Tsukkiyama: Notas e fones (parte 1)

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Tsukishima saía da sua aula de História da Antiguidade direto para o Restaurante Universitário e, antes que pudesse colocar música nos seus fones, escutou uma voz masculina, suave, que cantava um indie famosinho, mas que o loiro não conhecia. Andou mais um pouco pelos corredores e identificou o dono da voz, que estava sentado no chão, em um pequeno degrau para não atrapalhar o caminho de quem estivesse passando pelo corredor. O rapaz tocava um violão aparentemente velho, tinha cabelo preto esverdeado e duas mechinhas fofas saindo para cima, adoráveis. Assim como as sardas que ele possuía logo abaixo dos olhos e no nariz.

Tinham duas outras pessoas do lado dele, um ruivo e uma loira do cabelo curto, que estavam sentados e movendo o corpo a acompanhar o toque o violão. O timbre do garoto sensibilizou o maior, embora não se identificasse com o estilo musical. Notou uma caixinha perto deles e então pôs duas moedas ali, onde haviam outras. O rosto do músico brilhou em um sorriso gentil enquanto ainda cantava alguns versos. Aquilo quase fez Tsukishima parar e sentar ali junto, mas apenas corou e seguiu caminho para o almoço.

Depois de almoçar, fingiu não notar o garoto vindo na direção contrária, com o violão nas costas e com os dois amigos de antes. E também fingiu não notar que ambos trocaram olhares. Fingiu não notar mais um sorriso do homem de sardas. Tão leve e tranquilo, Tsukishima se apaixonaria fácil por aquele sorriso, mas continuou andando em direção ao seu CA a fim de carregar seu celular e ouvir música, como sempre.

Tirou uma soneca e foi para mais uma aula, o rapaz alto começava agora o terceiro semestre em história e não tinha tantos amigos em sua sala. Vez ou outra jogava vôlei com algumas pessoas de outros cursos, mas nesse início de semestre ainda não tinha ninguém jogando e nem sinal de vida no grupo que eles tinham no app de mensagens, então quando acabou sua última aula do dia, apenas foi pra parada de ônibus para ir para casa.

Metodicamente, checou o horário e ainda faltava duas músicas pra passar o próximo ônibus. Sim, ele cronometrava tudo com música, isso quando a avenida não parecia perigosa, pois às vezes tinha receio de ser assaltado. Mas não deu tempo de nem mesmo selecionar uma e ouvir no aplicativo, pois o ônibus vinha e se não tivesse outra pessoa para dar sinal, provavelmente ele o perdesse por conta de uma distração. Não hesitou em subir.

— ALGUÉM PARE ESTE ÔNIBUS! — uma voz estridente ressoou.

Olhou em direção por reflexo e era o ruivo que estava com... Estava com... O rapaz de sardas de mais cedo corria e por pouco conseguiu entrar. Ele era uma gracinha e Tsukishima quase riu da sua cara completamente vermelha, que não sabia se era de vergonha pelo amigo ou se era pelo cansaço de correr. Ao pegar fôlego, o garoto soltou um surpreso, porém baixo:

— Oh.

Tsukishima percebeu que ele o notara e desviou o olhar.

— Você é o cara de mais cedo — continuou, no mesmo tom, ainda afobado.

Não falou nada.

— Eu sou Yamaguchi Tadashi, eu entrei em música agora.

Continuou não falando nada, olhando o mais perfeito nada do outro lado.

— O Hinata é tão espalhafatoso — deu um riso tímido.

— Vamos sair de perto da porta, as pessoas vão querer entrar — disse, finalmente, se direcionando mais para o meio do veículo, o outro foi atrás.

— Quer que eu segure? — perguntou uma mulher aleatória que estava sentada.

— Obrigado — Tadashi seguiu, dando seu violão para ela, e então, quando ela se ofereceu para segurar a bolsa, ele a deu também, Tsukishima não poderia deixar de reparar nos dois bottons pequenos, um com a bandeira LGBT+ e outro com a bandeira trans, mas não perguntou nada mais.

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