CRIME ANUNCIADO

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Estava escorrendo por entre seus dedos, vazando como água. E Itachi não podia mais fingir que tinha um controle obviamente existente. O corpo de Sakura estava prensado contra as costas dele, o Uchiha podia sentir seu coração através da roupa. Quando virou-se para checar se estava tudo bem a garota levantou o rosto para chuva e sorriu. Seu sorriso estava estranho, mas ela estava linda. Como sempre. A tinta rosa do seu cabelo já estava ficando mais oca e Itachi lembrou-se da primeira vez que a viu de fios coloridos.
Foi em uma das vezes que ele buscou Sasuke na escola. Itachi nunca tinha visto alguém se destacando na multidão como a garota. Suas bochechas estavam coradas e seus límpidos olhos verdes reluzentes. Também foi a primeira vez que Itachi quis algo de Sasuke. Quis tanto que não se reconheceu, não sabia quem era o Itachi que desejava aquela garota, só sabia que nada mais seria igual depois de vê-la. Porém ele tentou. De todas as formas possíveis. Ignorou o sentimento, lutou contra ele, discutiu consigo mesmo ansiando por colocar algum juízo em si. Não ela, pediu, qualquer uma, podia ser qualquer uma, mas Sakura não.

Ele travou cada uma dessas batalhas com tudo o que ele tinha, mas não adiantou. Não quando ela aparecia na sua casa e ele automaticamente inventava qualquer desculpa para vê-la, por mais patética que fosse. Itachi usava dos meios que tinha para ter ao menos um momento a sós com ela. Ele certamente negou a si mesmo, no início, dizia que não deveria evitá-la, era sua cunhada. Não fazia mal querer protegê-lo, era da família. Mas não conseguia arranjar desculpas para seus olhares sobre os lábios dela, ou sobre seu corpo curvilíneo.

Todos os momentos pareciam se repetir, mas cada um deles o levava para um lugar do qual ele não conseguiria fugir. Agora com Sakura nas suas costas o Uchiha queria colocá-la contra a parede de algum desses becos pelos quais passavam e privar do seu calor mais uma vez. Ele já o sentira antes, era viciante e carnal. Tão excitante que era quase animalesco. Itachi queria amá-la como ela deveria ser amada.

Mas antes disso a questionaria sobre seus pensamentos. Se antes era fácil ler a garota, agora Sakura o confundia. Ela estava evitando-o? Certamente evitava seus olhar, mas o poço profundo dos seus olhos mostravam a ele outros segredos. Itachi a magoara? Desejava que ela dissesse, que explodisse com ele. O Uchiha daria as respostas que ela pedisse, com uma palavra saída dos seus lábios ele seria dela. Ele era dela.

E, de novo, todos esses pensamentos corriam por sua mente enquanto ele a levava em segurança para Sasuke. Itachi a queria, não havia mais sentido negar, porém não podia evitar seus pensamentos lógicos e métodos. Se apegava a eles como um náufrago em um bote. Precisava dessa parte de si, era o que o fazia se mover.

Suspirou e pôs sua cabeça para pensar. Era bom nisso, em achar soluções para problemas e, além disso, solucionar o que tinha em mãos agora daria a ele um tempo das suas questões. Observou como a chuva estava incrivelmente forte, o barulho dos trovões cada vez mais próximos. A três quadras eles encontrariam um ponto de táxi – passara por ele mais cedo com Shisui –, mas havia duas perguntas a considerar. Primeiro, os táxis estariam rodando? Com uma chuva daquelas as ruas estariam intrafegáveis. E, mesmo se estivessem, eles os deixariam entrar? Os dois estavam encharcados até os ossos. Era provável que não.

Pense, Itachi.

Uma construção a sua frente captou sua atenção. Era um conjunto de chalés típicos para turistas, ele também havia percebido os prédios mais cedo, mas com menos atenção. Agora os analisava com seriedade. Parecia alguma extensão temática do Parque, uma pequena construção na frente onde seria feito o check-in, atrás podia-se ver vários pequenos chalés ornamentado com itens da cultura local, um restaurante mais ao fundo.

Cerrou os olhos sentindo os sapatos encharcados e tentou, sem muito sucesso, ignorar a pressão dos seios de Sakura contra suas costas. Não era bom deixá-la tanto tempo assim na chuva, foi negligência sua insistir naquela andança mesmo com a tempestade. Seria bom ter um teto sobre suas cabeças e um local para se secar, talvez o hotel tivesse alguma loja de roupas. Refletir sobre o que deveriam fazer era o melhor. Suas ações irresponsáveis e irrefletidas não eram típicas dele. Suspirou.

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