Mérito

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Narrador onisciente.

Os saltos batiam de forma rápida contra o concreto escuro que formava a calçada de uma das avenidas mais movimentadas de Nova York.

Quatro quadras.

Cinco minutos.

Essa era a distância e tempo que Camila Cabello tinha para encontrar com sua chefe na porta da Breakaway Magazine. Penduradas no pulso, incontáveis sacolas das mais variadas grifes. Gucci, Chanel, Armani, Victor Hugo, Prada, tudo ao alcance das suas mãos.

Quem olhasse de fora provavelmente pensaria que Camila não passava de uma das lulus¹ que constantemente se via andando pela sétima avenida. O que falariam se descobrissem que a mesma mulher que carregava roupas tão caras, se perguntava como pagaria o aluguel aquele mês?

Ainda apressada, Camila atravessou a avenida quando o farol ficou verde para os pedestres. O celular tocava na bolsa incessantemente e ela já estava ficando ligeiramente irritada com o som. Quando se liga três vezes para uma pessoa e ela não atende, você deduz que ela está ocupada, certo? Então por que estavam insistindo tanto?

O único motivo de não ter pego um ônibus para voltar para o serviço era o congestionamento enorme que havia na avenida. Manhattan era definitivamente o único lugar que se demorava uma hora de carro e trinta minutos à pé.

Quando chegou no hall da portaria da revista suspirou aliviada. Os pés doíam como o inferno, mas ainda assim, havia chego no minuto exato. A senhorita Jauregui estava sentada na lateral do prédio, encarava a janela coberta por insulfilm espelhado, de olho em quem entrava e saia do edifício.

— Bom dia, senhorita Jauregui. — Sorriu de maneira educada.

— Bom dia, Camila. Pegou tudo? — Se referiu as sacolas.

— Sim, está tudo aqui. Não sabia qual a cor do vestido da Armani que queria, então trouxe todos.

— Certo, leve para a minha sala, e pode ir almoçar. Eu e Lisa vamos comer juntas, esteja de volta às duas.

Estar de volta às duas significava uma hora a mais de almoço. Cabello se afastou alguns passos e caminhava em direção ao elevador quando ouviu o telefone tocar novamente.

Rolou os olhos impaciente e tentou alcançar o aparelho em meio aos inúmeros bolsos, sendo atrapalhada apenas pelo peso das sacolas. Quando finalmente conseguiu pegar o objeto, estranhou ao ver a foto de Normani estampada no visor.

— Mani? — Questionou preocupada.

— Inferno, aleluia! — Comemorou em uma dualidade quase cômica.

— O que aconteceu?

— Já chegou na revista? — Perguntou ansiosa. Parecia preocupada com algo.

— Sim, estou no hall. — Explicou — Subindo para o escritório. Precisa de algo?

— Você precisa impedir a Jauregui de ver a matéria da Melban.

— Por que?

— Camila! Presta atenção, não deixa ela ver de jeito nenhum! Tira o celular dela, corta o fio da internet ou sei lá, mas não deixa ela ver. Eu tô tentando resolver isso...

Foi naquele momento que Camila percebeu que tinha algo de muito errado acontecendo. E sem pensar duas vezes Cabello olhou para trás, e viu sua chefe com o aparelho telefônico em mãos.

Engoliu o seco.

Sabia que Normani não ligaria em um dia como aquele, para falar algo sem importância. Não depois de dizer que estava doente e com febre.

Breakaway (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora