Kyouhaba (?): Passeio

73 14 0
                                    

Aquela manhã de sábado exalava preguiça. Yahaba tinha o sono mais leve, mas dessa vez quem acordou primeiro foi Kyoutani. Não que quisesse acordar, na verdade queria dormir o tempo inteiro, mas de manhã era a hora do passeio de Bitoca.

Bitoca, ou Bitoquinha, como Shigeru chamava, era o cão de estimação do casal. O cachorro caramelo tinha um focinho preto e curioso que tocou o pé do loiro que estava para fora da cama. Recolheu a perna, encolhendo os dedos por causa do toque gelado. Era a hora de levantar.

Sentou-se cuidadosamente para não acordar seu amado e vestiu uma roupa depressa. O rabo cheio e peludo mexia, ansioso, por vezes andando em círculos e pequenos pulinhos, a língua para fora era adorável. Ele parecia compadecer com o dono na missão de não acordar o outro dono, e o rapaz agressivo tinha que aproveitar isso ao máximo.

Pegou os tênis para calçar na sala, junto da coleira de Bitoca e uma barra de cereal para levar caso sentisse fome. Amava aquela bola de pelo enorme, encontrou-o numa caixa de papelão abandonada, ainda filhote, frágil e com uma péssima aparência. Estava junto de Yahaba, e Kentarou até tentou ignorar o cãozinho, mas este fez questão de segui-los e até mesmo morder a calça do menor.

Não conseguiu. Era fraco contra demonstrações de afeto, ainda mais vindo de uma criaturinha felpuda de cor caramelo. O levantador reserva da Aoba Johsai já era perdidamente apaixonado pelo rapaz agressivo, mas naquele dia fez questão de distribuir beijinhos para ele o dia inteiro. Por isso se chamava Bitoca.

O nome foi escolhido por Kyoutani, por mais incrível que possa parecer, mas evitava dizer que foi ele para não perder sua pose de durão. "Que pose?" diria Shigeru. Rosnou com o pensamento.

Amarrado seu sapato, pôs a coleira em seu cachorro e preparou-se para correr na calçada junto com ele. Era um incentivo para continuar suas atividades físicas normais mesmo em fins de semana, seu cão corria muito e era sempre ele que precisava o acompanhar, não o contrário.

Bitoca o comprova que cães sem raça definida eram imensamente melhores. Quando era mais novo, costumava achar que cães grandes e de raça eram os melhores, distribuía o discurso sobre a aptidão de cada animal como se eles fossem produtos. E Bitoca o provou que ele poderia dar tanto amor quanto qualquer outro cão, e agora nem mesmo sabia viver sem o seu companheiro, poderia até dizer que o ama tanto quanto ama Yahaba, mas nunca diria isso em voz alta. Por coincidência ou não, Bitoca cresceu muito e hoje é um cão de médio porte incrível, bem como os cães que Kyoutani queria.

Depois de passear pelos arredores e fazer algumas sujeiras — estas que Kyoutani sempre limpava com uma sacola —, foi a hora de pegar o ritmo de uma corrida mais densa. O cão por vezes latia em felicidade enquanto corria, e o homem constatava que o vento no rosto em corridas matinais como esta e os treinos de respiração que fazia enquanto isso eram ótimos remédios para o seu problema de estresse já tão conhecido, além de ajudá-lo a pensar e pôr ideias no lugar.

Seu ex-levantador costumava acompanhá-lo, mas naquele dia, o platinado estava tão manhoso dormindo que o deixou na cama, cobrindo-o com um lençol fino que antes dividiam, não conseguia resistir a ele. Segurou o riso com uma carranca, Kyoutani não sorria, muito menos em público enquanto pensava em seu namorado, era simplesmente vergonhoso demais.

Pararam em um banco que havia em uma praça local, para um descanso rápido, tinham um menino deveras familiar nele, um rapaz moreno e meio corcunda, com as pontas dos cabelos loira e um capuz cinza por cima de tudo. Os braços na frente do corpo denotavam um enorme "Não fala comigo, não fala comigo, não fala comigo"

Kyoutani deu de ombros e buscou uma garrafa em sua pequena bolsa. Não estava. Putz, saiu tão apressado e tão nervoso para não acordar o amado que não lembrou de encher sua garrafinha e muito menos colocá-la na bolsa. Engoliu em seco. Kyoutani odiava interagir.

Contos de Haikyuu (agora com rareships também)Onde histórias criam vida. Descubra agora