Já fazia cinco dias desde que ela tinha desaparecido e aquele corpo surgiu de repente como uma pedreira desmoronando nas nossas cabeças.
Eu não podia simplesmente largar tudo com Alfie e correr, então tive que esperar que Richy fosse nos atualizando em um grupo separado, sem o Thomas e sem o Phil, porque Phil não era sutil e ninguém queria que Thomas tivesse uma síncope.
Estava preparando o lanche da tarde para Alfie quando percebi que o rei da delicadeza havia postado no grupo principal sobre o corpo antes que um de nós tivesse a chance de falar com Thomas ou com Lilly primeiro e a confusão se instaurou no grupo. Maldito fofoqueiro...
Eu não era família, então não poderia exigir nada da polícia, mas claro que Lilly e seus pais correriam para a cena de crime para ver de quem se tratava. Só restava aos outros de nós esperar por notícias. Tive que falar com o grupo.
Hana: Devemos nos reunir em algum lugar hoje?
Richy: Ainda está no hotel? Posso ir buscá-la?
Hana: Não precisa, ainda estou esperando o Alfie dormir. Eu vou para casa primeiro.
Richy: Tem certeza de que quer ir sozinha? Já está escurecendo...
Hana: Não vou deixar aquele idiota me pôr medo, meu príncipe. Esse cara não sabe que eu sou maluca ;)
Richy: ...
Richy: "Meu príncipe"? 😶
Hana: Desculpa. Muito cedo para apelidos?
Richy: Não, só fiquei surpreso 🥰 Me avise quando estiver pronta ♥️Alfie demorou um tempo até pegar no sono naquela noite, mesmo depois de um copo de leite e de eu ler a mesma história para ele três vezes seguidas. Quando o cansaço enfim o derrubou, eu tive a impressão de ter visto um vulto passar pela janela do quarto dele, do lado de fora, e me levantei para fechar as cortinas, deixando seu abajur de estrela aceso para ele antes de sair do quarto e me deparar com a Sra. Walters parada na cozinha, me encarando feio.
— Algum problema? — perguntei confusa.
— Enquanto estiver cuidando do meu filho, espero que mostre um comportamento adequado, Frau Rodrigues.
— Okay... — franzi o cenho.
— Cubra melhor a indecência no seu pescoço amanhã.
— Tudo bem. Entendido.
Se eu ainda tivesse outro emprego, mandaria ela se foder, mas não podia me dar ao luxo. Óbvio que ela se meter na minha vida era demais – as marcas não estavam assim tão terríveis, mas fazer o que? Ela era minha cliente e enquanto eu estivesse trabalhando em sua casa deveria seguir suas regras.
— Aqui — ela se aproximou com um algo embrulhado em um pano e, ao desfazer o embrulho, revelou o que parecia ser um tipo de canivete tático que se usava em caçadas. — Não é seguro andar por aí à noite desarmada. Leve com você.
— Sra. Walters...
— Leve — insistiu. — Nenhum lugar é seguro com uma besta à solta.
— Obrigada — aceitei sem jeito, pegando o canivete e o colocando no bolso da frente da minha jeans. — Devolvo amanhã.
— Esqueça — me deu as costas. — É sua agora.
— Obrigada, Sra. Walters. Até amanhã, então.
A noite caindo realmente não inspirava nenhuma confiança, especialmente pelo fato de as ruas estarem tão vazias. Talvez a notícia sobre o corpo já tivesse se espalhado pela cidade e todos estavam ainda mais aterrorizados. Atravessando alguns blocos eu comecei a me arrepender de não ter aceitado a oferta de Richy. Decidi fazer uma chamada de vídeo para Jessy para não me sentir tão sozinha.
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Water
Fanfic- Te peguei! A imagem foi corrompida de repente, antes que Richy pudesse ver, e a mensagem de "erro desconhecido" surgiu na tela, fechando o aplicativo de e-mails na hora. - Isso não é justo! - gritei, imaginando se ele ouviria. - Você não é justo! ...