Miwalisa: Trivial

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Estava nervosa. Dei uma última ajeitada no cabelo e retoquei meu batom antes de sair do meu quarto, ainda bem que meu digníssimo colega de quarto e irmão, Kageyama Tobio, não estava presente ou poderia me alfinetar agora, e com razão, eu não conseguia parar quieta no quarto e precisava sair o mais rápido possível para acalmar minha ansiedade.

Calma Miwa, era só um jantar, o que há de tão preocupante? Dizia meu segundo neurônio.

Sim, eu ia jantar com minha quase namorada, apenas um jantar com uma das modelos mais procuradas e famosas para um restaurante chique — porém nem tanto, ela foi atenciosa com a escolha do local, visto que não gosto muito de lugares com a alta classe —. E eu estava completamente, inteiramente, apaixonada por Alisa Haiba, eu sei que estava.

Saí do meu quarto e encarei as ruas, encontrei alguns conhecidos, mas não me estendi na conversa para que não me atrasasse mais que o necessário, até enfim estar no restaurante. E de fato, era o perfeito equilíbrio, não era pomposo e requintado, mas também não era o tipo casual. Harmonioso assim como uma certa figura elegante que lia um cardápio em uma das mesas, Alisa era muito sofisticada sem nem mesmo se esforçar para tal. Nossos olhares se encontraram e ela abriu um sorriso despojado, acenando com a mão, fui na direção dela e sentei-me em uma das cadeiras, à sua frente.

— Já pediu algo? — perguntei.

— Estava esperando você, mas tenho umas sugestões...

Depois de conversarmos, pedimos risoto, frango ao molho e um pouco de batata frita com mais uns acompanhamentos, tudo em pequenas porções, claro, já que o jantar era apenas para nós duas. Apenas nós duas... Este fato sempre perdurava em minha mente. Mesmo com isso, eu não estava mais nervosa, a mulher meio russa sempre teve o papo leve e raramente ficamos sem algum assunto para conversar, era leve, tranquilo.

E ela era tão bonita... Não podia deixar de fitar meus olhos em sua figura vezes ou outras, eu não podia deixar de perceber sua graciosidade em um gesto tão trivial quanto, por exemplo, colocar uma mecha de seu cabelo loiro quase platinado atrás da orelha enquanto bebericava sua taça de champanhe. Ela percebeu e lançou-me um sorrisinho reconfortante e até mesmo sem graça, tinha certeza que minhas bochechas estavam tão coradas quanto demonstrava o calor de meu rosto.

De longe, não parecia que sequer havia um clima em nossa mesa, o que era positivo, pois eu ainda tinha receio de ser julgada por sexualidade, mesmo que não tenha absolutamente nenhuma vergonha da Alisa ou algo assim, eu só... Estava incerta que houvesse olhares das pessoas da rua em geral.

Ela pousou a mão sobre a minha de forma carinhosa e acolhedora, foi minha vez de sorrir. Nem acredito que estávamos em um encontro romântico, apesar de não sermos plenamente românticas naquele momento, conversando coisas triviais como o andamento da faculdade e nosso cotidiano em geral. Mas no seu olhar, tenho certeza que no meu também, havia a mais pura admiração.

— Você está tão linda — falou, acariciando minha mão com seu polegar — Pediu ajuda com a roupa, não foi?

Ri genuinamente.

— Claro que sim!

Rimos juntas, ela sabia que eu sempre recorria a um vestuário novo quando era uma ocasião importante. E sinceramente eu não me importava que Alisa soubesse que ela era uma ocasião importante pra mim, mordi o interior da minha bochecha e de repente me deu uma forte vontade de beijá-la, porém a mesa nos separava. Eventualmente a comida acabou, mas continuamos a conversar como antes, trocando elogios e pequenas carícias, a química entre nós duas era crescente e aquele meu desejo de beijar seus lábios apenas aumentou em um calor que se iniciava ali.

Ela pediu a conta e eu quase desanimei um pouco por ela estar cogitando a possibilidade de sair quando na verdade eu só queria ficar mais e mais tempo com ela. Haiba me lançou um sorriso gentil e prontamente retribuí. Ao sair, caminhávamos juntas nas ruas frias do Japão e talvez até perigosas, visto que já era tarde da noite, mas eu me sentia segura com Alisa ao meu lado. Segurei sua mão, nos aproximando e ela me deu um breve selinho, corei levemente. Quando chegamos no dormitório, notei que o estresse do dia ainda não tinha começado.

— Nossa, que horas são? — perguntei, um pouco aflita — Não quero ter que acordar Tobio hoje.

— Você não precisa acordar ele — disse, baixinho.

Quando me virei para perguntar por que, ela tocou meu rosto com ternura e eu me derreti, fechando os olhos. Senti-a se aproximando devagar e posteriormente tocando seus lábios nos meus, o toque era singelo, porém revelava muito. Antes de nos aprofundarmos ainda mais, Haiba murmura, sem jeito:

— Eu estou sozinha no meu quarto.

E então tomou-me os lábios novamente, entreabri-os e deixei-a explorar o que quisesse em mim, eu era dela e somente dela, rendida por sua língua suave. Não era a primeira vez que nos beijávamos assim, mas era a primeira que fazíamos isso no meio do corredor dos dormitórios, nada existia, o mundo parou por um momento, abracei-a para unir nossos corpos. Antes de qualquer coisa, andamos pelos corredores ainda trocando carícias apaixonadas, então ela abriu a porta de seu quarto e nós fomos pra dentro dele. Alisa estava de costas contra a porta quando a beijei outra vez.

Os dedos deslizaram pelas minhas costas, por debaixo das roupas, seu toque era firme e macio, fazia eu me sentir num sonho. Interrompi o beijo para enterrar-me em seu pescoço e sentir seu perfume tão característico que era completamente apaixonada, fazia eu me perder em pensamentos, tirava palavras de minha mente.

— Miwa... — sussurrou, me abraçou e levantou meu rosto novamente, fez com que nossos narizes se encostassem, acariciassem — Eu iria perguntar isso no restaurante, mas eu fiquei um pouco, hm... Digamos que deu um pouco errado

— Perguntar?

— Sim... — as maçãs de seu rosto perfeitamente coradas indicavam sua timidez.

Fiquei em silêncio e senti minha bochecha esquentar de forma semelhante, ela ajeitou uma mecha de meu cabelo curto atrás da minha orelha antes que pudesse falar. Ergueu uma pequena caixa preta, redonda, aveludada.

— Quer namorar comigo?

Sorri, boba, sem conseguir pensar no que deveria responder. Abaixei a cabeça, tentando raciocinar naquele mar de serotonina.

— Por que comprou um anel pra me pedir em namoro?

Ela corou e eu dei uma risadinha um tanto irônica.

— Na verdade, era pra ser entregue na taça, mas erraram a taça e quase engoli — Alisa fez um biquinho fofo que eu não pude deixar de beijar.

Rimos.

— Aceito, besta.

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Essa era uma fanfic com OCs que tava apodrecendo nos meus rascunhos e de alguma maneira consegui aproveitar as Miwalisa, na época eu escrevia em primeira pessoa e hoje eu acho mega vergonhoso, mas se gostarem por favor dê seu votinho ou um comentário para incentivar e eu continuar minha coletânea!

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