Capítulo 13

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Apesar de todas as perguntas que Jessy estava me fazendo naquele momento, eu tive que pedir que ela as enviasse no chat privado, pois já estava na hora de eu ir cuidar do Alfie. Ela tinha feito um grande esforço para maquiar meu pescoço e teria que servir pelo resto do dia. Quando fui me despedir de Richy, ela saiu de fininho para nos dar um momento, mas não foi exatamente discreta nisso, pois quando ele segurou minha cintura e eu entrelacei meus braços em seu pescoço enquanto nos beijávamos, ouvi o som característico de uma câmera tirando fotos e nós dois nos viramos para ela sem entender o gesto.

- Desculpa, gente, eu só queria ter um registro fofo de vocês - sorriu traquinas. - Queria que a Hannah estivesse aqui pra ver isso - suspirou.

- Ela vai estar, nós vamos encontrá-la - tentei soar otimista, ainda que estivesse com a cabeça no mais pleno caos e com medo do que poderia acontecer. - Te vejo mais tarde - me inclinei para Richy de novo em um selinho antes de me virar e acenar para Jessy.

Era bom poder caminhar pela cidade sem ficar apreensiva com a possibilidade de ser subitamente parada por Phil para entrar em seu carro. Era revigorante poder caminhar um pouco mais, absorver mais vitamina D, pra variar.

O que não era legal, no entanto, era a forma como os moradores estavam me encarando enquanto eu seguia meu caminho em direção ao hotel, e eu não tive certeza se os olhares feios na minha direção eram resultado de uma maquiagem que não conseguiu cobrir direito ou o fato de que a fofoca corria solta e eu não sabia qual era a da vez. Sei que conforme eu passava falavam somente em alemão, e alto o bastante para que eu os ouvisse, como que de implicância, me olhando de cima a baixo.

Não que eu não tivesse vivenciado xenofobia em Colville, mas estava ficando cada vez mais esquito em Duskwood, e algo me dizia que a tendência seria piorar e muito se descobrissem meu lance com religião.

Ah, Alemanha... Tsc, tsc...

Ouvi meu celular. Notificação de mensagem.

???: Talvez eu tenha me expressado mal na noite anterior.

Franzi o cenho confusa, diminuindo a velocidade dos passos enquanto lia as mensagens.

???: Pelo que pude perceber, minha interferência causou mais pânico do que o esperado e não era o que eu pretendia. Eu não estava brincando quando disse que queria que trabalhássemos juntos e que daria uma prova de boa-fé, no entanto, ter me dirigido a vocês não bastou. Vou enviar a você provas de que eu não sou o inimigo, Hana.

Então ele enviou um vídeo e eu me arrepiei com a possibilidade de ser um vírus de algum tipo e eu perder meu celular se abrisse.

???: Eu prometo que não é uma ameaça.

Ele lia mentes?

Olhei ao meu redor, estando próxima do hotel, não vendo ou ouvindo ninguém nas proximidades, então engoli a seco e apertei o play.

Eu não conseguia acreditar no que estava vendo.

Coisas do meu passado, suas evidências e cópias, eram apagadas de vários sites ao mesmo tempo. Era uma gravação da tela dele, com a data daquele dia e de outro horário. Fuso horário, talvez?

Quando finalmente acabou, eu não tive certeza do que fazer em relação ao vídeo e não sabia o que pensar a respeito dele.

Hana: Tá, agradeço o gesto, mas isso ainda não muda o fato de que você é um estranho e não está nos dando nada que o inocente da possibilidade de ser o sequestrador. Agradeço o que fez, mas não basta.

???: Infelizmente teremos que confiar um no outro se quisermos encontrar a Hannah viva.

Hana: Por que ela é importante pra você? Quem é você? Quid pro quo, hacker, pague o pedágio da confiança e podemos conversar.

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