Je ne suis pas une pute!

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O homem me olhou de cima para baixo e logo emitiu um sorriso esticando sua mão em minha direção. No entanto, eu ainda estava ali sem mover nenhum músculo, observando-o com os olhos arregalados. O homem tinha um bigode e os cabelos negros penteados com gel para trás deixando-me ver totalmente o seu rosto, essas eram as únicas características diferenciais de Sam, que não tinha nenhuma barba e os cabelos era bagunçados, mas fora isso eles eram idênticos. Sam também era um viajante do tempo ou a figura masculina em minha frente ainda com a mão esticada aguardando eu pegá-la poderia ser um antepassado dele?

Com receio estendi minha mão e ele a segurou, pendendo a cabeça levemente para o lado, um gesto igual ao de Sam quando imaginava algo e estava quase cogitando se falaria ou não.

— Prazer em conhecê-la, senhorita Brown. Thomas me disse muito bem de você, vai ser ótimo trabalhar ao seu lado.

Ninguém havia me falado nada sobre trabalhar com outra pessoa, mas eu não tinha muitas escolhas, embora o líder da gangue confiasse muito em mim.

— Me chamo Oswald Mosley, a propósito — ele soltou minha mão.

Minha mente correu para as palavras que Matteo havia me falado um dia sobre não ter gostado de Sam, talvez esse fosse o motivo. Ser idêntico a um político de extrema-direita inglesa e um fascista não era uma coisa muito legal, mas como eu não havia visto fotos, por que meus amigos simplesmente não me disseram que eles eram iguais? Talvez o baque fosse bastante grande quando eu visse com meus próprios olhos e de fato foi.

Oswald era um grande oponente para Thomas agora que eu sabia que ele estava com planos de ingressar na política, talvez ele o trairia como fez com Kimber quando ganhasse totalmente a confiança do homem.

— Nos vemos na reunião de amanhã, então — os dois apertaram as mãos antes de cada um seguir o seu próprio caminho, eu seguindo o mais baixo.

Quando já estávamos caminhando para longe do fascista, senti que havia algo errado na entonação que Oswald falou "vai ser ótimo trabalhar ao seu lado" já que o que ele defendia ia ao contrário da ideia de que mulheres podiam fazer qualquer coisa que quisessem, inclusive entrar para a política.

— Como exatamente vou trabalhar com ele? — indaguei parando de andar bruscamente, fazendo o outro me olhar.

— Do jeito que trabalhou com Kimber — deu de ombros e pegou um cigarro de dentro do colete.

Minha mente girou. Eu não iria me envolver sexualmente com outro homem só para Thomas conseguir o que ele queria, eu não era a boneca sexual dele que ele poderia vender ou alugar para qualquer um. Além do mais, seria estranho o suficiente vê-lo todos os dias quando eu basicamente já havia convivido com ele no futuro, numa possível outra encarnação dele.

— Isso não é justo! Você deveria me fazer uma aliada sua, não me vender como uma prostituta.

— Gale, não estou te vendendo. Tudo o que vai precisar fazer é ficar na casa dele por um tempo, chute o saco dele se ele quiser tentar algo com você, só escute tudo o que precisa escutar.

Eu sabia que se envolver com a política seria o motivo da morte de Thomas, mas mesmo dizendo isso ele não me escutaria. Talvez o destino não pudesse ser mudado por mais que fizesse coisas diferentes do que já estava na história, alguma hora as peças se encaixariam e aconteceria a mesma coisa já prevista.

— Você e essa sua mania de grandeza, não consegue ficar de fora disso tudo? — cruzei meus braços.

— Estamos fazendo história. Esse é o futuro da minha família, estamos destinados a isso.

Coração Negro | Thomas ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora