Capítulo 29

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AVISO DE GATILHO: VIOLÊNCIA EXPLÍCITA, SANGUE, FERIMENTOS

SEGURA NA MÃO DE DEUS, GALERA!

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Eu tive que cancelar o plano de me reunir com os rapazes depois do que li naquele notebook.

Havia muitas notas de diário que ela não tinha passado para a nuvem e eram todas...

Muito reveladoras, pra dizer o mínimo.

Perdi a conta de quantas vezes comecei a me tremer de raiva e quantos cigarros acendi durante aquelas horas em li o diário. Tive que ameaçar expor Jake para que ele parasse de apagar as coisas no notebook dela e eu pudesse ler tudo na íntegra. Ele não estava feliz, mas eu estava me lixando. Eu queria respostas e as merecia, aquela mentirosa do caralho me deveria a própria vida quando tudo isso acabasse.

Eu podia fazer uma lista com todos os motivos pelos quais aquela falsa era problemática pra caralho. Amiga o caralho! Tava pra nascer mulher mais falsa e mais sonsa que Hannah Donfort e eu não deixaria aquilo barato! Ela ia me pagar por cada minuto que desperdicei sendo sua amiga, ela ia se ver comigo de um jeito ou de outro!

Eu esperava sinceramente que o tal investigador contratado pelos Donforts descobrisse tudo e mais um pouco para que Nathan e Rosalie vissem com os próprios olhos a qualidade de criminosa sem vergonha que haviam posto no mundo. Não que Nathan fosse algum santo, também - para que Jake parasse de apagar as coisas do notebook eu ameacei contar para a cidade toda sobre ele na verdade ser um tremendo sem vergonha que havia traído a esposa com a própria cunhada, que acabou saindo como a única desgraçada pela cidade.

Mais detestável que puritanos só os falsos puritanos e sua falácia rasa sobre o comportamento alheio.

Jake tentava falar comigo pelas mensagens pop-up na tela do notebook dela, mas eu apenas o ignorava. Eu não tinha a menor condição de falar com ele sem explodir e não queria escurraçar o garoto porque ele não tinha culpa nenhuma naquela história, era só mais uma vítima, e a Hannah era a porra de uma doente por falar pra ele todas aquelas coisas sabendo que ele era irmão dela (não primo, como concluí primeoro), sem contar que quando ele entrou em contato pela primeira vez, desejando se aproximar da família que mal conhecia, ele ainda era menor de idade.

Eu queria arrastar a cara daquela amoeba sonsa no asfalto quente. Ela e Thomas se mereciam.

Mas uma coisa de cada vez.

Eu agora sabia de quem era a pulseira de esmeraldas e como ela tinha arranjado aquilo, e também o motivo da pulseira ter sumido dali. Sabia que ela achava que estava sendo seguida e observada, vi todas as filmagens das câmeras de segurança, pesquisei sobre a família dela e li suas notas sobre Jake, mas de tudo aquilo, o que realmente tinha me tirado do sério foi descobrir que ela tinha me usado como meio para confessionário e o motivo de eu não lembrar do que o Homem Sem Rosto me acusava de saber.

As gravações que ela tinha feito de suas próprias sessões com seu psiquiatra apenas reforçavam que ela sabia exatamente o que tinha feito. Com Jennifer Hanson, com Amy, Jessy e eu. Ela sabia que estava errada, ela assumia sua culpa, mas em vez de enfrentar as consequências pelo crime que cometeu, insistia em esconder atrás de diagnósticos, remédios e paranoia. Amy até teve alguma participação na morte de Jennifer, e Jessy não passava de uma testemunha ocular semiconsciente naquele evento, mas sem sombra de dúvidas Hannah tinha escolhido fazer o que fez.

Porque ela não estava tão bêbada naquele dia e reconheceu isso nas notas do diário.

Ela reconheceu que não deveria ter pegado um carro da oficina dos Rogers que seria desmanchado, que não deveria ter dirigido sem carteira, que ter voltado para a cachoeira Grimrock para pegarem a bolsa da Amy com uma Jessy muito bêbada não foi a melhor ideia, e que não deveria ter acelerado daquele jeito em uma estrada tão escura.

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