Estrela dourada

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Várias viaturas da polícia estavam estacionadas na entrada do hotel. Os policiais ouviram o depoimento dos hóspedes, do recepcionista e de outros funcionários, e até mesmo de Shoto. Depois de ter encontrado seu pai morto no quarto de hotel, ele gritou por ajuda. A polícia foi acionada logo depois.
Shoto dava seu depoimento para a polícia, dizendo que o pai teria vindo visitá-lo, e quando foi vê-lo no hotel, já o encontrou morto. Ele estava abalado. Não gostava de seu pai, mas vê-lo morto de forma tão brutal foi desconcertante do mesmo jeito. Foi tirado de seus pensamentos ao ver o detetive se aproximar com um laptop em suas mãos.
— Conseguiram achar alguma coisa? — Shoto perguntou.
— Nenhuma outra pessoa entrou no quarto do seu pai. Nem mesmo os camareiros entraram para arrumar. Pelo que disseram, seu pai ficou sozinho no quarto o dia inteiro.
— Mas então… — Shoto estava confuso.
— No entanto, tivemos acesso às filmagens de segurança dos locais por onde seu pai esteve antes de entrar no quarto pela última vez. — Ele se aproximou com o laptop para que Shoto pudesse ver melhor. Ele deu play no vídeo. — Primeiro ele entra no quarto com uma sacola de supermercado. Deve ter sido quando ele cozinhou algo. Alguns minutos depois ele sai do quarto novamente.
A partir daí o vídeo mostrou todo o trajeto que Enji fez depois de sair do quarto. Ele desceu até o refeitório e pediu algo para o atendente do balcão. O funcionário entregou alguns talheres para que ele pudesse comer. Logo depois ele saiu e voltou para seu quarto, não saindo mais de lá. Foi aí que a filmagem acabou. Shoto ficou mais confuso ainda, não entendendo onde o detetive queria chegar.
— O que tem de mais nesse vídeo? — Perguntou.
— O atendente entregou um garfo e uma faca para ele. — O detetive mostrou uma faca ensanguentada dentro de um saco plástico. — Achamos isso caído ao lado dele quando foram recolher o corpo. Pelas digitais, a única pessoa que tocou nessa faca foi seu pai.
— Está dizendo que ele mesmo se matou? — Shoto perguntou, espantado.
— Não há outra explicação. — O detetive concluiu. — Eu sinto muito! — Foi o que ele conseguiu dizer para consolá-lo antes de deixá-lo sozinho.
Shoto não sabia o que pensar. Se perguntava o porquê do seu pai ter feito isso. Até cogitou ter um pouco de culpa nisso, visto como ele o tratou ao telefone. Mas Shoto ainda se perguntava o que seu pai queria lhe falar de tão importante. Sua cabeça doía enquanto ele pensava em muitas coisas de uma vez só.
Se dispersou de seus pensamentos ao ter a impressão de ter ouvido algo sussurrando em seu ouvido. Ele se virou, assustado, mas não havia ninguém. Estava sozinho. Ele olhou em volta, nem mesmo sabendo o que procurava, mas sentindo que algo o seguia. Pensou estar ficando louco depois de tudo que aconteceu. Aquilo o assustava. Não queria ficar sozinho, e deixar o que quer que estivesse o perseguindo corrompê-lo nesse momento de fragilidade emocional. Logo, pensou em chamar a única pessoa com quem poderia contar naquele momento.
Depois de terminarem a investigação no hotel e todos que testemunharam fossem liberados para irem embora, Shoto pôde finalmente sair dali. O bicolor havia ligado para Inasa, que assim que soube o que ocorreu, saiu às pressas para buscá-lo. Assim que chegaram na casa dele, Inasa o levou para seu quarto, no segundo andar, para lhe emprestar algumas roupas para dormir.
— Muito obrigado por me deixar ficar aqui essa noite. — Ele agradeceu pela terceira vez desde que se viram.
— Não precisa me agradecer. Você sabe que sempre pode contar comigo, não sabe? — Inasa procurava alguma roupa para o namorado.
— Eu sei. Por isso agradeço. — Shoto se sentou na cama enquanto esperava. — A investigação acabou durando a noite toda, e eu teria chegado muito tarde em casa. Além do mais eu… não queria ficar sozinho.
— Não consigo nem imaginar como deve estar se sentindo. — Inasa se sentou ao lado dele, segurando sua mão.
Inasa não sabia nem metade do que se passava na cabeça de Shoto. Ele nem mesmo saberia como explicar ao namorado. Nem mesmo sabia se ele compreenderia.
— Você já… teve a sensação de que algo está atrás de você? — Inasa olhou para ele sem entender do que se tratava. — Tipo… alguma coisa… do mal, aparecendo no seus sonhos e sussurrando coisas?
— Shoto… o que tá acontecendo com você? — Inasa parecia preocupado, e com razão. Mas nem mesmo Shoto sabia responder. Inasa segurou em sua mão e olhou em seus olhos. — Olha… minha mãe já trabalhou em uma clínica psiquiátrica. Ela pode te passar o contato de algum médico da confiança dela.
Shoto não se surpreendeu pela resposta. Afinal, a única explicação lógica para uma pessoa comum era de que estaria louco. Vindo de uma pessoa cética como Inasa, isso era mais óbvio ainda.
— Obrigado pela preocupação. — Shoto pegou a roupa que o namorado lhe emprestou e se levantou da cama.
— Shoto…
— Eu vou ficar bem. — Ele se virou para falar com Inasa, fingindo seu melhor sorriso.
Ele saiu do quarto, andando pelo corredor a procura do banheiro. Uma voz o chamou a atenção. Ele viu uma das portas entreaberta, ouvindo a voz do pai do Inasa. Ele parecia falar ao telefone com alguém. Shoto não pensou duas vezes, e se aproximou para ouvir o que ele dizia.
— Não podemos falhar da próxima vez. Eles contrataram nossos serviços, e já estão impacientes. — Ele falava ao telefone, irritado. — Depois da inauguração do parque, nos encontraremos no mesmo galpão.
Shoto o ouvia atentamente, percebendo que ele mencionou o tal galpão novamente. Não conseguia se lembrar de qualquer lugar onde teria um galpão, não conhecia a cidade inteira. Poderia ser em qualquer lugar.
Ele sem querer empurrou a porta, fazendo barulho e chamando a atenção do homem. Ele olhou para Shoto, assustado, desligando o celular.
— Sinto muito… estava procurando o banheiro. — Shoto tentou agir naturalmente.
— No final do corredor. — Ele respondeu, sério, fechando a porta na cara de Shoto.
O rapaz suspirou aliviado, agradecendo pelo pai do namorado não ter suspeitado de nada. Mas ainda estava com aquilo na cabeça. Alguém, aparentemente importante, contratando os serviços dele, e de novo aquela história de se encontrarem em um galpão. Precisava descobrir que galpão era esse.
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A manhã na academia foi mais puxada que o normal. Ao invés de terem suas aulas normais no período da manhã, foram surpreendidos com a visita da alcatéia logo cedo. E depois de uma manhã cheia de treino, a mesa da sala de jantar estava cheia, tendo a alcatéia inteira como convidados para o almoço.
Todos pareciam estar se dando bem. Tsuyu havia conseguido vencer de Monoma na luta corpo a corpo, por isso ela se vangloriava, fazendo todos rirem. Denki dava algumas dicas de como Shinso poderia melhorar seu físico para ter mais energia, e Midoriya dizia aos outros lobisomens o quão feliz estava pelo treinamento agora que notou a evolução que ele trouxe. Ochako, como sempre, conversava com Bakugou e Kirishima. Agora que estavam treinando juntos, puderam se aproximar ainda mais. Iida tentava manter a ordem durante o almoço, visto que aquela mesa havia virado uma algazarra.
— Um minuto da atenção de todos, por favor! — Somente a voz de Nemuri foi capaz de trazer ordem para aquele lugar. — Muito obrigada! Bem, como vocês sabem, eu e Vlad ficamos encarregados de investigar sobre os atiradores. — O lobisomem alfa, Vlad, passou de cadeira em cadeira entregando alguns papéis
— O atirador que invadiu a casa de vocês tinha um cartão de uma empresa com ele. Uma empresa que até então não sabíamos da existência. — Vlad disse após entregar para todos. No papel mostrava o nome da empresa, e o logotipo dela, que era uma estrela dourada.
— Eu já vi esse logotipo. — Shinso se pronunciou ao ver o papel. — Quando os atiradores invadiram a minha casa, eu lembro de ter visto um cartãozinho com esse símbolo no chão antes de perder a consciência. Mas eu não sabia o que era.
— O que conseguimos encontrar sobre essa empresa é que ela é uma empresa virtual, não tendo uma sede fixa. Aparentemente é uma empresa de vendas. Ou pelo menos é o que querem que todos pensem. — Nemuri explicou. — Eles devem estar nesse ramo de caça às bruxas há muito tempo. São ótimos em se camuflarem.
— Pelo visto nem tanto, já que andam perdendo os cartões da empresa por aí. — Monoma tirou sarro da incompetência dos funcionários da empresa.
— É com isso que contamos. — Vlad concordou com ele.
— Vocês serão atualizados a qualquer nova descoberta. No mais, peço para que tomem cuidado. — Nemuri terminou, dando o aviso final.
Após o almoço, todos ajudaram com a limpeza da sala de jantar e da cozinha. Midoriya se ofereceu para levar o lixo para fora. Levou os sacos de lixo até a lata de lixo do outro lado da rua depressa, temendo que o caminhão de lixo chegasse logo.
Queria terminar rápido para poder descansar antes da próxima aula. Colocou o lixo todo no latão, sem nem se dar conta de alguém se aproximando. Alguém bastante familiar.
— Midoriya? — Ele logo reconheceu a voz, vendo que a dona da mesma era Melissa. — Quanto tempo! Nunca mais te vi por aqui. — Ela riu.
— É… verdade. — Estava há tanto tempo sem sair de casa que mal a viu. A última vez que se lembra de ter a visto foi no trágico sonho dela quando estava em projeção astral. — Eu andei meio ocupado.
— Sei bem como é. O trabalho e a faculdade têm tomado muito do meu tempo também. E o pouco que eu tinha tô passando a dedicar ao estágio.
— Ah, seu estágio na ONG. Como está indo, falando nisso?
— Muito bem! — Ela mostrou alguns folhetos que tinha na mão. — Inclusive, eu tava distribuindo isso daqui. É um parque que a ONG está montando. A inauguração vai ser no sábado. — Ela o entregou um dos folhetos. — Você podia ir, vai ser bem legal. Claro, se não estiver ocupado.
— Faz tempo que não vou a um parque. — Ele leu o folheto, vendo todas as atrações. — Talvez eu vá sim. Acho que não vou estar ocupado no sábado.
— Espero que consiga ir! — Ela sorriu. — Bem, eu tenho que ir agora. Tenho que chegar cedo no trabalho. Mas foi muito bom te ver de novo!
— Vou tentar! — Ele sorriu de volta, se despedindo dela.
Midoriya olhou para o folheto novamente, animado com a ideia. Estavam precisando se divertir depois de tudo que passaram.
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Depois de almoçarem e arrumarem tudo, Kirishima se dispôs a levar o namorado até o trabalho, e ambos chamaram Ochako para irem também. Disseram que podiam levar alguma coisa da cafeteria para todos comerem depois igual ao primeiro dia de treinamento.
— Eu falei que dessa vez não ia ser tão fácil. — Kirishima se gabava por ter se saído melhor no treinamento de hoje.
— Mas eu consegui te derrubar uma vez. — Ochako o refutou.
— Uma vez entre cinco. — Bakugou a lembrou desse ponto, rindo.
— Então o placar tá 5 a 1 pra mim. — O ruivo completou.
— 5 a 2, contando com a minha vitória no primeiro dia.
— Beleza, 5 a 2. Vou te dar essa colher de chá. Por enquanto! — Ele riu, convencido.
— Se eu fosse você eu não provocaria ela. Ou já esqueceu que foi ela que te curou? — Bakugou passou o braço em volta do ombro dela.
— Pra quem você tá torcendo, hein? — O ruivo perguntou na ironia, os fazendo rir.
Eles então chegaram na cafeteria. Ao entrarem, Bakugou já foi para trás do balcão, começando a trabalhar.
— Vocês vão levar os bolinhos e mais o que? — Ele perguntou.
— Que tal alguma coisa pra beber também? Pode ser milkshake? — Ochako perguntou, e Kirishima concordou com ela.
Bakugou foi até a cozinha para pegar o pedido. Ochako ficou conversando com Kirishima enquanto esperavam. Ela se dispersou do assunto assim que Shoto se aproximou de repente dela. Ela então se lembrou do feitiço de prosperidade que fizeram para ele fosse os procurar.
— Preciso falar com você! — Ele disse.

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