Capítulo 12

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A princesa abriu os olhos, sentindo-se tonta. Os pontos pretos na sua visão dissiparam-se com lentidão, a mente entorpecida regressando à lucidez com dificuldade. Olhou em volta, reconhecendo o espaço à sua volta, com o mesmo soalho e mobília de madeira, as velas a fazerem sombras serpentearem na parede e uma minúscula janela a deixar poucos raios de sol entrar.

Ao fundo, deitada numa cama surpreendentemente bonita, estava Rapunzel. Os olhos esmeralda da princesa encheram-se de lágrimas e ela foi aos tropeções ter com a mãe, ajoelhando-se ao seu lado e tocando-lhe suavemente no braço, numa tentativa vã de a acordar.

- Mãe...? - chamou, fazendo um esforço sobre-humano para não chorar - Estou aqui. Eu vou acordar-te, prometo.

- Bem-vinda de volta, princesa de Corona.

Gwendolyn surgira magicamente atrás de si, assustando-a. Com relutância, Rhiara pôs-se de pé, encarando a vilã com faíscas nos olhos, os punhos cerrados ao lado do corpo. Num movimento brusco, abriu a bolsa a tiracolo que carregava consigo e retirou a Varinha da Fada Madrinha, estendendo-a à filha de Gothel ao mesmo tempo que dizia:

- Consegues arranjar maneira de trazer a tua mãe de volta com isso. Agora, acorda a minha.

- Não era esse o nosso acordo, criatura.

- Não me deste tempo para arranjar uma solução viável para o teu problema. - retorquiu Rhiara, irritada - Fiz o que pude. Hades recusou-se a ajudar-me e tenho a certeza que vais arranjar uma forma, tens experiência nisso, não tens?

- Não tanta como gostaria. - a mulher prensou os lábios, analisando o objeto em mãos, os olhos verde-musgo cintilando com malícia- Eu sei o que fazer.

Estendeu a Varinha na direção de Rhiara, cujas sobrancelhas se franziram, confusa. A feiticeira estalou os dedos, apagando as chamas das velas e fechando as cortinas, deixando-as na completa escuridão. Um círculo de velas surgiu perfeitamente alinhado em volta de Gwendolyn e de Rhiara. Sem saber como, a princesa fora afastada de Rapunzel e estava com a vilã no meio do espaço, a Varinha nas mãos, os olhos esmeralda fitando os verde-musgo com apreensão. A feiticeira ergueu o pulso, murmurando palavras que Rhiara não compreendeu, mas que tornaram o ar mais denso em volta delas. Uma adaga surgira na outra mão de Gwendolyn e Rhiara teve apenas tempo de reprimir um grito antes de ver um fino fio de sangue escorrer pelo braço da mulher quando ela se cortou, os pingos caindo abruptamente na zona do chão que as separava.

- O que estás a fazer? - questionou Rhiara, sentindo a boca seca pelo medo que sentia - Gwendolyn...

- Tu vais trazê-la de volta, Rhiara. - explicou a feiticeira, a voz suave como se nada fosse - Para ressuscitar uma alma, é necessária uma ligação carnal e uma emocional. O meu sangue será a ligação carnal que liga Gothel a este mundo. A emocional será aquilo que ela mais amava... - fez uma pausa - A Flor Dourada.

Rhiara notou um vestígio de emoção nas palavras de Gwendolyn, algo semelhante a dor e ressentimento. Sentiu uma pontada no peito, a compaixão pela vilã deixando-a confusa e sem saber o que fazer. A feiticeira não era tão fria e desprovida de sentimentos como fazia parecer e Rhiara sabia que havia muito mais num vilão do que as suas ações erradas.

Todos os vilões têm uma história e Gwendolyn não era exceção.

- Porque queres que ela volte? - perguntou, num fio de voz.

Sabia que não tinha escolha. Se não fizesse o que Gwendolyn queria, nunca teria Rapunzel se volta e Rhiara estava disposta a tudo para salvar a mãe. No entanto, se soubesse as intenções da vilã , talvez a pudesse dissuadir, apelar ao pouco coração que ela parecia ter. A filha de Gothel lançou-lhe um olhar duro, como se soubesse as suas intenções. Talvez pela solidão ou por outra razão qualquer, os ombros de Gwen descaíram, respondendo firmemente:

MOONLIGHT [2] - Descendentes ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora