Capítulo 30

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O sabor amargo na minha boca estava beirando o insuportável

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O sabor amargo na minha boca estava beirando o insuportável. Minha garganta queimava, seca, e meu corpo doía como se eu tivesse apanhado. Respirar fazia meu nariz arder.

A dor lancinante na minha mandíbula denunciava que eu havia levado pelo menos um soco. Meus olhos estavam ardendo quando tentei abri-los, sendo cegada por luzes brancas demais para mim. Ai. Droga. Merda de luzes malditas.

Oh. Oh-oh. Que quarto era aquele? Branco demais. Frio demais. Ah, que droga. Hospital? Agulha na minha mão? Bolsa de soro...? Quê que eu tava fazendo ali?!

Quando me dei conta de que tinha companhia, me surpreendi. Sentado e quase caindo na poltrona ao lado da minha cama estava Eric, dormindo, parecia, com as mãos cruzadas sobre a barriga. Por que ele estava ali...?

Tentei lembrar, mas só conseguia ver flashes de memória. Eu me sentia cansada. Parecia que eu tinha apanhado. Ah, verdade, eu tinha mesmo apanhado!

— Jessy.

Minha voz saiu com dificuldade e quase não a reconheci, mas foi o suficiente para acordar Eric em um sobressalto e ele me encarou assustado.

— Ei, ei — se sentou direito na poltrona. — Oi.

— Por que...? — minha garganta estava em chamas, Jesus Cristo, como ardia! — Por que eu estou aqui?

— Você foi esfaqueada — ele engoliu a seco. — Mas teve sorte nesse azar. Os médicos disseram que o canivete passou de raspão no seu rim. O canivete atravessou sua cintura sem causar grandes danos, mas já remendaram você, está fora de perigo. Querem você em observação por uns dias. O inchaço na sua mandíbula os fez teorizar que foi nocauteada.

— Ah... Não lembro disso...

Me virei à procura de água e ele logo entendeu, levantando da poltrona para ir até a mesinha ali perto, enchendo um copo e colocando um canudinho.

Parecia que eu estava no céu depois de beber água. Melhor líquido de todos. Deixei o copo na mesinha de cabeceira ao lado e o encarei.

— Você veio...

— Você chamou — então uma estranha tristeza em seu olhar. — Me desculpe.

— Hm?

— Eu não fui rápido o suficiente — sua voz falhou. — Você poderia ter morrido lá e eu não fui rápido o suficiente pra te alcançar, e...! Hana, me perdoe!

Estranho ver o sempre sério Eric Biggs soluçar de repente e irromper em lágrimas perante os meus olhos. Ah, não, eu era péssima consolando pessoas... Eu não sabia nem lidar comigo mesma!

Homens chorando era meu ponto fraco, percebi isso com peso na consciência. Era o auge da honestidade das emoções de um homem - lágrimas, explosões de raiva, ou declarações de amor, sem meios termos. Chegava a ser irônico que acusassem mulheres de serem as mais emocionais quando na verdade eram os homens que tinham uma dificuldade enorme em lidar com as próprias emoções. Uma quarta-feira qualquer pra mim, lidando com depressão e ansiedade, poderia ser o fim do mundo pra algum deles a ponto de até cogitarem se matar.

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