Capítulo 7

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Eu estava em pânico enquanto esperava que os demais se manifestassem a respeito da contratação de um detetive. O grupo estava quieto há horas, todos ocupados com suas vidas enquanto eu aproveitava meu desemprego de forma irresponsável - comprando e comendo coisas gostosas que eu não comia há muito tempo - e nenhuma das minhas tentativas de convencer Phil a voltar tinham dado certo. Eu podia pagar por um quarto de hotel, mas sentia que ele talvez insistisse em um quarto com pelo menos duas camas.

Se ele não iria cooperar, então eu teria que tomar medidas drásticas. Enquanto Phil estava distraído na fila para comprar Quarkbällchen, comecei a mandar mensagens para meu parceiro de crimes porque sabia que só ele poderia me tirar da possível enrascada que eu estava prestes a me meter naquela bendita cidade com a aproximação da noite, ainda que eu não merecesse ajuda por ter parado de visitá-lo desde o desaparecimento.

Hana: Saturno chamando Netuno, Saturno chamando Netuno, emergência interestelar rolando! Ocupado?

Surpreendentemente ele me respondeu rápido.

Richy: Eu estava prestes a mandar uma mensagem pra você. Não sei o que está acontecendo aí que precise de atenção, mas tenho novidades. Está sentada?

Hana: Sim. O que tá rolando?

Em seguida, recebi uma imagem no chat, e outra e outra. A primeira era da porta da casa da Hannah, a segunda da porta da casa da Jessy, e a terceira era de uma porta que eu não reconhecia. Todas as três portas estavam com um estranho desenho de pássaro pintado com tinta vermelha... Ou pelo menos eu esperava que fosse tinta vermelha.

– Que porra é essa?

Richy: Vocês precisam voltar pra Duskwood. Jessy está comigo na oficina, mas Lilly quer uma reunião com todo mundo ainda hoje, quer ir até a polícia pressioná-los pra agir.

Hana: De quem é a terceira porta?

Richy: Amy Bell Lewis.

Hana: Quem diabos é essa?

Richy: Uma colega de curso da Cleo. A cidade está em pânico.

Quando levantei e me virei para Phil, com dois cestos de doces fritos, seus passos rápidos e a expressão sinistra no rosto dele já entregava que ele também já sabia do ocorrido, então eu não precisava convencê-lo a voltar, mas ele parecia uma pilha de nervos que eu nunca vi antes. Entendia sua preocupação pela irmã, sabia que aquele pássaro era alguma forma de ameaça mesmo não sabendo o motivo, mas a reação dele parecia desproporcional ao que estava acontecendo até ali.

Phil não deu um pio durante a viagem de volta, e a velocidade no volante me assustou como nunca antes, beirando os 200 km/h, e ainda que eu estivesse usando cinto de segurança, eu queria pedir que ele diminuísse um pouco, mas fiquei com medo de falar alguma coisa e irritá-lo. O medo que tive de ele bater o carro no caminho foi tão forte que não tive minha típica enxaqueca de movimento. Eu não consegui sair do estado de alerta, catastrofizando aquela viagem na minha cabeça repetidas vezes até enxergar a placa de ''Bem-vindo a Duskwood'' de novo e a velocidade dele diminuir consideravelmente.

Já era quase dez da noite quando chegamos, e Phil dirigiu para a oficina dos Rogers. Avistamos a ruiva saindo do escritório da oficina, Richy logo atrás, e assim que Phil parou o carro eu saltei com minha mochila como se minha vida dependesse disso e Richy franziu o cenho, talvez confuso com o meu gesto quando eu fiz questão de me aproximar dele. Estava tão furiosa com Phil que não conseguia dizer nada, apenas acenei com a cabeça para Jessy, que também ficou confusa, e rumei para o escritório dos Rogers, deixando minha mochila no chão enquanto ia até o bebedouro e enchia um copo descartável.

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