Capítulo 3

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Capítulos repostados com mais conteúdo. Algumas palavras estão em alemão porque a cidade em que Duskwood é baseada fica na Alemanha, então pra ficar mais realista eu vou adicionar coisas deles.

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Suas mãos apertavam minha cintura com firmeza enquanto ele beijava meu pescoço. Contra a parede, eu era refém dele, sedenta por mais, e incapaz de dizer a ele o que eu mais queria.

Porque, obviamente, era um sonho e não poderia passar disso.

Eu nunca conseguia falar em sonho, o que geralmente resultava em murmúrios ou urros da minha parte, segundo amigos com quem já dividi um quarto me disseram. Eu acordei ofegante, trêmula, e com vontade de chorar. Eu queria tanto aquilo.

Eu realmente não deveria ter julgado Bella Swan quando ela chorou por Edward Cullen se recusar a transar com ela. Eu era patética, e ainda mais que ela, porque eu queria alguém que supostamente me queria, alguém que eu sabia que não quebraria meus ossos ou me mataria acidentalmente no meio do ato.

Mas, claro, se cedesse e no final ele só estivesse brincando comigo, eu não saberia como lidar com aquela situação de novo. Eu precisava fazer terapia, e não tinha dinheiro para aquilo.

O último dia de curso finalmente tinha chegado. O último teste e então eu não precisaria conviver com Phil tão de perto.

Um banho frio foi preciso para apaziguar todo o maldito calor que o sonho tinha me provocado, mas também me ajudou a acordar de uma vez. Decidi sair mais cedo naquele dia e sem café. Estava nervosa demais para comer, me sentia agitada demais para conseguir ouvir música no trajeto.

Caminhar e sentir o vento frio da manhã também me ajudou a tirar a cabeça daquele sonho desnecessário. Cair de cabeça no trabalho geralmente ajudava a não me prender a certos tipos de pensamentos que tendiam a me atrasar, o que acabava piorando minha ansiedade. Organizei a sala e esperei pelos meus alunos, cumprimentando alguns colegas enquanto esticava as pernas no prédio do curso.

Phil foi o primeiro a chegar, infelizmente para mim, sentado em uma cadeira de frente à minha mesa.

Bom dia, professora – disse em português, com seu sotaque desajeitado.

Bom dia, Hawkins – respondi na minha língua materna, sem olhar pra ele. – Você devia falar em espanhol hoje, não em português.

– Como você tá? – voltou a falar em inglês.

Tô ótima – respondi azeda, no que ele apenas riu sem jeito.

– Pelo seu tom, não muito bem, eu acho.

Que coisa, não? – continuei falando em português enquanto conferia, pela centésima vez, a quantidade de provas para os alunos.

– Qual é, professora? Meu português não é assim, tão avançado.

Poxa, que pena – fiz um biquinho, fingindo ter pena.

Obviamente aquilo acabou tirando uns risinhos dele, mas eu rapidamente o ignorei, levantando e saindo da sala para ir ao banheiro, molhando meu rosto com água fria para me acalmar.

Por um momento cogitei pedir demissão e ir pra casa. Eu estava sem paciência para lidar com aquela tensão e trabalho nenhum conseguia me distrair daquilo depois que ele chegou. Eu não queria ceder e quebrar a cara, mas valia a pena me estressar tanto com aquilo? Lidar com as crises de Alfie era infinitamente mais fácil do que lidar com a presença daquele homem e seus sorrisos fáceis.

Havia outras opções de emprego, é claro, e outros tipos de trabalho que eu poderia fazer sem nem sair de casa, mas o problema com o Phil era que me envolver com ele tirava minha credibilidade enquanto professora.

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