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[...]

Sakura se lembrava do gosto de Itachi, claro, como poderia esquecer das sensações que aquele gosto causara nela? O arrepio na pele, as borboletas no estômago, o choque na espinha. Por isso quando o Uchiha se inclinou sobre ela, Sakura o esperava avidamente. Mas não foi isso que ele fez, o beijo foi negado a garota. Ela expirou em frustração, os dedos se enroscando no roupão dele.

Estava prestes a perguntar se ele havia mudado de ideia, e morreria se esse fosse o caso, quando sentiu os lábios dele na sua testa, bem levemente, apenas um roçar de peles, porém que foi o suficiente para enviar uma mensagem, uma promessa, para o resto do seu corpo. Sakura reprimiu uma arfada.

Os lábios dele voltaram a descer formando um caminho de prazer sutil, quase um tortura para quem havia esperado por tanto tempo. As mãos de Itachi abaixaram para os ombros de Sakura e pressionaram a pele, os dedos dele raspando nos ossos dela. Sakura sentia a ansiedade formando-se sob seu ventre como uma nuvem escura de chuva. Os relâmpagos lá fora se intensificaram como se permitissem a Sakura que ela apreciasse o momento mais ainda. Ela podia sentir a respiração de Itachi, tão perto dela que podiam se fundir. Apertou mais ainda os dedos sobre a peça de roupa que ele usava, sentia a boca seca, o sangue fluindo em direção ao Uchiha, buscando todas as sensações, reações e emoções que sabia que ele daria a ela.

Mais uma vez os lábios dele desceram, seguindo uma trilha prometida, o beijo agora foi dado na ponta do nariz dela e Sakura não soube se foi impressão sua, mas sentia um leve estremecimento no peito de Itachi. Como uma corda tensionada. Talvez ela não fosse a única sentindo-se pisando em ovos, com uma insegurança que arranhava suas paredes internas e, ainda assim, desejando aquilo – aquele momento – mais do que já desejara qualquer outra coisa na vida antes.

— Sakura. — ouviu dele, as palavras saindo como um desabafo. Não parecia haver intenção de dizer algo mais, mas a garota sentia seu nome pesado, ressignificado em várias versões, com mais importância do que um dia tivera, cada letra dita de tal forma que Sakura sentiu-se conhecida em toda a sua essência. Quase como se Itachi estivesse reclamando-a. E ela quase desejou que fosse esse o caso. — Sakura. — de novo, agora os lábios tão próximos uns dos outros que a garota recebia o hálito do Uchiha na ponta da língua.

Ela quase gemeu de frustração novamente quando não houve mais movimentação da parte dele, Itachi parou de mexer-se como se tivesse sido petrificado. Levantou os olhos, dois poços de águas escuras infinitas que sugavam a garota para uma realidade onde era outra pessoa. Ou melhor, era vista de outra forma. Era vista como uma mulher, não uma namorada de escola ou uma amiga de infância, mas uma mulher que tinha desejos e era desejada. O sangue de Sakura ferveu.

— Em que está pensando? — ela repetiu a pergunta num sussurro, o coração mais alto que os trovões lá fora.

Itachi fechou os olhos e pressionou os lábios numa linha rígida como se estivesse proibindo as palavras de saltarem.

— Em você. — ele respondeu num sussurro fraco, abatido. O Uchiha buscou uma das mãos dela e a pressionou contra o lado esquerdo do seu rosto. — Sempre. — e virou-se para beijar sua palma. O interior de Sakura revirou-se, indignada. Ela queria os lábios dele sobre os dela, por que demorava tanto? Não via a aflição nos olhos dela?

Mas então os beijos dele continuaram, seguiram por seu pulso acelerado, sobre a manga do roupão. A outra mão dele, que estava no seu ombro, afundou-se mais na pele e também se movimentou, serpenteando até a cintura da garota. Ela fechou os olhos e arfou com as movimentações, sentiu-se cercada, e gostou da sensação. Os lábios dele já se encontravam no ombro da garota, então na sua clavícula. Sakura sentiu a perna de Itachi infiltrar-se entre as suas e pressionar seu centro. Sentiu-se incendiada por um fogo conhecido, inebriada pela fumaça que saía dele. Abriu os olhos.

Pássaros FeridosOnde histórias criam vida. Descubra agora