Capítulo 2

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– Você tá falando sério?!

Sentada no sofá da minha pequena sala, minha xará estava de boca aberta enquanto eu falava sobre a conversa que tive com Phil. Nem mesmo uma pequena maratona de episódios da minha novela turca favorita foi o suficiente pra distraí-la do assunto, porque ela, assim como eu, ficava morta de curiosidade com qualquer coisinha besta. Com a boca cheia dos biscoitos amanteigados que estava mastigando, perguntou de olhos arregalados pra mim:

– E o que você disse pra ele?

– Obviamente eu não caí no papinho dele.

– Mas, Hana, ele não brincaria com algo assim!

– Você mesma me disse que ele era um pegador em série – cruzei os braços enquanto a encarava.

– Sim, ele é, mas até onde eu sei, ele sempre deixou claro pras garotas quando ele não queria nada sério com elas. Ele é um safado honesto, tá?

– E daí? – dei de ombros.

– Ele não brincaria com algo assim, eu conheço ele. Phil pode até ser um idiota, às vezes, mas ele não é desse tipo de idiota. Além do mais, esse negócio de aposta só rola em filmes, eu nunca ouvi falar de nada assim por aqui em Duskwood.

– E quem me garante que não vai rolar comigo? – tombei a cabeça no sofá, suspirando, entediada.

– Você é muito desconfiada.

– Tenho meus motivos.

Hannah apenas ficou me encarando em silêncio enquanto tomava um pouco de café, com um bendito sorrisinho.

– Que foi? – perguntei.

– Você não ficaria assim se não gostasse dele.

– Não sei do que tá falando – me levantei do sofá, pegando um cigarro da carteira e meu isqueiro para acendê-lo. Me sentei em um banco perto da janela, abrindo a mesma para que a fumaça não ficasse presa no apartamento.

– Do que você tem medo? – ela largou sua caneca na mesinha de centro e se virou para mim.

– Eu não quero me apaixonar por ele.

– Um pouco tarde demais pra isso, né? – ela fez uma careta.

– É, eu sei.

– Olha, eu não sou uma expert no que diz respeito ao Phil, mas ele não é do tipo de cara disposto a fazer sacrifícios se não for algo sério, sabe? Jessy disse que ele abriu mão da faculdade pra ficar aqui e cuidar dela e da avó deles, ele sabe levar as coisas a sério também. Se eu fosse você, daria uma chance a ele.

– É? Fica com ele pra você, então.

– Eu não gosto dele assim – ela franziu o cenho. – Thomas é o meu neném – ela sorriu, se deitando no sofá e suspirando alto. – Ele me deu um buquê de rosas vermelhas no nosso aniversário de um ano, sabia? Decorou minha casa toda pra ocasião. Ele é tão romântico...

Era muito fofinho ver como ela se sentia em relação ao namorado. Quando ela me disse que estava namorando com ele, eu não tinha botado fé na coisa, já que ela parecia ser um espírito livre que não se prendia a ninguém, mas um ano se passou e ela ainda estava suspirando por ele.

– Quem sabe? Se tudo der certo, daqui a um ano vocês dois estarão comemorando um ano juntos, também.

– Não me encoraje – ri de nervoso.

– Quem não arrisca não petisca. O pior que pode acontecer é não dar certo – deu de ombros. – Vai passar o resto da noite suspirando ou vai ligar pra ele?

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