Cap 17

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Por Sophia

- Acho que já podem explicar né?- pergunta Matheus

- Deixa eles passarem primeiro- fala Carlos e ele assente. Escutamos as motos passando e logo o barulho está distante- Tudo bem. Para começar, eu e Lúcia somos irmão. Pedro é irmão do nosso antigo chefe, ele ficou sabendo da pesquisa, um pouco antes da pandemia. Quando tudo "explodiu ", ele veio atrás de nós para fazermos a cura e darmos a ele

- Mas não sabemos qual é, a única pessoa que sabe, é a que nos manipulou. Infelizmente não sabemos o nome dele- fala Lúcia

- Como não sabem o nome dele? Vocês não trabalharam juntos?- eu pergunto e Lúcia responde

- Nós trabalhamos juntos, mas ele nos falava um nome falso, ele falava que se chamava José Carvalho.- ela fala e eu engulo em seco quando ouço o nome- Descobrimos a alguns meses quando procuramos o nome dele no sistema para ver se ele tinha colocado alguma coisa lá

- Que canalha- eu falo com raiva. Ele até pode ser meu pai, mas isso não me impede de xinga-lo

- Concordamos- Fala Carlos e ficamos sentados por um tempo no sofá

- Temos que ir. Ele já deve estar bem longe- fala Hugo se levantando sendo seguido por nós e Lúcia assente

- Vai ficar aqui ou vai para sua casa?- Lúcia pergunta ao irmão e ele responde um "vou ficar aqui"- Tudo bem. Vocês querem ajuda com algo?- ela pergunta e negamos, mesmo que eu ache que um adulto por perto não seja tão ruim.

Nós saímos da casa com cuidado para nenhum zumbi ser atraído para cá mas vejo uma movimentação atrás de algumas moitas que ficam a frente da casa e com reflexo, puxo Amanda para trás de mim e saco minha arma, dando um tiro nas folhas, e logo após, escutando um grito.

Voltamos rápido para dentro da casa e Carlos nos pergunta o que foi isso.

- Tem uma pessoa lá fora- fala Hugo- Acha que acertou?- ele pergunta para mim e nego.

Carlos olha por baixo da cortina com cuidado e se vira para nós

- O grupo do Pedro está lá fora junto com ele. O tiro que Sophia deu, quase acertou uma mulher que está lá fora.- ele fala e ficamos preocupados, com a primeira parte, é claro. A mulher que se foda

- Temos que sair daqui, agora!- fala Lúcia.

- A outra saída, ainda está fechada?- Carlos pergunta e Lúcia assente- Mas que merda! Vamos pela laje. Tem uma janela no andar de cima que se irmos por uma parede, podemos ir por ela e ir pela laje até a casa de trás. Tudo bem?- ele pergunta e falamos que sim.

Fizemos o que ele falou. Fomos até o segundo andar e pulamos uma janela, subindo por uma "escadinha", que tinha no muro incompleto. Subimos na laje da casa e começamos a andar agachados o mais silenciosamente possível. Quando chegamos no fim da laje, vimos um espaço que poderíamos pular facilmente, e foi o que fizemos. Pegamos impulso e pulamos até a laje da casa da rua de baixo. Pulamos a janela de entramos na casa, saímos da mesma forma que entramos, rápidos e silenciosos.

Já estávamos na rua quando um tiro foi disparado perto do pé de Amanda. Nos viramos quase instantaneamente.

- Queremos um de vocês- Fala Pedro indicando os adultos.

- Já falei Pedro, nós não temos a cura!- Fala Lúcia e Pedro nega sorrindo

- Se não tem, vão descobrir como fazer. Não me interessa como- Ele fala e eu penso em como ele é insistente.- Se não quiser fazer por bem, vai fazer por mal. - Ele fala e alguém puxa Amanda. Como não vimos a pessoa se aproximar?-  Eu sei como é apegada com crianças. Sei que odiaria ser a causa da morte de uma- Ele fala e um menino moreno que estava do lado dele, aparece um com um zumbi sendo segurado com os braços atrás das costas.

- Como pode? você é um mostro! Ela é só uma criança!- fala Carlos indignado e eu só penso em como pude deixar que Amanda fosse pega desse jeito

- Sabe que eu não ligo de fazer o que preciso para ter o que quero- Pedro fala e passa mão pela pele extremamente clara de Amanda e eu vejo uma lágrima escorrer pelo seu rosto e a pequena sussurrar um "me ajude"

- Solte ela- eu falo apontando a arma na direção dele e Matheus segura meu pulso, falando para mim abaixar a arma

- Você não deve nem ter uma mira suficientemente boa para me acertar. Com certeza não terá coragem de atirar em mim para me matar- ele fala debochando e penso que o tiro não precisa necessariamente matar ele. Miro a arma do lado da cabeça de Pedro e atiro. Ele me olha e percebo um pouco de medo em seus olhos

- Essa não é a primeira vez que acerto um tiro de raspão em você. Não duvide de mim- falo com minha melhor mascara de fria. Mas por dentro, estou morrendo de medo dele fazer algum mal a Amanda

Pedro pega a arma do menino que estava ao seu lado e coloca na cabeça de Amanda. Eu devia ter deixado minha boca fechada.

Escuto Lúcia começar a sussurrar algo, e presto atenção

- Vou pedir para que ele devolva Amanda e vou até lá. Vocês vão correr o máximo que conseguirem e vão sair daqui. Sem olhar para trás, vão até os carros sem olhar para trás- Ela fala com lágrimas nos olhos e da um abraço em seu irmão- Tudo bem- ela fala e respira fundo após se soltar do abraço- Eu vou. Mas quero que devolva a menina- ela fala para Pedro que assente

- Tudo bem- Ele fala e solta Amanda, que corre até nós- Lucas, pegue ela- Pedro fala e o menino que estava ao seu lado, vai até Lucia. Vemos ela assentir com a cabeça, indicando que deveríamos começar a correr, e foi o que fizemos. Corremos o máximo que conseguíamos.- Vocês vão mesmo abandonar ela aqui?- Ele pergunta se referindo a Lúcia e ouso olhar para trás. O maior erro da minha vida. 

Tudo aconteceu rápido, como na morte de Miguel. Lúcia puxa uma arma da cintura- que deve ter pego de Carlos em algum momento, já que não tinha visto nenhum volume em sua blusa- e atira em sua própria cabeça. 

Mesmo tendo acabado de conhecer ela, sinto lágrimas escorrer pelos meus olhos. Não pelo fato de uma pessoa conhecida ter se matado na minha frente. Não. Tínhamos acabado de conhecer ela. Eu definitivamente não choraria por isso. O problema é, foi uma cena pesada. Até mesmo o grupo de Pedro ficou um breve tempo sem reação. E esse tempo foi o suficiente para virarmos a curva da rua, e irmos até nossos carros.

Não acho que eu dirigir um carro, em uma fuga, seja muito aconselhado. Mas na hora, o desespero foi tão grande, que nem tive tempo de raciocinar. Só sei que entrei no carro, o liguei e dei a partida quando todos já estavam dentro. Nem sei quem ficou no outro carro. Assim que escutei as portas se fechando, acelerei.

...

Não faço ideia de como não bati o carro, não sabia nem que podia dirigir tão rápido. 

...

Quando estávamos chegando na casa, olho para Carlos que está sentado ao meu lado. Olhando as casas. Volto a prestar atenção a estrada quando vejo que já estamos em frente a casa. Paro o carro e todos dessem. Vejo que Carlos ainda não desceu e encosto em seu braço, vendo-o levar um susto

- Vem- eu falo e saio do carro, sendo seguida pelo homem.

Ele senta no sofá e subo até o segundo andar, me lembrando do quarto que ninguém ta usando por pura preguiça.

Começo a tirar algumas caixas que estavam espalhadas pelo quarto mas vejo que vou precisar de ajuda.

Peço ajuda para Camilli e começamos a subir e descer escadas. Levando as caixas para o sótão. Limpamos o quarto e fico surpresa por não ver nenhuma aranha andando por ai.

- Pode ir- eu falo para Carlos quando desço após trocar os lençóis da cama.

Ele sobe se deita na cama e eu vou para a cozinha

Me pergunto. Como ele conseguiu fazer isso? Não chorar pela morte da irmã? Não estou falando que ele é sem coração só por não chorar pela morte de Lúcia. Só gostaria de saber como, para saber se consigo fazer o mesmo.

Pego alguns dos morangos e começo a comer.

Escuto passos atrás de mim e me viro, vendo Carlos

no fim do mundo 1 (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora