Taxa de deslocamento

2.4K 163 30
                                    

Camila Cabello.

"Eu nunca vou ser como eles" pensei comigo mesma quando a porta do elevador se abriu ainda no térreo. Todos estavam muito bem vestidos e exalavam uma classe que eu julgava vir de berço. De fato, depois de dois meses trabalhando na BreakAway, eu finalmente havia entendido o motivo de tantas pessoas quererem estar ali.

Era deslumbrante ao olhar.

Não, eu não fui a primeira opção, se é isso que está pensando. No dia seguinte a minha entrevista, uma mulher me ligou lamentando o fato de que eles haviam encontrado uma candidata melhor ao cargo de assistente pessoal de Lauren Jauregui.

Menti para mim mesma dizendo que não me importava, mas a verdade é que eu estava tão desesperada por causa das contas, que acabei chorando em cima do meu macarrão instantâneo de dois dólares.

Apollo ainda tentou me consolar, pedindo por carinho e afofando as patas felinas em minhas coxas, porém, era inútil. Eu observava as cobranças se acumulando na mesa de canto na sala, e ficava pensando por quanto tempo eu ainda teria um lugar para morar.

Imagine a minha surpresa quinze dias depois, ao receber o telefonema da mesma mulher que havia me dispensado pedindo para que eu comparecesse na revista ainda aquela tarde.

E foi exatamente naquele dia que eu comecei a arruinar minha vida.

Agora, faziam dois meses que eu me obrigava a colocar um sorriso no rosto toda manhã e dizer em frente ao espelho que amava meu emprego. Era a mais pura mentira, mas quem sabe, se eu mentisse bastante, o universo se cansasse de ir contra mim, e de fato, fizesse o lugar se tornar mais agradável.

Ao chegar ao vigésimo sétimo andar a primeira coisa que vi foi uma modelo chorando.

Mais uma.

Eu não a julgava, na verdade, até compreendia, ela tinha aquele efeito sobre as pessoas. Quantas vezes eu mesma não havia ido até a escada de incêndio para chorar escondida?

Lá era o cantinho do choro da Camila, eu não me permitiria desabar na frente de ninguém.

— Está atrasada — Normani falou assim que entrei em seu campo de visão — E hoje é um dia péssimo pra ser assistente da Jauregui.

— Me diga Mani, em algum momento já foi bom?

— Ela chegou mais cedo — Informou, separando algumas folhas em pastas coloridas —, está chamando por você a quase dez minutos.

— Merda — Ralhei jogando minha bolsa sobre a mesa, procurando dentro dela a minha inseparável agenda — Tem alguém lá dentro?

— Sim, o chefe do departamento de Designer e a assistente dele.

— Lise ou Beatrice?

— Lise.

A minha careta foi imediata, não era novidade pra ninguém que haviam algumas pessoas ali, que você preferia não ter por perto.

— Você sabe o que houve?

— Bem, pelos gritos que ela está dando desde cedo, deduzo que seja sobre a edição especial de julho.

— Eu devo ir lá?

— Eu esperaria até os dois saírem, se ela os demitir, você pode acabar indo junto.

Me sentei em minha cadeira e liguei o notebook. Enquanto iniciava, verifiquei quais seriam os compromissos do dia.

— Alguém ligou? — Indaguei.

— Sim, Sanders. Ele quer uma reunião com a equipe do financeiro.

— Vou perguntar a ela. Estão tentando marcar essa reunião a quase um mês.

Breakaway (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora