Capítulo 32

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Eric tinha conversado com Alan por um bom tempo e ficou acordado que nos encontraríamos nos arredores de Duskwood. Alan estava trazendo um mapa da área da cachoeira Grimrock e outro da Mina Ironsplinter, uma mina fora de uso há décadas e que Bloomgate acreditava que seria o verdadeiro cativeiro das garotas. Àquela altura eu apenas torcia para Jake me odiar com todas as forças a ponto de nem espionar meu celular.

Eu preferia que todos eles me odiassem do que se arriscassem ali comigo. Não tinha necessidade nenhuma de mais alguém se machucar e Alan sempre quis que eu cooperasse, então ali estava eu, cooperando. Estávamos no estacionamento de um posto, Eric tinha comprado bandagens para que eu trocasse, mas não achei necessário. Os analgésicos, no entanto, tomei de bom grado, e enquanto esperávamos por Alan, tirei a guia do meu pescoço e a coloquei no bolso, pegando o maço de cigarros que estava na minha mochila.

— Essas coisas vão te matar, sabia? — ele me observava, os braços cruzados contra o peito, nós dois escorados à sua viatura.

— Tsc, eu vou morrer mesmo — dei de ombros.

— Não precisa ir lá.

— Preciso sim. Jessy é inocente e Amy também era.

— É um esforço muito grande pra salvar a irmãzinha do cara que você gosta.

O fuzilei com os olhos.

— Nenhum esforço é grande demais pra salvar a minha amiga — pontuei e ele desviou o olhar, mordendo o lábio. — Não é só por ela ser irmã dele.

— Tem razão, peço desculpas.

— Desculpas aceitas.

— Você deveria comer alguma coisa antes de ir.

— Não, valeu. Quando isso acabar eu vou dormir por uma semana...

Avistamos a viatura de Alan se aproximando e estacionando ao lado da de Eric, mas eu tomei um susto ao ver Sam com ele.

— Que merda você tá fazendo aqui?!

— Uou, bom dia pra você também, gracinha — ela disse ao sair do carro, pegando uma mochila.

— Vocês já se conhecem? — Alan nos entreolhou.

— Acompanhei Lilly na visita ao hospital — Sam esclareceu e ele apenas assentiu.

— Hana, Samara se ofereceu para nos ajudar na missão. Os mapas da mina estão todos desatualizados, então ela vai usar seu próprio equipamento para tentar escanear a extensão dos túneis para que você não se perca caso o sequestrador te leve para dentro. Outra coisa... — ele disse abrindo o porta-malas. De lá tirou um colete e o ofereceu a mim. — Não conseguimos encontrar o segundo sequestrador, então todo cuidado é pouco. Quero que use isto.

— Certo.

Peguei o colete e me afastei um pouco para tirar minha camiseta e colocá-lo, Sam me ajudando a prendê-lo direito.

— Eu não sabia que você era religiosa...

Tomei um susto ao ouvi-la falando português enquanto observava a guia que eu tinha acabado de colocar de volta no pescoço.

— Tu também é brasileira?!

— Shh — me censurou. — Fala baixo, mulher.

— Foi mal. Meu Deus, você é brasileira...! — tive que me segurar para não dar uns pulinhos. — Me desculpa por ter sido tão ignorante, foi sacanagem contigo e não tem nada a ver contigo, eu só tô meio...

— Sufocada — ela me encarou. — Tô vendo faz tempo. Eu disse pro meu maridinho parar de te infernizar tanto, mas quando ele põe algo na cabeça é impossível ele sossegar.

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