cap 18

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Anteriormente:

- Pode ir- eu falo para Carlos quando desço após trocar os lençóis da cama.

Ele sobe se deita na cama e eu vou para a cozinha

Me pergunto. Como ele conseguiu fazer isso? Não chorar pela morte da irmã? Não estou falando que ele é sem coracao só por não chorar pela morte de Lúcia. Só gostaria de saber como, para saber se consigo fazer o mesmo.

Pego alguns dos morangos e começo a comer.

Escuto passos atrás de mim e me viro, vendo Carlos

...

- Já se levantou?- pergunto e ele assente

- Pergunte- ele fala e eu faço uma cara de confusa- Sei que quer me perguntar algo

- Como conseguiu fazer isso? Não querendo te chamar de sem coração, mas como não está triste pela morte da Lúcia?

- Eu estou. Ela era minha irmã mais nova. Claro que estou triste por ela ter se matado. Apenas não demonstro

- Como faz isso? Quando um de nossos amigos morreu, eu chorei, e olha que nem éramos muito próximo- falo e contraio a boca

- Eu fui do exército

- Está falando que perdeu alguém lá?- Pergunto e ele assente- Mas não estamos em guerra.- Falo confusa e ele respira fundo

- Depois do que aconteceu, já deve ter imaginado que um estudo desses precisaria envolver grande parte do governo, né?- Ele pergunta e eu assinto- Como pode confiar neles ainda?

- Não sei- Falo sincera

- Tem muitas coisas que eles escondem. Uma delas é uma guerra- ele fala e eu arqueio as sobrancelhas representando surpresa

- Como podem esconder uma guerra? Alguma pessoa escutaria né? Ou então teria refugiados por todos os países. Algum helicóptero ou avião veria uma guerra acontecendo

- Não sei. Eles podem ter falado que lá era uma área de extremo risco. Não acho que possa haver algum sobrevivente civil dessa guerra

- Sabe por que ela está acontecendo?- Pergunto e ele nega- Termine de falar da guerra- Eu peço e ele faz sinal para irmos para fora.

- Ela acontece a três anos, que eu saiba. Eu participei dela no primeiro ano e meio. Depois disso, fui trabalhar na CPEI. Não aguentava mais ver tanta morte, e um pequeno deslize, me causou isso- Ele fala e levanta a calça, revelando uma perna mecânica- Nessa guerra, eu perdi tantas pessoas, e matei tantas outras- Ele fala e olha para o céu.- Eu era o melhor da minha equipe. Tinha só vinte e oito anos quando isso aconteceu- ele fala se referindo a perna e começa a andar em direção a floresta sendo seguido por mim- Mudando completamente de assunto, como vai seu problema com raiva?

- Eu não tenho problema com raiva- Falo rindo

- Sim, você tem- Ele insiste

- Não, não tenho

- Tem sim- ele insiste e eu respiro fundo

- Não tenho- falo com uma sobrancelha arqueada

- Se lembre que já participei de uma guerra. Sei identificar quando alguém tem um problema, e você tem um- Ele fala e faço uma cara de tédio após revirar os olhos

- Não tem porque eu ter problemas com raiva

- Você pode achar que não tem, mas tem. Você só tem que "libertar" essa raiva ou uma hora ou outra ela pode acabar explodindo- ele continua insistindo e eu me encosto em uma árvore

no fim do mundo 1 (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora