AkaKen: Olhares

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Akaashi era o aluno prodígio e todos podiam concordar com isso, um estudante com poucos defeitos e caderno colorido. Ele não tinha todos aqueles post-its de cara em seu caderno, na verdade, alguns anos atrás seu material de estudo era bem feio.

Estava em casa rabiscando uma fórmula importante em uma nota amarela limão enquanto escuta as palavras do professor de física meio robotizadas e aceleradas por causa da gravação que fez em seu celular. Keiji era o tipo que gravava escondido seus melhores professores e esse era seu segredo.

Prodígio? Não. Não era a palavra. Ele se esforçava muito para manter aquele padrão. Nas aulas, prestava atenção ao máximo, tentando pegar o máximo da explicação possível, deixando as anotações em segundo plano, embora fizesse em momentos em que o professor fazia pausas. Tudo aquilo fazia todos da sala acreditarem que ele tinha uma memória incrível.

Não era bem isso. Quer dizer, a sua memória era mesmo boa, mas não dessa forma. Ela funcionava só para estratégias de jogo, basicamente, ou para guardar as inúmeras fraquezas do Bokuto. Ou... Ou para decorar cada pedacinho de Kozume Kenma.

Deixou a caneta preta cair na exata hora em que pensou em Kenma. Levou a mão ao rosto e coçou os olhos por debaixo dos óculos de leitura e depois apoiou o queixo com a mesma mão. Se permitiu repuxar um pouco os lábios em um sorriso tímido. Ele estava sozinho no próprio quarto, mas a timidez era por si mesmo.

Lembrou-se da sala de aula. Os fones ainda reproduzindo a voz do professor, mas dessa vez, estava tão longe...

Só havia Kozume Kenma.

— Professor, o senhor pode repetir a última parte? — a voz suave e baixinha ocupou a mente Akaashi na mesma hora que ouviu.

E então não conseguiu evitar que seu olhar se direcionasse para ele. A figura relativamente pequena e aparentemente delicada, só aparentemente. O casaco vermelho cobria parte das mãos.

A sala estava fria, mas para o moreno as únicas coisas frias eram suas mãos. Uma delas segurando a lapiseira que usava apenas durante as aulas, para poder rabiscar livremente sem se preocupar com erros. O resto do corpo estava aquecido, aflito, nervoso.

Os olhos azuis metálico nem sequer ousavam se afastar do rosto indiferente, os lábios finos e brilhosos devido à manteiga de cacau que Kozume usava, pois, sempre que seus lábios ressecavam, ele mordia até arrancar toda a pele, e era algo que gostava de evitar. Inclusive estava até um pouco ferido devido à última vez que fez isso.

E o cabelo. O cabelo bicolor de Kenma não era necessariamente o mais hidratado, mas não deixava de ser bonito aos olhos do mais alto, visto que combinavam de certa forma com os olhos felinos. Ele inteiro era tão bonito...

— Keiji? Entendeu? — era o professor, que tinha o costume de perguntar para alunos aleatórios se eles entenderam o que acabou de explicar, suspeitava que ele sempre perguntava para o mais avoado da classe, nesse dia confirmou suas suspeitas.

— Sim, entendi — apesar de inseguro, tinha pegado as últimas explicações antes de se distrair e estava pronto para juntá-las e falá-las na classe, embora não realmente pronto como gostaria.

Mas seu professor não perguntou. Akaashi soltou o ar quando a atenção não era mais sobre si.

Sim, mais um dia olhando para ele. Não era a primeira e nem última vez que fazia isso, e se lembrava particularmente das vezes que foi correspondido, quando os olhos dourado olharam de volta para si, ao longe, nas carteiras da escola. Queria que turmas olímpicas como essas acontecessem sempre para que pudesse ver o rapaz relativamente baixinho da Nekoma todos os dias.

Naquele período de olimpíada, confirmou que o menor não era apenas inteligente em jogo, como também em notas, embora suspeitasse que Kuroo era melhor.

Pausou seu áudio e tirou os fones. Geralmente quando divagava daquela forma, o melhor era andar um pouco pela casa.

Levantou-se para encher a garrafa que costumava ficar perto de sua escrivaninha, Kenma era difícil de tirar da cabeça, imaginava o toque das mãos e o selar dos lábios, os olhos felinos que o encarava. Bebeu um gole de sua água.

Piscou umas duas vezes quando finalmente caiu a ficha. Talvez Akaashi estivesse gostando de Kozume. Tomou outro gole, nervoso, voltando para o quarto. Não foi por falta de aviso de seus amigos, afinal, mas tinha que constatar ele mesmo. E constatou.

Como uma pessoa prática e extremamente direta, puxou sua cadeira e pôs no seu post-it rosado: "Me declarar para Kozume Kenma ♡"

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Oi oi, mais uma! Quem quiser pedir casal ainda pode e lembrem sempre de comentar e votar para apoiar o autor <3

Beijinhos!

Contos de Haikyuu (agora com rareships também)Onde histórias criam vida. Descubra agora