Encontro

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Nico correu para o chalé 13 o mais rápido possível. 

Ela tocou  nele. Com a mão. Voluntariamente

Nico não gostou nada daquilo. Nadinha. Quebrava um acordo silencioso entre os membros do acampamento meio-sangue: Evite conversas com o Di Angelo e em troca você não perde seu tempo com alguém que não quer falar com você. 

Mas aquela garota que não tem a mínima noção de espaço simplesmente quebrou aquele pacto. 

A porta de carvalho se fechou e o chalé tão frio era só escuridão além das paredes brancas. Ele se jogou na cama com fervor excessivo e bateu a cabeça com força no vão entre a cama e a parede. A fome contorcia o seu estômago. Ele olhou para o teto e se perdeu em pensamentos. Não gostava de Anne. Era atrevida demais. Mas morreria dali a cinco meses contados. 

Nico não poderia deixa-la morrer. Não que ele pudesse fazer alguma coisa, mas aquela luz estranha que brilhava nos olhos dela não combinava com as trevas do mundo inferior. Ele iria encontra-la depois do jantar e ser o mais direto possível, sem chiliques, e ia embora rapidamente. 

Do tipo ' Você vai morrer, tchau'. Era isso. 

Não sabia quanto tempo ficara ali. Uma? duas horas? Não sabia. Apenas brincou com a luz do sol que saia pela janela. Ele observava a luz e o escuro repetidamente as vezes, pois gostava de como a luz marcava os olhos de modo que quando você olhava para o escuro sua retina ainda gravava as luzes e vários riscos de luz se descreviam neles. 

Cara, o tempo passava tão rápido quando ele tinha algo para pensar. Seus pensamentos iam do tempo em que vivia fora do acampamento, até mitomagia, até Percy, até Anne, e de volta a Percy.... Mas voltavam e paravam em Anne. 

-Ah! Você veio! Acabei de ganhar 20 dólares! -Disse tal garota no exato momento em que ele pisou no lugar marcado, as nove da noite. 

- É o que parece, não é? Bom, tenho uma coisa séria pra falar com você. Não se anime. 

-Coisa séria? Isso é um encontro! Coisas serias para depois, por favor. Então... - Ela encostou em uma árvore próxima, e fez uma tentativa forçada de uma expressão sedutora- Você vem sempre aqui? 

-Bom, tecnicamente, eu moro aqui. E isso não é um... 

-Pois é né, eu também! Temos tanto em comum.

Nico se enfureceu e revirou os olhos. Pra que tudo aquilo? Ele nem conhecia aquela intrometida direito, então pra que se esforçar tanto pra ajudar? Não havia nada que ele poderia fazer de qualquer maneira.  

- Tudo bem, Anne. Deixa pra lá. Tchau. 

Mas ela correu pra perto dele e pegou sua mão como fez mais cedo. 

-Porque você veio aqui se não vai falar comigo? 

- Ah, você realmente acha que eu vim até aqui só pra bater papo contigo? O que você acha que é? - Ele franziu as sobrancelhas. - Tenho uma coisa séria para falar! 

-O que?- Disse ela apertando a mão dele e chegando mais perto. Era óbvio que Anne estava achando tudo aquilo muito engraçado, constranger o menino esquisito com essa proximidade toda.  Tudo o que Nico pensou em fazer foi recuar e tentar ser o mais breve possível , mas o jeito com que ela sorria e brilho nos olhos dela o deixavam sem graça, era como se ela fizesse piada com todas as situações possíveis.  

Nico crispou os lábios e desviou o olhar dos olhos de Anne. 

-Você vai morrer. 

O sorriso de Anne sumiu como uma rosa murchava depois de vários dias após de ter sido arrancada. De repente, não havia mais tanta leveza naqueles olhos azuis, e algo nele doeu por pensar que suas palavras eram as culpadas daquilo. 

-Vou? 

-Sim. 

- Eu sabia... Sabia que não ia dar certo... Os médicos disseram que o tratamento era fácil e que eu ia me sair bem. .. 

Nico pensou em sair, mas .... Tratamento? 

-O que? 

-Tenho leucemia, Di angelo. Pensei que ia demorar um pouquinho mais pra eu ter de partir... Mas - Em sua expressão preocupada surgiu o clássico sorriso debochado.- Já sei disso a umas duas semanas.

Dias contadosOnde histórias criam vida. Descubra agora