Capítulo 16

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Eu encarava meu celular à distância, sentada na cama com Richy ao meu lado, com um ódio mortal do cara que tinha cortado o nosso barato nos espionando. Richy queria que eu avisasse Alan, mas de que adiantaria? Como ele e seu minúsculo departamento conseguiriam pegar um hacker que eu duvidava muito que estivesse na cidade? Éramos todos impotentes e eu estava sem nenhum ás na manga.

Coloquei um travesseiro sobre o celular e me virei para o meu loirinho, que estava com o olhar fixo em mim, parecendo preocupado.

— O que quer fazer? — ele perguntou.

— Tenho a sensação de que ele não vai me deixar em paz até descobrir o que quer e vai me usar pra isso, então preciso pelo menos tentar ficar alguns passos à frente de algum jeito.

— Alguma ideia de como fazer isso?

— Tenho que ver o Alan amanhã e discutir sobre esse maluco, deixar ele me usar enquanto reúno provas do que ele está fazendo e tirar ele da minha cola antes que isso fique pior.

Meu celular começou a tocar e eu revirei os olhos.

— Ele não vai parar até eu falar com ele.

— Sua escolha — e eu sabia pelo olhar dele que ele também não queria que eu aceitasse aquela ligação.

Mas eu não sabia por quanto tempo mais eu poderia fazer aquilo sem sofrer algum tipo de consequência.

— Vou te dar privacidade — ele saiu da cama, pegando sua boxer preta e a vestindo. — Vou fazer algo para comermos — se inclinou para me beijar e tive que resistir à vontade de puxá-lo sobre mim de novo.

Respirei fundo quando ele saiu do quarto e fechou a porta e tirei o celular de baixo do travesseiro, encarando a tela sem paciência ao aceitar a ligação.

Eu sinto muito — sua voz digitalmente alterada me irritou ainda mais.

Permaneci em silêncio.

— Você precisa entender, Hannah é muito importante para mim e ela enviou seu número para o Thomas. Isso tem que significar algo.

— Significa que provavelmente ela estava em pânico e confundiu os aplicativos na hora de ligar e pedir ajuda.

— Pensei que fosse o caso, mas me parece altamente improvável que ela deliberadamente digitasse seu número e escolhesse Thomas na lista de contatos para isso. Ela poderia apenas ter ligado para a polícia, Hana.

— Poderia, mas não sei em que diabos ela estava pensando. As pessoas têm reações inusitadas frente ao perigo, então isso não quer dizer nada.

— Então por que o sequestrador te fez aquela pergunta?

— Você ouviu?! Mas que filho da...!

— Por favor, Hana, estou implorando.

— Caso não tenha notado, você não é o único interessado em encontrá-la! Bancar o herói misterioso não significa nada pra mim! Eu nem sei quem você é e você já viu...!

Parei e respirei fundo, sentindo um nó em minha garganta que queria me fazer chorar terrivelmente.

— Você tem razão — e fiquei sem reação com ele. — Não estou sendo justo com você. Posso abrir uma exceção e uma exceção apenas. Tenho motivos sérios para manter minha identidade em sigilo e não tenho interesse nenhum em colocar a sua segurança em risco por isso. Preciso de ajuda e você precisa da minha. Se unirmos nossas forças, conseguiremos encontrá-la antes que o pior aconteça.

O pior já estava acontecendo. Três portas marcadas, Hannah levada, Amy morta...

Eu não queria pensar no que poderia acontecer a Jessy. Me dava arrepios.

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