FIM

3.6K 443 36
                                    

|R y d e r|

Não há uma parte do meu corpo que não esteja doendo. Mas, de longe, minha cabeça é a que está me matando. A claridade do quarto só piora tudo.

Não faz muito tempo que acordei, talvez uns dez minutos, e estou me perguntando o quanto esse quarto de hospital vai me custar no final. Porra, eu não tenho como pagar isso. Esse quarto é maior que todo meu micro apartamento. Há uma TV no canto superior da parede, de frente para a cama. Está passando o jornal de Seattle.

Quando cheguei em Seattle que nem vi?

Caralho... Elena!

— Ah, acordou senhor Nolan. — Ouvir meu último nome é como um soco na boca do estômago. Eu prefiro acreditar que não possuo um sobrenome.

O médico entra com uma prancheta em mãos. Seu olhar vai para os monitores que medem meus sinais vitais, que presumo estarem bons, pois ele sorri.

— Bom... Jacob Ryder Norwood Nolan. — Ele lê meu nome completo e gemo em desgosto, revirando os olhos.

— Só Ryder. — Murmuro, sentindo minha garganta coçar.

— Tudo bem. Ryder, sou o doutor Patrick O'Neil, mas pode me chamar de Patrick. — Ele para ao meu lado, olhando-me dentro dos olhos.

O doutor Patrick é um homem novo, talvez na faixa dos trinta e tantos. Possui um sorriso reconfortante e muito branco, que entra em contraste com sua pele escura.

— Como se sente, Ryder?

— Como se tivesse acabado de levar um tiro. — Resmungo. Cacete, eu realmente levei um tiro. O médico ri, concordando com a cabeça. — Estou em Seattle? — Ele assente.

— Chegou anteontem. Foi transferido para cá após a cirurgia de emergência. — Ele suspira, olhando para as ataduras enroladas no meu corpo. — Você é um cara de sorte. — Ele volta os olhos para os meus. — Se a garota não tivesse estancado o sangramento com sua camisa... Provavelmente não estaria aqui.

— Ela está bem? Ela não se machucou, né? — Meu desespero é notável no tom da minha voz, o médico sorri, assentindo.

— Ela está bem. Pelo o que soube, graças a você. — Franzo o cenho, negando.

Graças a mim ela quase morreu.

Elena estará mais segura longe, bem longe de mim.

— Bom, seus exames estão todos normais, a cirurgia foi um sucesso e estávamos apenas esperando você acordar para dar alta. Sente-se bem o suficiente para conversar com um homem que veio vê-lo?

— Que homem? — Questiono, confuso.

— Seu advogado. — Suspiro.

Merda.

Matei um homem...

Não me arrependo, ele ia matar a minha garota, eu faria tudo de novo.

Mas isso significa que vou voltar pra cadeia, e talvez eu não saia mais de lá.

— Estou bem, ele pode entrar. — Digo e o médico concorda, saindo em direção a porta. Alguns segundos depois vejo o Joseph entrar, está com sua pasta preta de sempre, suas roupas sociais e seu óculos redondo pendendo na ponta do nariz.

— Ryder... Você não consegue ficar longe de confusão, não é? — Ele brinca, sentando-se na poltrona ao lado da cama. — Como se sente cara?

— Morto.

— Bom, quase morreu mesmo. — Ele ri, deixando-me confuso. — Bom, tenho algumas novidades.

— Vou voltar para a cadeia. Não vou? — Ele não diz nada, o filho da puta está fazendo suspense. — CARALHO JOSEPH, diz logo.

Ryder - Amor sobre rodasOnde histórias criam vida. Descubra agora