De Mal a Pior

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Kael Mikaelson

Querido diário.

Já se passaram quase dois meses desde que meus pais me mandaram para a casa dos meus tios, Kol e Davina, pra passar as férias de verão. Minha depressão estava cada vez pior antes de eu vir, então tio Kol tratou de me fazer ir ver uma psicóloga três vezes por semana, ele achou que poderia ajudar e realmente está ajudando. Ela me recomendou que escrevesse tudo o que eu não quero falar num diário porque desse jeito eu vou descarregar minhas tristezas no papel e vou me sentir melhor depois. Eu até colocaria o conselho dela em prática se eu já não fizesse isso há um tempo. Mas eu admito que é um bom conselho.

Não posso conversar sobre a minha irmã com ninguém, somente com o Marshall pois ele também se lembra que ela existia. Vai lá vem cá eu toco no assunto quando ligo pra ele mas acabo mudando logo antes que me dê vontade de chorar. Fora isso, ele me atualiza o que acontece por Mystic Falls, como a separação dos meus pais. O motivo disso, é a inexistência da Hope. Eles estavam juntos por causa dela então é plausível que sem a razão da união deles, cause a sua separação. Eu não sei o que fazer em relação a isso, Hope me pediu duas coisas antes de ir e duas delas eu não vou poder cumprir, uma porque não consigo e a outra é porque eu não quero. Que seria entrar para a Escola Salvatore.

Eu não culpo nenhum deles por ter perdido minha irmã, mas nunca mais na minha vida quero ter algum envolvimento nos problemas daquele lugar. Me prejudiquei muito quando tive que ficar lá até pegarem o Khalil (que eu espero que esteja queimando no inferno), mas eu o peguei e matei.

Sinto bastante falta do Dan, da Sthefany, das irmãs Saltzman... Mas principalmente do Dan. Tudo o que eu sei é que ele agora prefere focar nos estudos e está bem empenhado nisso, agora que está na Escola Salvatore, que foi criada em homenagem ao tio dele que deu a vida pra salvar a cidade. Marshall me falou que ele está feliz, e eu espero que sim. Mas se não estiver, vou tratar de corrigir o meu erro. O Landon continua empenhado em tentar arranjar uma forma de trazer o irmão de volta a forma humana, eu queria poder fazer algo pra ajudar mas a Hope foi quem fez o anel pra ele e só ela poderia desfazer. Ás vezes o Landon me liga pra conversar, ou apenas manda uma mensagem desejando que eu me recupere logo e volte para Mystic Falls o mais rápido possível.

É bom saber que todos eles estão seguindo em frente, e que aquele episódio com a Tríade não os afetou tanto como me afetou, e por culpa de um deles a minha irmã não está mais aqui. Eu espero não saber mais nada deles ou vou atrás de todos e farei com que paguem por tudo o que causaram a mim, e aos alunos da Escola Salvatore.

-KAEL, O ALMOÇO TÁ PRONTO. - tio Kol gritou do andar de baixo do apartamento.

- JÁ ESTOU DESCENDO. - gritei de volta.

Fechei o diário e o guardei dentro do closet, num lugar onde eu sabia que ninguém ia mexer. Em seguida desci para comer. Tia Davina colocou o meu almoço e eu me sentei com eles para finalmente devorar a comida.

- A psicóloga disse que você está progredindo, em breve não vai mais precisar dela. - tio Kol disse, ele estava orgulhoso de mim. - E ainda bem, porque a sua versão depressiva é...

- Chata, insuportável, irritante e sem graça. - completei.

- Eu não ia dizer isso. - ele se defendeu.

- Mas eu disse porque é verdade. Nem eu tava mais me aguentando. - falei. - Ela ia querer que eu seguisse em frente. - me referi à minha irmã ao dizer isso.

- Ela quem ? - Davina quis saber.

- Minha mãe. - disfarcei, mas a verdade era que eu estava falando da minha irmã.

- De alguma forma ela deve saber que está seguindo com sua vida de onde quer que ela esteja. - Davina falou, e sorriu.

Eu só queria que ela estivesse aqui pra ver.

- Antes do fim do mês eu vou voltar pra Mystic Falls. - falei.

- Mas tão cedo ? - Kol estranhou. - Se cansou de ficar aqui ?

- Não é isso, eu estou adorando passar essa temporada com vocês, mas meus pais brigaram de novo. - respondi. - E ainda tem a escola, eu pedi pro Klaus me matricular e as aulas vão começar em agosto, bem no começo.

- Se você está decidido, então tudo bem. Mas saiba que pode voltar quando quiser. - Davina como sempre sendo amigável e gentil comigo.

- Obrigado. - agradeci e sorri.

Eu tinha sorte em tê-los como tios, nunca na minha vida tive pessoas que se importassem tanto comigo como a minha mãe. Minha mãe não tinha outros parentes, éramos só ela e eu mas mesmo assim nunca faltou amor. Agora eu tenho um pai, tios e tias e um primo. Tive uma irmã que se sacrificou por muitas pessoas e tenho uma madrasta que é como uma mãe pra mim e eu pretendo restaurar minha família ao que era antes da minha irmã partir. Preciso cumprir o que ela me pediu.

Terminei meu almoço e fui para a sala. Fiquei em frente a parede de vidro observando a cidade e pensando um pouco antes de resolver ligar para o Klaus. Fazia já uns dias que eu não ligava pra ele, Hayley também só me ligou semana passada e eu queria saber como eles estavam. Peguei meu celular e liguei para o meu pai, não demorou muito pra atender.

- Oi filhão. - ele disse, bastante contente.

- Oi pai. Eu liguei pra saber como você está. - falei.

- Eu estou bem, aliás todos nós aqui estamos. E estamos morrendo de saudade também.

- Eu também sinto, em breve eu vou voltar.

- Em breve quando ? - ele quis saber.

- Não sei ainda, preciso definir isso. - respondi de imediato, pois não tinha mesmo uma data exata de quando voltaria. - E você e a mamãe, estão bem ?

- Claro que sim, sabe que não ficamos doentes, somos imortais. - ele tentou mudar de assunto pra não falar sobre a briga.

- Não desvia do assunto, Klaus Mikaelson. Eu sei muito bem que vocês discutiram feio anteontem.

- É verdade. - ele admitiu. - Hayley e eu não estamos conseguindo chegar a um acordo, sempre que tentamos acaba em discussão.

- Eu sabia!

- Mas não precisa se preocupar, em algum momento vamos conseguir ficar em paz. - ele me garantiu, mas eu sabia que isso não ia acontecer.

- Como não quer que eu me preocupe se vocês brigam quase sempre ? - parei de falar e respirei fundo. - Olha, quando eu voltar, nós vamos nos sentar e conversar como uma família, mas por hora procura manter tudo em paz, por favor.

- Eu vou tentar, filho, mas não posso prometer.

- Ok, eu vou indo porque daqui a meia hora eu preciso ir ver a minha psicóloga.

- Tá bom. Eu te amo, filho;

- Também te amo, pai;

Encerrei a chamada e fui me trocar. Precisava mostrar visualmente que estava indo tudo bem comigo quando chegasse ao consultório da minha psicóloga. Ela me disse que as roupas que vestimos dizem muito sobre nossa vida, então eu não ia aparecer todo de preto pra minha consulta. E hoje eu teria muita coisa pra falar, principalmente sobre os meus pais estarem brigando quase sempre. Está tudo indo de mal a pior.

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