cap 21

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" Era como se eu estivesse assistindo um filme. Mas eu sei que é apenas um sonho. 

Eu estava presa, em um cômodo escuro, como o do porão. Estava encolhida em um canto. Com o cabelo curto bagunçado. Minhas roupas estavam em farrapos. Tinha um curativo no rosto e eu conseguia ver um na minha barriga. 

Uma pessoa entra e eu consigo sentir o desespero, o medo. O meu medo.

 - Por favor, não. De novo não- eu tento implorar mas não consigo. Ele vem até mim e eu não me mexo. Provavelmente seria pior se eu me mexer

Ele me levanta e me leva até a sala ao lado. Vejo varias pessoas desconhecidas. Algumas me prendem em uma cadeira e colocam um cinto, que já está todo marcado de dentes, na minha boca.

Uma mulher pega uma seringa e começa a enche-la com meu sangue. E após ela encher três seringas grandes, já me sentindo meio grogue. Pedro entra no cômodo

- Mudou de ideia?- ele pergunta e começam a sair lágrimas pelos meus olhos- Que pena- ele fala e vai até a mesa ao meu lado.

Ele abre um estojo e vejo vários tipos de lâminas e outras coisas. Ele vem até mim com um bisturi e o aproxima da minha perna com calma. Eu começo a balançar a minha cabeça, pedindo para ele parar, mas ele não para. Ele simplesmente olha para mim com uma falsa decepção e passa o bisturi com força na minha perna"

Acordo tremendo, suada e com o coração quase saindo pela boca. Vejo que ainda está de noite, acho que vai demorar um pouco para amanhecer. Percebo minha respiração ofegante e me viro para ver se Amanda ainda está dormindo. A vejo com uma expressão serena e me levanto para tomar um banho gelado.

Ligo o chuveiro e sinto a água escorrer pelas minhas costas e eu respiro fundo. Que seja só um sonho, que isso não aconteça. Era o que eu mais queria.

As vezes, eu tinha sonhos que aconteciam. Geralmente eram coisas pequenas, como um livro que eu ia ler, uma cena de alguma série ou filme. As vezes, até de um lugar que eu ia. Mas de alguns meses para cá, antes desse apocalipse começar, comecei a ter sonhos disso aqui, de nós fugindo, de eu descarregando um pente de balas em zumbis. 

Um exemplo foi de quando eu e as outras pessoas da minha sala estávamos no ônibus, indo para o acampamento mas a árvore estava caída. Aquele foi o dia em que o apocalipse começou. O sonho mostrava eu e o pessoal que está aqui, na casa que eu morava. Uma horda de zumbis começou a passar, e rapidamente nos escondemos. 

Infelizmente nunca consigo me lembrar do sonho inteiro, só de algumas partes. 

Quando acontecia, quando a cena do sonho se tornava verdade, eu sentia uma grande sensação de deja vú.

Saio do chuveiro e me enrolo na toalha, logo colocando outra roupa quase igual a que eu estava. 

Vejo que não vou conseguir dormir novamente então desço para o porão. Vou tentar achar alguma coisa aqui.

Vou direto para o final do corredor e entro na sala que tinha os telões mostrando as câmeras e reviro o lugar

Não tinha nenhum piso solto, já que não tinha piso. O lugar só estava rebocado. As paredes não estavam pintadas, não tinha lâmpadas- Até porque não adiantaria já que não temos energia- A única coisa que tinha ali eram os monitores em cima de uma mesa e uma cadeira. Procuro pela mesa até que acho um caderninho de couro preso abaixo da mesa. Começo a lê- lo

  20/03/2021- sábado

"Alguns dias atrás, resolvi pegar algumas pessoas para serem cobaias. Mendigos serviram perfeitamente. Richard "- e mais uma vez, meu pai está no meio -" Me deu alguns frascos com o vírus para eu testar. Mesmo que tenha sido ele quem fez o projeto, ele ainda estava meio desconfiado de que realmente funcionasse. Consegui  dez cobaias. Injetei o vírus neles mas em dez dias, eles apodreceram. Richard me falou que vai modificar o vírus e vai me trazer daqui alguns dias"

no fim do mundo 1 (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora