Pontuação

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Lauren Jauregui

Eu preferia que Elisabeth acreditasse que a minha irritação vinha exclusivamente do fato dela ter enchido a minha casa de gente estranha. Mas aquela era apenas uma pequena parte da verdade.

Cecile me irritava.

A forma que andava, falava, e sorria.

Tudo parecia ser uma razão plausível para querer chutar a bunda dela para fora do prédio.

Talvez, se a situação fosse diferente, o fizesse. Entretanto, naquele momento específico o ato carregaria consigo uma simbologia. A fraqueza.

Porque sim, eu era fraca.

Camila me deixava daquela forma.

Embora eu odiasse admitir até para mim mesma, eu sabia que o incômodo que havia se instalado na boca do meu estômago, e que agora me impedia de comer o cordeiro que Elisabeth havia cozinhado aquela noite não passava de outra coisa senão ciúmes.

— O que há de errado, Lern? — Leonard questionou ligeiramente preocupado. Talvez, em meio ao barulho incessante da mesa, tivesse notado minha mudez, e minha insistência em jogar a comida de um lado para o outro dentro do prato.

Olhei pra ele por cima do ombro, tentando lhe lançar um sorriso apaziguador.

— Nada — Murmurei, tentando não chamar atenção dos outros — Apenas um longo dia. Estou um pouco cansada.

Notei sua mão tocando meu joelho por debaixo da mesa, de forma carinhosa e paterna.

— Me desculpe por isso, você sabe como sua irmã é quando resolve fazer algo.

Deixei que o ar me escapasse pelo nariz em uma risada quase muda.

Mesmo que não fosse meu pai biológico, Leonard sempre se referiu a eu e Elisabeth como irmãs. Mesmo antes de nosso namoro na adolescência, ele insistia em usar o termo.

Talvez, essa tenha sido uma das razões para que o homem não tenha aceitado bem o relacionamento no início.

De qualquer forma, eu gostava. Fazia com que eu sentisse que tinha uma família de novo.

— Tudo bem, eu sei que ninguém consegue controlá-la — Retruquei lançando um olhar para a loira do outro lado da mesa.

A disposição das pessoas havia se instaurado de acordo com a ordem de chegada. Na ponta estava Elisabeth, pois havia sido a última a se sentar. Em um sentido horário, estavam Camila, Normani, Dinah e Sean. Em um sentido anti horário também a partir de Elisabeth, estavam Cecile, Leonard e eu.

Três conversas paralelas aconteciam naquele momento. Uma entre Cecile, Camila e Elisabeth, que pareciam se divertir ouvindo as histórias de Lis sobre o mochilão que havia feito na europa quando era mais nova.

Elizabeth gostava de falar que havia feito uma pesquisa científica, e que seus resultados concluíram que os melhores amantes europeus eram os Suecos. Claro que antes de admitir isso, ela contava de todos os seus encontros desastrosos.

A segunda conversa paralela se tratava de trabalho. Dinah falava sobre alguns dos casos que já havia tentado solucionar como gerente de crises. Sean parecia realmente interessado, ao contrário de Normani, que lutava para manter os olhos abertos.

Eu e Leonard preferimos não participar de nenhuma das discussões e ao mesmo tempo das duas. Estávamos escutando de forma passiva, trocando de uma para a outra quando ficavamos entediados.

Era do perfil dele ser dessa forma. Cahill sempre foi um homem discreto, calmo e muito observador. Raramente discutia com as pessoas, ou tomava decisões por impulso. Talvez, todos esses fatores somados tenham sido o ambiente favorável que sua mente necessitava para desenvolver uma inteligência acima da média.

Breakaway (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora