MOONLIGHT [2] - Descendentes ✔️

Capítulo 3

         Os cascos do cavalo branco embatiam ruidosamente na calçada de mármore, o som misturando-se ao rugido ensurdecedor do vento, que lhe atingia os ouvidos e despenteava os seus cabelos. O capuz vermelho que colocara na cabeça para se esconder há muito caíra, deixando-a desprotegida e visível. Maximus relinchava, o seu corpo tenso à medida que adentravam a Ilha dos Perdidos. A vida normal dos habitantes da Ilha era agora muito mais animada e leve do que Rhiara se recordava quando ali fora pela primeira vez, as pessoas caminhavam na rua sem olhar por cima do ombro e havia uma mistura de culturas, já que alguns habitantes de Auradon mais corajoso tinham encontrado ali novos amigos, amores, companheiros.

         Parou o seu cavalo com um toque suave na nuca, observando com cautela a rua. Ao fundo, conseguia ver alguns meninos a brincarem, alheios aos adultos atarefados ou à princesa que se aproximava deles, os olhos arregalados ao ouvirem-na pigarrear perto deles.

- Olá. - cumprimentou Rhiara, com um sorriso contido no rosto - Podem ajudar-me?

- Princesa Rhiara! - saudou o mais pequeno deles todos, aproximando-se dela - Uau! És tão bonita! Mais bonita do que na televisão!

- Obrigada...

- Hey, onde está o teu namorado? - questionou outro, mais alto - Harry é nosso amigo, sabias? Costumávamos brincar às escondidas muitas vezes mas depois tu apareceste e ele foi-se embora por ti...

          Por ti.

          Rhiara prensou os lábios, sem escutar o menino, que continuava a tagarelar. Os restantes tinham-se juntado a ele, discutindo entre si, enquanto Rhiara se perdia nos seus próprios pensamentos. Nunca parara para pensar no que Harry abdicara para estar ao seu lado. No que abdicaria para estar presente quando ela governasse. A sua liberdade, as suas origens, a sua forma de viver...

        Abanou a cabeça, afastando-o para o canto mais profundo da sua mente. Eles teriam arranjado uma forma de ficarem juntos sem que nenhum deles tivesse de abdicar do que quer que fosse. Ela estaria lá para ele, como lhe prometera na última noite que o vira. Pelo Sol, ela inclusive dissera-lhe o que sentira, aquelas palavras...

       E ele só não retribuíra como fugira poucas horas depois.

- Desculpem. - interrompeu, bruscamente - Vão ajudar-me ou não?

          As crianças endireitaram-se, assustadas com o tom de voz da princesa. A Rhiara que conheciam da televisão era simpática e divertida, tinha sempre um sorriso na cara e uma palavra gentil pra dizer. Vendo-os encará-la com desconfiança, a filha da Rapunzel suspirou, humilde:

- Desculpem... Não queria ter sido rude com vocês. Eu só... Preciso mesmo de ajuda. Vocês sabem onde posso encontrar a filha da Gothel? Eu sei que ela vive aqui...

- Ela já não vive aqui. - respondeu uma menina, empurrando o mais baixo para o lado para se aproximar da princesa - Foi-se embora quando a barreira caiu.

- Para aonde?

- Muito longe.

        A princesa endireitou-se, suspirando. Com um agradecimento fraco, afastou-se do grupo, embrenhando-se nas ruas da Ilha. Pensou em entrar nalgum bar ou procurar informações com Úrsula, a mãe de Uma. Concentrou-se, tentando pensar em alguém que a pudesse ajudar a descobrir o paradeiro da filha de Gothel... Talvez houvesse algum registo nas embarcações, ou na estação de comboio... Ou talvez ela tivesse um carro e não tivesse deixado rastro...

            Antes que pudesse decidir o que fazer, sentiu alguém perto de si. Assustada, virou-se, a boca sendo tapada antes que pudesse gritar.