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Nunca estarei pronto pra esbarrar contigo por aí em algum dia da semana e fingir que nosso encontro não criou a lei humana de como o amor permanece intacto com o passar do tempo.
-todas as coisas que eu te escreveria se pudesse
── Estou namorando Joe ── as palavras cravaram no peito de Timothée antes que ele sequer pudesse fazer algo a respeito, sentiu tudo doer e de repente foi como se o mundo inteiro desmoronasse sob seus pés.
──Uau... isso foi... repentino ── foi tudo que conseguiu dizer depois de um silêncio ensurdecedor.
── Eu sei, mas ele parece gostar de mim e eu dele então eu pensei, porque esperar?
Gostava de S/n desde quando haviam se conhecido quando tinham 11anos em um parquinho onde tinham dividido um balde de areia e passado a tarde inteira juntos. Desde aquela tarde viraram inseparáveis, se tornaram melhores amigos do tipo que é difícil visualizar um sem enxergar imediatamente o outro. Faziam parte de um laço tão forte que era como se fosse eles contra todo o mundo e como ironia do destino Timothée se apaixonou pela garota que ainda parecia vê-lo como o menininho bobo com cara de apaixonado de onze anos. Ainda tinha esperança de que pudessem se tornar alguma coisa quando ela finalmente olhasse para o lado e o notasse ali a sua espera mesmo depois de tantos anos, ainda sonhava com o dia onde dividiriam seus votos porque o garoto costumava ter a certeza de que ela seria sua noiva, seu grande amor estrela cruzada. Até aquele momento onde uma simples frase mudou tudo.
── É né, porque esperar.
Sentiu o gosto amargo das palavras e tentou ignorar a montanha rusa de sentimentos que lhe vinham a tona, seus olhos focados nos próprios pés começariam encher de lágrimas a qualquer instante, então ele fez o mais maduro a se fazer:fugiu. Murmurou que precisava ir e se levantou correndo sem nem olhar para trás, seus olhos lacrimejavam enquanto ele ia para sua casa, passou a tarde chorando e pedindo aos céus que quando acordasse não a amasse, porque amar doía mais do que deveria e o garoto sentia que não estava pronto para isso ainda, desejou que tudo fosse simples e em algum ponto até desejou que nunca tivessem se conhecido. Quando a noite caiu recebeu uma ligação, era a garota.
── Oi.
── Oi, você está bem? Saiu correndo hoje cedo.
── É, eu lembrei que precisava fazer umas coisas.
── Sua mãe ainda não chegou? ── a garota disse do outro lado da linha, seu tom de voz cuidadoso porque sabia que era um assunto delicado.
── Não, deve estar muito ocupada em algum canto por ai.
── Você quer que eu vá dormir com você hoje?
── Não, não precisa ── mentiu, a verdade era que se pudesse dormiria ao lado de S/n todos os dias, principalmente quando sua mãe não estava em casa, quando os pesadelos pareciam se tornar realidade e o garoto sentia uma solidão devastadora. Em dias como aqueles bastava se deitar ao lado de S/n e ela inventava as melhores histórias para lhe contar.
── Tem certeza? Podemos ver seu filme favorito antes de dormir e eu até deixo você falar durante o filme todo as coisas que você sabe.
── Tenho, obrigada S/n.
── Então ta bom.
── Vou desligar, tchau.
E a partir dai todas suas interações foram assim, meio desconfortáveis, como se não estivessem mais na mesma sintonia e então Timothée sumiu, se afastou subitamente sem deixar espaço para volta e a garota sentiu sua falta todos os dias. Era como se estivesse faltando um pedaço de si, percebeu o quanto o ele era importante quando sua falta ecoava tão alto que era impossível ouvir outras coisas. Passaram-se dias e dias até que ela caiu na real e de repente todas as coisas fizeram sentido, percebeu o quanto amava Timothée e foi o suficiente para que sua vida tomasse um rumo diferente.
Terminou com Joe e rezou muito para que não fosse tarde demais quando parou em frente a casa de Timothée com um buquê de flores em uma mão e tocou a campainha. O menino atendeu meio sem entender o que estava acontecendo.
── Vim te pedir desculpas por ser tão tapada e vim também te entregar essas flores, sei o quanto você gosta delas mesmo fingindo que não ── S/n estendeu o buquê e entregou ao maior ── eu não sabia que você tinha sentimentos por mim quando comecei a namorar e se soubesse não teria feito porque só depois de te perder eu percebi o quanto preciso de você a cada dia que passa. Senti sua falta e doeu todo o segundo longe de você quando eu te via magoado demais para sequer me olhar nos olhos. Eu tentei fugir de tudo que sentia, mas notei que não tem como fugir disso e mesmo que conseguisse eu não iria querer. Eu seria muito idiota se abandonasse o amor da minha vida por um orgulho idiota e eu sei também que somos jovens ainda e não tem como saber se você é o amor da minha vida, mas se não é então tenho medo do quanto vou amar ainda.
── S/n eu... ── o menino a sua frente estava sem palavras, a olhava boquiaberto ── eu estou surpreso com o tanto de palavras que você consegue dizer por minuto ── brincou, um sorriso tão grande estampado em seu rosto que jurou que teria cãibras.
── Você é um babaca sabia? Eu fiz a maior declaração do mundo e você vem dizer da minha capacidade vocal?
── Eu sei, só que fiquei surpreso, não sabia que era amigo do Eminem ── os dois riram quando S/n lhe deu um soco no braço e depois a seriedade voltou, deixando um silêncio confortavel que foi preenchido por Timothée ── eu gosto de você também, eu te amo tanto que em cada batida do meu coração consigo ouvir seu nome ecoar, te amo tanto que quando você sorri tudo se ilumina e o som da sua voz soa como a melodia mais harmoniosa do mundo para mim. Eu não sou muito bom em demonstrar, não sou bom com palavras, mas é o que é.
Se abraçaram, ambos com lágrimas nos olhos e aquele momento foi tão puro que desejavam guardar para sempre e revivê-lo por anos só para que pudessem se sentir daquele jeito de novo. S/n olhou para Timothée, seus olhos se encontraram e por alguns segundos a garota se sentiu perdida na imensidão do olhar daquele que a encarava, o maior juntou seus lábios quebrando a pouca distância entre eles e eles se beijaram, foi um beijo calmo e todas as palavras não ditas entre eles ficaram ali os rondando enquanto se beijavam, o garoto tinha um gosto doce que a inebriava e a fazia querer mais. Terminaram com um selar de lábios e sorriram em cumplicidade.
