Coquetel Molotov

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Eu pessoalmente me acho horrivel escrevendo em terceira pessoa, normalmente quando o faço, é pq é necessário pra expor mais de um ponto de vista


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Narrador onisciente.

Era uma quinta-feira.

Camila olhou no relógio constatando pela milésima vez aquela noite que já se passavam das dez. Do lado de fora da empresa, caia uma chuva torrencial, capaz de assustar qualquer um. Ela poderia estar em casa descansando e assistindo alguma coisa na televisão, porém a senhorita Jauregui havia a atolado em trabalho.

De novo.

Depois de quase um mês de conversas e provas, finalmente havia ficado acertado que o desfile das peças de Elisabeth ocorreria na sexta.

Aquela sexta.

E era por esse motivo que Camila não havia conseguido sair da empresa ainda. Jauregui, havia antecipado alguns relatórios já que pretendia libera-la mais cedo, e as duas — tanto Cabello quanto sua chefe — acabaram por fazer hora extra.

O que irritava Camila de um jeito descomunal, não era sequer o fato da senhorita Jauregui ter exigido que ela ficasse — de certa forma até entendia —, e sim o perfeccionismo da mesma.

Era literalmente a quarta vez que Karla refazia o relatório que ela havia pedido.

Já havia sofrido tantos olhares descrentes e críticos que teve que se retirar alguns minutos para ir chorar no banheiro. Havia sido rápido, a mulher tinha desenvolvido uma técnica para esse tipo de coisa, quando a empresa estava vazia — como no caso —, ela ia até o banheiro, se trancava dentro do box, e chorava por cinco minutos — contados no relógio — sem parar.

Logo em seguida se levantava, secava o rosto com papel, passava uma água, esperava até a vermelhidão amenizar um pouco e voltava a sua rotina como se nada tivesse acontecido, tentando enxergar o lado positivo das coisas.

Nem sempre funcionava.

Quando a mulher finalmente terminou com o arquivo e deu o comando para que a impressora começasse seu trabalho, a mesma ergueu a cabeça e se permitiu dar uma olhada no andar.

As pessoas já haviam ido embora há horas, inclusive Normani. O que restava no ambiente eram os sofás na cor grafite extremamente confortáveis e meia dúzia de salas destinadas a reuniões que quase nunca eram usadas.

Camila tomou um susto quando ouviu a porta do escritorio de sua chefe ser aberta, fazendo com que seu olhar se voltasse imediatamente a mesma.

— Deseja alguma coisa, senhorita? — Perguntou se levantando de sua cadeira.

— Não, estou saindo. — Avisou caminhando á passos largos até a latina. Largou uma pasta com cerca vinte páginas soltas sobre a mesa, causando um barulho alto — Digitalize isso e mande para o e-mail do gerente do financeiro ainda hoje. E não se esqueça de pedir para algum segurança apagar as luzes do andar quando você sair.

Ela deu as costas pronta para ir embora, porém Camila foi mais rápida:

— Senhorita, espere! — Pediu pegando os papéis na impressora — O relatório que pediu. — Estendeu a ela com um sorriso mínimo.

Breakaway (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora