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não teria mais nada

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não teria mais nada.
não teria eu acariciando sua pele.
você me engolindo com o olhar.
nós dois nos encontrando no olho do furacão.
a vida compartilhada.
eu soube, entre um milésimo e outro,
que havia acabado.

                    -textos cruéis demais para
                      serem lidos rapidamente.

   S/n esperava na sala, era aniversário de Timothée e ela havia feito um jantar para os dois comemorarem, se lembrava muito bem de ter lhe dito isso minutos antes dele levantar da cama de manhã, mal olhando na cara dela. A comida havia esfriado horas atrás e a mulher comeu sozinha no apartamento frio, as paredes parecendo ser sua única companhia e ao seu redor vestígios de um relacionamento que algum dia já dera certo. Tomou o vinho que havia encomendado especialmente para aquele dia sozinha sentindo cada gota da bebida que já havia se tornado amarga descendo pela garganta enquango se perguntava onde tinham errado.

    Lá pelas duas e meia da manhã ouviu o barulho de chaves na fechadura da porta, o homem entrou com os sapatos na mão na tentativa falha de não fazer barulho, alguns botões de sua camiseta estavam desabotoados e seus cabelos bagunçados, quando viu que a mulher estava acordada se aproximou dela se desculpando, a fala mole denunciando sua bebedeira.

── Onde você estava? ── falou baixo, mas a mágoa presente em sua voz pesava no ambiente ── Eu lhe esperei por horas.

── Depois do trabalho alguns amigos me chamaram para comemorar em um barzinho e pensei que não teria problemas, querida ── ele havia se jogado ao seu lado no sofá se aproximando para lhe dar um beijo na bochecha, estranhou ao ter o toque afastado ── Vamos lá, você não pode ter ficado brava por causa disso.

── Como não? Eu encomendei seu vinho favorito mesmo essa merda sendo cara e super difícil de achar, fiz sua comida favorita para que você se sentisse minimamente especial e te avisei de tudo isso logo pela manhã quando você saiu sem olhar nos meus olhos e mesmo assim você decidiu ignorar tudo para ir para um bar sujo comer amendoim e beber cerveja, que por sinal você odeia ── ela sabia que não deveria falar nada com a cabeça cheia, mas sentia tudo dentro de si se emaranhar de raiva ── Quer saber? amanhã conversamos Timothée.

    E então ela foi até seu quarto, deitou na cama sentindo tudo girar e ficou parada, não conseguiu dormir direito naquela noite, mesmo com todo vinho que havia tomado. Ela viu as luzes do banheiro se acender, ouviu o chuveiro sendo ligado e depois de algum tempo sentiu um peso do outro lado quando o homem deitou ao seu lado na cama, mal se encostavam mesmo a cama de casal sendo pequena. Pode sentir quando ele dormiu e soube que ele estava com frio quando ele começou a se encolher e arrastar os pés a procura de algo que o esquentasse, quando começaram a namorar anos atrás S/n achava fofo essa mania, agora só conseguia sentir irritação.

     Na manhã seguinte, um sábado onde o tempo estava ensolarado lá fora, um dia tão bonito que parecia inadequado. Tomaram café da manhã em silêncio, um em cada ponta da mesa reforçando a distância que havia entre eles, o único som a ser ouvido era a respiração alheia e o tilintar da louça na mesa de vidro.

── Escute S/n, me desculpe por ontem, eu não sei onde eu estava com a cabeça quando aceitei o convite, só me deixe....

── Eu quero terminar ── ela disse seca nem deixando que terminasse aquele papo furado que a mesma ja ouvira inúmeras vezes.

── Que? ── o homem pareceu chocado, o que seria cômico se não fosse trágico.

── Isso mesmo que você ouviu Timothée, eu quero terminar. Eu só... só não aguento mais isso, nos tornamos pessoas detestáveis que não suportam mais viver sob o mesmo teto e mesmo assim continuam juntas na esperança de que algum milagre as tornem apaixonadas novamente ── seus olhos lagrimejavam, mas isso não impediu que ela dissesse tudo que estava preso ── Você me machuca tanto a cada dia que as vezes não o reconheço, olho para você e mal posso ver a pessoa que eu amava. Nos separamos ao longo dos anos como se nunca tivessemos nos conhecido de verdade e as vezes eu me odeio por deixar isso acontecer porque nós eramos lindos juntos, mas odeio ainda mais a pessoa que me tornei quando estamos juntos, me torno raivosa, posessiva e mal humorada e foi você que me transformou nisso a cada vez que entrava por aquela porta com uma mentira diferente que nos seus lábios se tornavam a verdade mais absoluta para mim. Eu quero que saia daqui até o fim do dia, não posso suportar olhar para sua cara nem por um segundo a mais.

   O homem ouviu tudo quieto, engoliu em seco quando o discurso acabou e não disse nada, só assentiu e se levantou, sentindo seu mundo desabar sob seus pés. Voltou alguns minutos depois com algumas malas, a mulher ja havia terminado sua refeição, mas ainda permanecia sentada a mesa, lágrimas pesadas caiam de seus olhos e a mesma só conseguia olhar para frente em um silêncio paralisante.

── S/n ── Timothée a chamou da porta o que fez a outra se virar para ele, seu nome soando especial em seus lábios pela ultima vez ── Eu sinto muito por tudo.

── Eu também Timothée. Eu também.

  E então ele saiu a deixando ali sozinha em seu apartamento que agora parecia tão vazio que fazia seu peito doer. Ela olhou para todos os cantos, lembranças do que haviam sido ao longo dos anos invadiam sua mente e ela pode ver todos os natais que passaram juntos montando a árvore, ainda podia sentir o cheiro dos biscoitos que Timothée fazia sempre e quase sempre deixava queimar, pode ver todos seus momentos juntos passarem como um filme a sua frente. O fantasma dos anos passados parecia assombrar o lugar. Se jogou no sofá e se permitiu sofrer, chorou por tudo, mas sentiu que foi o melhor para os dois. A quilômetros de distância em um hotel qualquer Timothée também se permitia sofrer, guardou a aliança que havia usado por tantos anos com S/n em um colar que passou a carregar em seu pescoço o tempo todo como lembrança de tudo que tiveram. E assim teve fim um relacionamento que em seus melhores anos juravam que iria ser para sempre, acabou e suas páginas foram jogadas no poço de tragédia onde todas as belas histórias de amor acabavam em algum momento.

PEDIDO DE McPozeButterfly

𝑰𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆𝒔/𝑻𝒊𝒎𝒐𝒕𝒉𝒆𝒆 𝑪𝒉𝒂𝒍𝒂𝒎𝒆𝒕Onde histórias criam vida. Descubra agora