capítulo 18

136K 13.6K 18.1K
                                    


JOSEPH RIVERA


   

  Machucada. Machucada.
  Machucada. Machucada.

Domenique foi machucada. Eu não estava conseguindo tirar aquela imagem da minha cabeça de maneira alguma, quem diria parar de tentar achar um meio de encontrar o homen que a machucou e mata-lo. Eu não conseguia parar de ver o roxo berrante no canto do belo rosto dela. E, ao mesmo tempo, tudo o que eu via, tudo o que eu vi, quando percebi aquele roxo nela, foi eu mesmo a vida inteira. Eu me vi no lugar nela, eu senti a sua dor mesmo que fosse completamente oposta da minha em razões e circunstâncias. Era eu ali três anos atrás.

Machucado fisicamente e psicológicamente pelo meu próprio pai. Machucado pelo consentimento da minha mãe. Machucado pela falta de amor, pela ausência das palavras e gestos de carinho.

Machucado. Machucado.
Machucado. Machucado.

Joseph!

Uma garota aparece ao meu lado na escada.

— Desaparece — rosno sem nem me dignar a lhe olhar.

Escuto os passos apressados dela, saindo o mais rápido possível do corredor deserto na área mal usada da universidade, perto do terraço de um dos prédios antigos recém reformados. Era ficar aqui ou descobrir onde Domenique trabalha, hackear as câmeras de segurança, se é que têm, e gravar a cara do miserável para encontra-lo e lhe dar o que ele merece. Contudo, arrumar mais um problema poderia se tornar algo muito pior futuramente e se isso prejudicasse as coisas entre Domenique e eu, jamais saberia lidar com isso.

Recosto nos degraus, sopro a fumaça em direção ao teto. Fecho meus olhos, aquele roxo ainda está na minha cabeça. E, quando eu olhei para Domenique naquele momento, quando a vi ferida, fragilizada mesmo que bancasse a forte. Tudo mudou. Eu ainda a queria, eu precisava dela, eu necessitava daquela garota, mas, não era mais como apenas mais uma das milhares outras. Era como única. Eu apenas a queria. E agora ela estaria brava demais comigo. Acalmava-me saber que ela também me queria, porém, demoraria muito para ela me dizer, para confessar e aceitar esses sentimentos e desejos não apenas para mim e principalmente para ela mesma, e se eu desistisse dela, ela desistiria de mim porque aos seus olhos eu não passo de um conquistador e sua vida estava melhor antes de eu aparecer para bagunça-la. Era verdade.

E eu sou um conquistador, em um elogio gentil. Esse conquistador agora, entretanto, queria conquistar apenas essa garota e a fazer minha, apenas minha. Esse merda de conquistador queria entrar no mundo pacífico dela porque era apenas na sua paz que o meu caos era acalamado. Eu sabia, deveria me manter longe, deveria ignora-la para sempre e manter todo meu caos bem longe dela, mas, era tarde demais. Tínhamos colido e eu não queria mais sentir a sensação de vazio que eu sentia antes de a conhecer. Eu queria encher, transbordar. Eu deveria, deveria deixar ela ser feliz com um cara sem problemas, sem traumas, sem vícios, sem marcas e cicatrizes, sem demônios e milhares de pesadelos, deveria vencer o meu lado egoísta, mas, sempre fui fraco. Eu lutaria por essa garota, eu faria de tudo para ficar com ela. Mesmo que tudo dê errado no final, mesmo que eu me quebre ainda mais, mesmo que no fim, ela me deixe como ela me deixou, eu eternizaria os momentos juntos antes de serem apenas lindas lembranças doloridas demais para serem recordadas mas especiais demais para serem eternamente esquecidas. As preservaria com cuidado e carinho, aprenderia como.

— Domenique, acertei? —

Nathan aparece brotando do chão feito uma planta.

Bad BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora