IRMÃOS

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Sasuke estava guardando seu repelente na mochila – o último preparativo para o acampamento – quando ouviu batidas leves na porta.

— Pode entrar. — ele murmurou.

— O jantar já está pronto. — Itachi disse suavemente do batente, seu rosto estava levemente corado demonstrando que ele provavelmente estava ajudando na cozinha.

— Não estou com fome. — Sasuke respondeu fechando a mochila.

Itachi entrou por fim no quarto.

— Papai vai jantar com a gente hoje. — Seu irmão mais velho anunciou.

O garoto bufou e virou-se para guardar suas coisas.

— Isso é você tentando me convencer a ir? — questionou sem olhá-lo. — Mais fácil eu ter um refluxo na mesa.

— Sasuke. — A voz leve do irmão tomou um tom de censura e o Uchiha mais novo parou de costas para o irmão. — Você tem todo o direito de criticar. Isso abre as portas do diálogo. Mas a falta de respeito não o levará a lugar algum.

Sasuke suspirou. Já ouvira aquilo tantas vezes. Mas Itachi não entendia a sensação de não ser o filho pródigo perfeito.

— Eu sei, Itachi. — Finalmente encarou o irmão. — Eu sei, desculpe. É só que... — passou os dedos por seus fios pretos. — As vezes isso me derruba. — murmurou frustrado.

Itachi o olhou de cima e cerrou os olhos, tombou a cabeça de lado e levantou a sobrancelha direita levemente.

— E vai continuar no chão?

Os cantos dos lábios de Sasuke se elevaram aos poucos até formar um sorriso aberto.

— É claro que não. — respondeu e gostou de como isso soou superior.

Itachi assentiu e bagunçou os cabelos dele antes de os dois descerem as escadas e se dirigirem a sala de jantar. A mesa que antes Itachi ocupava com um mapa agora estava perfeitamente organizada para o jantar, sem flores ou velas, apenas os pratos e talheres que seriam utilizados. Sakura achava que os hábitos dos Uchihas eram terrivelmente práticos, mas Sasuke só via vantagem nisso. Muita coisa sem utilidade só atrapalharia seu desempenho, dentro ou fora de casa.

Fugaku estava sentado na cabeceira da mesa com o jornal cobrindo o rosto enquanto Mikoto guardava o avental e cantarolava baixinho.

— Garotos, sentem-se. — A mãe ordenou sorrindo para eles enquanto ela mesma sentava-se a direita do marido. — Querido, o jantar está servido. — Mikoto anunciou suavemente.

Seu jeito de falar era parecido com o de Itachi e surtia quase um efeito imediato em todos. Fugaku abaixou o jornal com uma expressão severa e o pôs de lado.

— Bem-vindo de volta, pai. — Sasuke disso polidamente e sentou-se ao lado da mãe enquanto Itachi se colocava ao lado esquerdo do pai.

Fugaku lhe deu um aceno antes de se virar para a esposa.

— O que é a janta?

— Risoto de cogumelos. — Mikoto disse retirando a tampa do pirex e um vapor delicioso tomou conta da cozinha. – Seu preferido.

Fugaku primeiro ergueu uma sobrancelha depois franziu o cenho.

— Por quê? — perguntou suspeito. — Aconteceu alguma coisa? — seus olhos automaticamente pararam em Sasuke e o garoto abaixou os olhos sentindo as orelhas esquentarem.

— Não seja tão receoso, querido. O que pensa da sua família? — Mikoto censurou. — Só estamos felizes que esteja jantando conosco. Já faz quase uma semana que não comemos todos juntos.

Pássaros FeridosOnde histórias criam vida. Descubra agora