capítulo 5

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JOSEPH RIVERA

 

Fitei o relógio da sala. Ele marcava duas horas e doze minutos de uma tarde de domingo movida por muita água, para que eu conseguisse estar sóbrio e acordado a essa hora depois de toda a festa de ontem até a madrugada de hoje.

A casa ainda estava uma zona. Provavelmente ficaria assim até amanhã de tarde quando eu retornasse depois das aulas. Ou talvez até terça-feira caso eu parasse em uma festa na volta e fosse me divertir com alguma garota e beber um pouco.

Abaixei meu olhar e focalizei no livro em cima da mesa de centro retangular e comprida na sala. Eu havia trago ele para cá quando resolvi que dormir era a última coisa que eu faria e Nathan foi comprar alguma coisa.

Estiquei o braço e peguei o livro, me sentando para poder observar ele com mais atenção. Ele não era de capa dura, e parecia ter sido comprado há menos de dois dias porque ainda estava com aquele cheiro de livro novo. O título dizia Piano vernelho. O preto e vermelho se misturando e a siringa na centro da capa.

Folhiei as páginas do livro, desinteressado. Um aroma doce misturado com o cheiro de folhas novas subiu, ele me fez lembrar do cheiro do perfume dela quando me sentei na mesa para trocar as nossas primeiras palavras. Caramba como eu queria essa garora aqui agora.

Respirei mais fundo e abri o livro na primeira página, como era de se esperar não havia nada de interessante e fora do comum. Uma página branca com o título, totalmente desnecessário se já estava escrito em enormes fontes na capa, onde o título sempre tende a ficar.

Olhei para o lado da parte interna da capa e pisquei surpreso ao notar letras femininas. Como eu já estava com as minhas lentes ler o que estava escrito havia sido fácil. O nome Domenique escrito em caneta vermelha se destacava na folha branca, delicado e pequeno.

— Domenique. — pronunciei o nome dela apreciando cada sílaba, sorri passando o dedo pela escrita levemente. Eu já tinha o nome dela, agora precisava a reencontrar para obter o número.

— Eu quero você Domenique....e eu vou te-la custe o que custar. —

Prometi, passando as páginas para saber onde ela havia parado, e para a minha surpresa só fui encontrar um marca-texto de outro livro no final, seis páginas antes. Me recordo de observar ela antes de tomar a decisão de atrapalhar sua leitura, a sua tensão enquanto os seus olhos vagavam pelas linhas, os dentes se prendendo sutilmente no lábio inferior e o sorriso de canto em êxtase por estar perto do fim.

Ri, ela certamente estaria tão desesperada por ter perdido o livro assim tão perto de termina-lo, conseguia visualizar ela me xingando de todos os nomes possíveis desse mundo por ter a interrompido de terminar o livro ao me sentar na mesa e destruir com dedicação toda a sua amada paz.

A campanhia da casa ressou.

Levantei a cabeça, fechei o livro e coloquei ele em cima da mesa outra vez e segui para o corredor da entrada.

Mal tinha aberto a porta e um corpo baixinho passou voando pelo vão. Achei que era algum animal, mas ao lembrar do som da campanhia percebi que seria impossível. A menos que animais estivessem andando em duas patas.

— Seu canalha! —

Olhei atordoado para trás, havia uma garota baixinha de cabelos castanhos escuros quase pretos. Estava parada bem no meio do meu corredor me olhando como se tivesse sido convidada e eu a conhecesse.

— Primeiramente, quem é você?? —

Perguntei cruzando os braços contra o peito e a encarando sem um pingo de paciência para lidar com esse tipo de situação e esse tipo de garota, provavelmente havíamos tido algum lance e eu nunca mais a procurei depois.

Bad BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora