OsaYama: Cobertores

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Osamu abriu a porta. Nem mesmo esperou o Miya abrir completamente e Yamaguchi o atropelou, entrando no cômodo da casa, rindo e correndo, rodopiando. Naquele dia frio, era o homem mais feliz do mundo. Por quê? Bem...

— A nossa casa, Samu! Uma casa minha e sua! — gritou com um entusiasmo e uma sensação de liberdade tão vibrante que poderia ver o sorriso do menor até de costas.

Isso antes dele tropeçar numa cerâmica mal encaixada e quase cair enquanto gira, adorável. O ex-ponta fechou a porta quando entrou e olhou em volta, deixando o ar entrar pelas narinas. Aquilo o acalmava, tinha gastado todas as suas economias para aquilo, mas dava a ele a mesma sensação de paz de quando terminou de montar a Onigiri Miya.

Tudo estava vazio além de uma geladeira velha, embora em bom estado, onde não havia nada dentro e, claro, seu namorado no meio do cômodo, andando e olhando tudo com admiração. Era um lugar pequeno, com dois vãos, um que deveria ser sala e cozinha, e o outro, um quarto vazio com um banheiro. As paredes pintadas de um verde bem clarinho, a cor favorita de Yamaguchi, apesar da pintura precisar ser renovada, certamente.

O ex-capitão do time voltou de sua pequena tour pela nova moradia e Osamu sorriu. O sorriso do menor era contagioso. O cozinheiro não resistiu em beijá-lo, um beijo singelo, que demonstrava doçura e suavidade. Tadashi sorria entre o beijo, um tanto corado por causa de sua vergonha.

O contato do raposa quase sempre era calmo, as costas da mão direita foram ao encontro da bochecha sardenta, deslizando pela pele macia. Tadashi encaixou melhor seus lábios nos dele e abraçou-o pela cintura. Lembravam do primeiro beijo que trocaram, quando estavam tão felizes que nem mesmo conseguiam sentir vergonha, apenas as borboletas no estômago e gosto de sorvete.

Separaram-se daquele selar, o olhar de Osamu apaixonado, um pouco vidrado nas expressões de seu homem, admirando como ele conseguia ser tão lindo, adorável, leve... O ex-corvo pendeu a cabeça para baixo, negando um pouco, porque não acreditava ser possível estar tão gamado por alguém, tentando segurar em vão o sorriso largo com os dentes no lábio inferior.

Era quase noite. Não dava tempo nem mesmo de comprar comida em um momento como este, pois a essa hora os supermercados estavam cheios e com os preços altos. Osamu, como um bom cozinheiro, gostava de comprar comida de manhã, na primeira leva do dia, se possível no atacado, com um preço deveras interessante e podendo escolher os melhores produtos com cuidado.

— Onde vamos dormir mesmo? — o ex-Inarizaki iniciou, acariciando o rosto do menor, com o polegar.

— Nossa, eu poderia dormir até no chão — riu, abraçando o namorado pelo pescoço e o beijando de novo — Tô muito feliz

Yamaguchi virou-se novamente para olhar as paredes da casa vazia. O outro não interrompeu, sabia o quanto era um momento importante para o namorado. Abriu a geladeira bege e obviamente não tinha nada, ela nem mesmo estava ligada. Mas manteve ela assim para arrumar, na sua cabeça, todas as coisas que guardaria ali dentro depois.

Tadashi sentou, não poderia aguentar mais tempo em pé. Era o sonho dele uma casa só para si, só não contava com a presença de um namorado, mas estava feliz assim também. Como uma pessoa trans, não era fácil morar com os pais. Com seu pai, principalmente. Todas as coisas que teve que ouvir sua vida inteira, tudo não iria mais atingi-lo. Não iria mais ouvir. Nunca mais.

Escutou o passo de seu namorado e virou parte do corpo em direção a ele. Uma lágrima escorria do rosto pintado.

— Osamu — chamou, com a voz um pouco trêmula.

O homem arregalou os olhos e se ajoelhou o mais rápido possível para ampará-lo. Mas não era tristeza, era alívio. O Miya passou seus braços em torno dele, abraçando firmemente. Yamaguchi soluçou no colo confortável de seu amor, ria de si mesmo, seu coração era leve, divertido, aliviado.

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