Os nomes dos culpados

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 Assim que todos terminaram de almoçar, seguiram para o hospital onde todos aqueles homens estavam internados. A sala de espera estava relativamente cheia. Suporam ser os familiares daqueles homens. Alguns médicos saíram com uma maca de um dos quartos enquanto uma mulher chorava pelo homem deitado nela. Ao que parecia, um dos atiradores havia acabado de morrer.

— Temos que esperar essa gente toda sair dos quartos. Vamos procurar o quarto dele enquanto isso. — Momo falou e todos concordaram. — Vamos nos separar para ler os nomes nas listas de cada porta. Assim que encontrarmos, vamos esperar todos saírem.

Shoto estava prestes a seguir os amigos, mas parou ao ver seu namorado sentado em uma das cadeiras da sala. Agora com menos pessoas no local, ele pôde claramente ver Inasa sentado junto de sua mãe. Eles conversavam alguma coisa enquanto ela o entregava um dinheiro. Inasa pareceu estático ao desviar seu olhar, vendo Shoto ali. A mãe do rapaz também o viu, sorrindo e acenando. Shoto então concluiu que o namorado não havia dito nada do que aconteceu. Inasa se levantou, indo para perto da máquina de lanches que havia no hospital.

— Gente... — O bicolor chamou pelos amigos, olhando para onde Inasa estava.

— Pode ir. A gente se encontra quando todos saírem. — Momo disse a ele.

Shoto agradeceu, caminhando devagar até onde o namorado estava. Chegou perto dele, o vendo apertar os botões da máquina, sem nem olhar de volta. Inasa parecia apreensivo com a presença de Shoto. Mesmo tentando ignorá-lo, seu nervosismo era perceptível.

— Oi. — Shoto disse, na intenção de começar uma conversa.

— O que tá fazendo aqui? — Inasa falou, olhando de relance.

— A gente pode conversar? Tenho que te contar algumas coisas. — Inasa permaneceu em silêncio. Parecia tentar segurar o choro. — Por favor!

— Então comece falando o que você é e como fez aquilo com meu pai. — Ele respondeu de forma séria, secando as lágrimas que ousavam cair.

— Certo! — Shoto disse, suspirando, preparando-se para contar a verdade. — Pra resumir tudo, eu... eu sou um bruxo. Eu queria ter te contado antes, mas eu não sabia como. — Inasa o encarou, franzindo o cenho. Parecia desacreditado.

— Bruxo? Como... — Ele gaguejou. Não soube como reagir àquilo.

— Se lembra daquela vez em que nevou na minha sala? — Inasa assentiu. — Fui eu. Mas eu fiz sem querer. Até pouco tempo atrás eu não sabia o que eu era. Só sabia que podia fazer isso. Eu juro que queria te contar, mas você não ia acreditar em mim.

— E por que fez aquilo com meu pai? Você e seus amigos atacaram ele e seus funcionários. Por que? — Perguntou, sério. Shoto engoliu a seco.

— Seu pai estava caçando as bruxas. Estavam a serviço de alguém que não sabemos. — Aquilo foi um baque para ele. Inasa levou a mão até a testa, sentindo que poderia surtar a qualquer momento. — Foi em legítima defesa. Eu sinto muito! — Ainda assim, Shoto se sentia mal. — Você o viu?

— Vi sim. Os médicos não acham que ele vá sobreviver. Mas se por algum milagre divino ele sobreviver, vai pegar um bom tempo de cadeia. Tráfico de armas, desvio de dinheiro, coisas assim.

— Eu sinto muito! — Shoto voltou a lamentar pelo namorado. Inasa desviou o olhar, permanecendo em silêncio. — Você tá com raiva de mim? — Ele perguntou, receoso, vendo o namorado suspirar, exausto.

— Não tô não. É só que... isso tudo é demais pra mim. Você jogou essa bomba pra mim e eu não sei o que pensar.

— Eu nunca quis magoar você. Eu te amo, e sinto muito que tenha acontecido desse jeito. — Shoto já não conseguia segurar as lágrimas. — Mas eu vou entender se não quiser me perdoar.

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