anoitecer deslumbrante. Montanhas cercavam o imenso espaço e as estrelas tomaram o firmamento. Três delas brilharam mais forte que as outras, mais fortes que a própria lua.
As imagens foram se desfazendo da sua mente, no limite entre o devaneio e a consciência. Mas rapidamente Nestha entendeu que fora um sonho, deixando aquela sensação conflitante ao acordar de um sonho bom: felicidade pela experiência e tristeza por voltar a realidade.
Contudo, quando as pálpebras se moveram e revelaram as estantes carregadas de objetos, ela ainda sentia o cheiro do orvalho e aquela mesma base aconchegante permanecia sob sua cabeça. Então lembrou onde estava e notou o colo que havia dormido.
Não sabia em que momento isso aconteceu, mas a sua bochecha se apoiava na coxa de Cassian e, ao olhar para baixo, viu que o tronco e suas pernas encolhidas foram cobertos pelo casaco dele. Precisava se erguer, mas como fazer isso se havia uma mão grande repousando tranquilamente sobre seu ombro?
Respirou fundo e tomou todo cuidado ao se mexer. Devagar levantou o tronco, fazendo a jaqueta deslizar um pouco e a mão sair do seu ombro. Ela sustentou o peso do corpo sentado, colocando a palma no chão, e olhou para o rosto sereno que ainda dormia. Suas feições estavam relaxadas, mesmo na posição desconfortável que passara a noite: sentado, com as pernas estiradas recebendo o peso dela, e as costas apoiadas na estante de ferro.
Nestha não conseguiu refrear o desejo de admirá-lo. Havia algo selvagem e ardente em Cassian que dominava sua postura confiante. Mas ali percebeu que também existia uma brandura tão óbvia nele; os traços afetuosos impossíveis de esconder em cada canto do rosto, especialmente nos olhos vivos quando a encontravam.
Como estavam naquele momento.
Não notou de imediato as pálpebras de Cassian se abrindo, pois isso aconteceu bem lentamente. Mas quando a visão dele se sustentou sobre ela, não conseguiu desviar a atenção e se afastar. Continuou ali, olhando-o com tanta atenção como ele fazia com ela.
Olhos claros ganharam outro rumo e se concentraram na boca de Nestha, fazendo-a focar no contorno dos seus lábios também. Eles eram cheios, perfeitamente desenhados e a chamavam sem emitir som ou movimento, atiçando-a e pedindo para serem beijados. Tão perto e sedentos... Que gosto Cassian teria?
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O laço que nos une | Nessian
RomanceTodos sabem que Nestha Archeron não suporta Cassian e que ele adora provocá-la. Desde o momento em que ela o conheceu durante uma festa da faculdade, tendo uma péssima primeira impressão dele, embarcou nessa relação cheia de conflitos com o irmão do...