GALERIA SUBTERRÂNEA

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A garota piscou várias vezes para entender o que estava acontecendo. Havia gritos de alvoroço sobre sua cabeça, mas distantes como um eco, uma lembrança, um barulho que tentava se infiltrar num quarto fechado. Sua perna direita ardia e havia água corrente sob sua panturrilha. Ela gemeu.

Levantou os olhos e um feixe de luz passou rapidamente por ela. A lanterna de Izumi, pensou. Mas estava escuro demais para dizer com certeza.

— Itachi? — ela ouviu a voz de Sasuke ao longe. — Sakura?
A sensação que era tinha era de entrar dentro de uma cisterna.

— Estamos aqui embaixo! — ouviu a voz ao seu lado e quase deu um pulo de susto. Itachi estava tão perto, mas era impossível vê-lo.

— Meu deus, vocês estão bem? — ouviu a Uchiha.

— Sim! — ele respondeu e houve um barulho de água. — Onde estamos?

Mais alvoroço sobre eles. O escuro não permitia as rajadas de vento tão presentes lá fora, então Sakura demorou um pouco para perceber sua situação.

Passou a mão pelo peito em horror.

— Creio que vocês acharam a galeria subterrânea! Aqui no meu mapa — e uma pausa. — diz que deveriam estar mais a frente, não diz que é possível cair nela! Se estou certa vocês podem seguir em frente que sairão pela entrada! Aqui! — mais um barulho de objeto caindo e então o feixe de luz novamente. — Está vendo? É a lanterna!

Os olhos de Sakura se arregalaram e as mãos da garota se moveram com afinco pela água. Nada. Um choro queria subir por sua garganta. A queda tinha feito com que ela perdesse parte de cima do biquini e tudo o que a jovem desejava era ter partido o crânio na queda e ter sido polpada desse constrangimento.

— Peguei! — Itachi respondeu e moveu a lanterna nas mãos. Sakura rezou para que ele não apontasse para ela. Os deuses ouviram suas preces e o feixe de luz percorreu as paredes até achar o caminho que eles deveriam seguir. Itachi virou a cabeça levemente e ela quis que estivesse tão escuro para ele quanto para ela. A garota fechou os olhos e engoliu a seco. — Consegue andar? — ele perguntou a ela.

Sakura pensou na dor na sua perna e no seu seminudismo. Deveria dizer a ele. O correto seria esse, mas estava tão constrangida que seus pensamentos estavam puramente desordenados. E como pôr aquilo em palavras?

— Sim. — respondeu ao mesmo tempo que Izumi gritava.

— Vamos nos encontrar na entrada!

— Certo! — Itachi retrucou. — Vamos? —  A garota se levantou e tentou cobrir os seios com os braços, não era algo que os tampava totalmente, mas era o suficiente pela circunstância.

O que faria? pensou aflita. Não podia encontrar os outros daquele jeito. Tateou com os pés na água, mas julgava que a corrente havia levado sua peça. Mordeu o lábio inferior.

Sakura podia ver melhor onde estavam. Era um espaço amplo como uma caverna, havia água no chão até as suas panturrilhas e nas paredes, escorrendo do teto. Fora isso não havia mais nada que capturasse sua atenção. Mas estava mais frio lá e a garota tinha a perna machucada. Ela suspirou, o queixo tremeu, a vontade era de chorar. Como ela fora de ruim a péssimo?

Itachi começou a andar e ela o seguiu, silenciosa. Temeu cada segundo que ele se virasse. Ela não teria como explicar-se. Era como segurar uma bomba-relógio nas mãos, ela sabia que ia explodir, mas, por medo, adiava o máximo possível. Imaginou que Itachi fosse dizer a ela como fora imprudente e dela ter sido a causa da queda de ambos. Mas ele nada disse. Talvez fosse melhor se ele gritasse com ela. Sakura com certeza se sentiria melhor. A vergonha e o embaraço a comprimiam na meia-luz.

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