Capítulo oito

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Louis sempre gostou de observar as estrelas. Ele gostava de imaginar que se olhasse o suficiente saberia qual dela era Jay.

Por isso sempre que as coisas ficavam difíceis ele pegava um lençol e ia se deitar sobre a grama no jardim e por mais que nenhuma estrela brilhasse mais forte, ele sabia que a mãe o estava olhando de volta.

Não foi diferente naquela noite. Ele precisava de ar fresco e vinho para organizar os pensamentos e absorver tudo o que estava acontecendo, então assim que todos estavam dormindo ele se levantou, pegou um lençol, um vinho que escondia debaixo da cama, algumas frutas e um pedaço de queijo que estava dando mole na cozinha.

Depois de todos os eventos daquele dia ele tinha certeza de que todos estariam cansados demais para saírem da cama, quem dirá para procurá-lo durante a noite. Resolveu ficar no pequeno jardim da frente mesmo. Estendeu o lençol sobre a grama dura, deixou o pratinho com a comida em um canto seguro e praticamente se jogou sobre o chão frio.

Luke Hemmings quase havia morrido naquele dia.

O mesmo Luke que conheceu na adolescência e foi seu primeiro amigo fora de casa. O Luke que o ensinou a pescar e o incentivou a dar o primeiro beijo, o amigo que estava lá para rir de seus primeiros treinamentos e fazer curativos depois de suas primeiras missões.

E agora o loiro sorridente estava dopado em uma cama na enfermaria, apagado para que pudesse se recuperar em paz. Se dessem sorte ele acordaria sendo o mesmo de sempre.

"Porra de vida" Ele bebeu um gole de vinho direto do gargalo e se deitou de costas no lençol, os olhos vítreos voltados para o céu, lua e estrelas. Pelo menos o céu ainda era bonito daquele lado da montanha, talvez uma compensação por tudo que eles perdiam por viverem escondidos nas sombras.

Depois do chá, de um banho e alguns cuidados médicos os meninos conseguiram se acalmar. Calum foi se deitar e Mike precisou de uma poção calmante, mas Ashton conseguiu passar um rápido relatório de como chegaram naquela situação.

Quem quer que tenha realizado o massacre na coroação também havia dominado a cidade real e atacado os feéricos que moravam por lá. Os que tentaram fugir foram mortos e os que ficaram estavam sendo escravizados ou torturados, incluindo mulheres e crianças. Segundo o relato de Irwin as ruas estavam dominadas por centenas ou milhares de criaturas da noite, como demônios, cães do submundo, gárgulas, quimeras e até uma hidra.

O grupo de espiões não conseguiu ficar muito tempo por muito tempo sem que aquilo os enjoasse por completo, então resolveram voltar mas foram vistos e caçados até perto da montanha, onde o sangue dos ferimentos de Luke abriu a passagem e eles conseguiram ficar em segurança.

E agora eles estavam cada vez mais longe de conseguir a tão sonhada aposentadoria e paz. Louis estava ainda mais distante de ter uma casa isolada com biblioteca particular e se tornar o tipo de cara que vive chapado por não ter responsabilidades.

Mas é claro que alguém tinha que bancar o herói.

Ele tomou outro gole de vinho torcendo para não engasgar e manchar a blusa de linho, não que ela estivesse muito branca, mas ele tinha preguiça de esfregar manchas e a lavadeira da cidade sempre cobrava mais caro dele. Tudo bem que não era fácil limpar roupas sujas de sangue, terra ou vinho, mas não era pra tanto.

Louis ouviu o barulho da porta ao longe e depois ouviu passos, mas não olhou para trás. Passos pesados demais para ser Fizzy e Lottie, mas silenciosos demais para Zayn ou Liam. Não era difícil saber quem andava pela casa durante a noite feito uma assombração.

_Estou começando a pensar que você está me seguindo - Os passos pararam, mas Tomlinson continuava olhando para o céu - Ou planejando me matar, os dois são válidos.

Midnight Prince || L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora