Lealdade.

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Camila Cabello.

Que Lauren Jauregui era o diabo na terra, não era segredo para ninguém. Sequer para mim mesma que tirei aquela conclusão em nosso primeiro encontro.

O que mudava agora era a forma como ela fazia isso.

Os motivos para carregar esse título ainda eram os mesmos. A mulher era capaz de acabar com o juízo de qualquer um, mas ultimamente, o único que ela parecia o interessada em esgotar era o meu.

Dez dias haviam se passado desde que começamos com... "aquilo". Havíamos combinado em manter as coisas entre nós por um tempo, mas aparentemente, não dissemos nada sobre provocações no horário de trabalho; e é claro que Jauregui usava daquela pequena brecha em nosso contrato verbal, e se aproveitava da situação.

Éramos discretas, claro. Não queríamos ninguém comentando do nosso possível relacionamento pelos corredores da revista. Mas era muito difícil resistir quando ela me chamava em sua sala, e se aproximava sorrateiramente. Antes que eu percebesse, estávamos aos beijos com alguns papéis espalhados à nossa volta, e alguns centímetros de calcinhas molhadas.

No início, eu tentava me esquivar, mas em determinado ponto, a situação se tornou insustentável, tanto para mim, quanto pra ela.

Merda, eu queria estar agarrada à Lauren o tempo todo.

Olhei sorrateiramente para a mulher que estava ao meu lado. Normani estava com suas pernas cruzadas, editando alguma planilha. Parecia importante, e eu não teria coragem de interrompê-la, por mais que eu soubesse que precisávamos conversar.

A verdade é que eu vinha a evitando há um tempo. Isso ficou óbvio. Kordei não era burra, já tinha entendido que havia algo acontecendo com nossa amizade.

Eu suspirei quando lembrei do ultimato que me deu no dia anterior.

- Camila! - Ela me chamou, parando à minha frente enquanto eu organizava a minha bolsa para deixar o escritório.

- Sim?

- Podemos conversar?

Gelei com a pergunta. Eu não me sentia pronta pra falar toda a verdade pra ela, mas ao mesmo tempo, não conseguiria mentir.

Não para Mani.

- Hum, tem que ser agora? - Questionei alheia - Vou encontrar uma amiga para jantar.

A palavra amiga, também poderia ser substituída por Jauregui.

- Eu falei ou fiz algo que te deixou chateada?

Estranhei a indagação. Meu cenho se franziu e acabei erguendo o olhar para encará-la.

Por mais que fizesse frio nos últimos dias, Mani insistia em seu vestido preto, que lhe realçava as curvas. Seus olhos fixos no meu tinham um ar tristonho que sequer a maquiagem bem feita escondeu.

Sabia que ela estava chateada com o meu distanciamento repentino. No início ficou irritada, e agora... agora estava se culpando.

Mordi a mucosa interna da boca.

Eu merecia um tiro.

Sempre que eu precisei ela esteve lá por mim, desde minhas crises existenciais até momentos entediantes.

Normani era a minha pessoa favorita no mundo. Quem eu esperava que continuasse ao meu lado por anos; que me fizesse cartões de aniversários enormes como era o seu costume. Que me ligasse quando algo não estivesse bem com ela, e que um dia - quem sabe - fosse minha madrinha de casamento, daquelas que expõe todos os seus podres no brinde, que te faz passar vergonha, mas que no final, te encara com um sorriso cúmplice, onde você sabe que seus segredos estão seguros, porque existe confiança.

Breakaway (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora