Anne devia ter chorado a noite toda.
Ela tentava ser forte, mas descobriu a pouco tempo a sua doença, e aquele emo idiota chega como se lhe oferecesse uma bala e diz 'Você vai morrer'.
E os sentimentos esquisitos que ela sentiu quando ele pegou sua mão? Era uma mistura de nervosismo com a mais pura raiva.
Por que ela acreditaria nele? Anne sabia que não tinha motivos para não acreditar no garoto, além da única e incontestável verdade que ela tinha uma doença grave, que a empurrava ainda mais para o penhasco que era a sua possível morte. Além de Nico não aparentar o tipo 'brincalhão' a ponto de fazer uma 'brincadeira' dessas.
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Nico acordou de manhã, sabia que era cedo demais para o café, mas resolveu sair para treinar um pouco, pois estava realmente muito calor para um outono. Ele lembrou dos dias em que morava fora do acampamento e quase morria de frio, mas mesmo assim sentia falta daqueles dias.
Treinou com um boneco horas e horas. Adorava fazer aquilo. Adorava ver como com um simples toque de da lâmina da espada abria uma fenda no boneco.
- Será que nós não podemos fazer nada? Somos filhos do deus da medicina!- Uma voz feminina falou da porta da arena de esgrima onde o garoto treinava.
-Mas não somos o próprio deus da medicina Julie, e não somos milagrosos. Aliás, o Di Angelo pode ter errado.
-Verdade. Ele deve ter...Silêncio, ela está vindo.
-Achei! Estava em cima da minha cama, eu sou muito cega. E não vou fingir que não notei como vocês pararam de falar abruptamente quando eu cheguei, mas não vou pedir para voltar a conversa pois sei do que estavam falando. E eu nunca devia ter contado para vocês. - Uma voz esganiçada falou.- Sei que é difícil de ignorar, mas vamos por favor trocar de assunto, pessoal. Então, vamos entrar aqui?
-Sim -Disse uma voz grossa -Apresento-lhe a arena de esgrima, onde os bobos que usam espada -'Espada é para os fracos' cortou uma voz feminina. Nico se sentiu ofendido. - Treinam com elas. Mas nós preferimos usar os bonecos daqui, pois os da nossa arena estão furados.
-Então estamos quebrando regras? - Disse a voz esganiçada.
-Algum problema?
-Não. Legal. Mas cadê o arco de vocês?
- Está com o Hay... Haymitch cadê os nossos arcos?
-Ninguém falou que eu tinha que trazer.
Ele ouviu Carl fazer uma reclamação indistinguível.
-Vocês acham que eu sou o burro de carga de vocês, cansei! - Haymitch falou com raiva na voz.- Não vou trazer o arco de ninguém, se vocês quiserem o arco de vocês, venham comigo pegar! Se vocês não fossem tão folgados eu teria esquecido só o meu, igual a Anne.
Alguém suspirou
-Então vamos logo, espere aqui Rosa.
-Tudo bem.
Nico ouviu passos batendo contra o chão da arena e tentou sair de fininho quando uma flecha passou zunindo centímetros do seu nariz e parou em um boneco de esgrima.
- Já vai embora Di Angelo? Fica mais, quem sabe você não escuta outras conversas alheias.
-Vocês que falam alto demais.-retrucou o garoto. - Aliás, vou comer. Tchau.
Anne exibiu seu sorriso branco radiante. Nico não pode não notar que estava bem mais bonita hoje. Os cabelos loiros presos em um coque extremamente desarrumado e soltos de uns lados, a blusa suja do acampamento com um jeans surrado e um tênis de cano alto pra lá de encardido. Mas lá estava o estranho brilho nos olhos que a fazia parecer o próprio Sol.
- Está fugindo de mim.
-Estou com fome.
- Tudo bem, pode ir comer, mas eu só queria te dizer, que escolhi não acreditar em você. Até você me explicar melhor como...
-Está duvidando doa meus poderes?
-Estou, estou sim. Mas...
- Pois não deveria! Eu sou o Rei Espectral! Filho de Hades! O Senhor dos Mortos! Você não pode duvidar dos meus poderes! Eu lutei contra Gaia e Cronos! Eu...
-Eu sei, eu sei. Você é a Princesinha Superpoderosa do Mundo Inferior. Acabou?
-...Sei quando digo que você vai morrer, e você aceitando ou não, prometo ir até os campos Ásfodelos para te dizer ' Eu te avisei' ! Escuta qui ' Rosa'...
-Você fica muito fofo quando fica nervoso sabia?
-.... O seu... O quê?
-Ah! Que bom! Achei um jeito de te fazer parar de dar chilique. Como eu ia dizendo, não vou acreditar em você se não me explicar como isso acontece. Então me encontra no lugar de sempre. Isso não é um pedido.
Mais passos na arena.
-Desculpe a demora Rosa, a Julie perdeu a ' Pulseira - Arco' dela. Fala aí Di Angelo!
- Depois do almoço Anne, no lugar de sempre. - E saiu apressado.
- Vocês são muito fofinhos. - Disse Julie.
-Isso me lembra de umas 20 pratas que alguém aqui está me devendo.
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Dias contados
Genç KurguAs pessoas alegam Nico di Angelo de ser o 'Cara sozinho que senta na beira do lago e fica observando, só observando'. Bom, ele é assim mesmo. Acha o amor uma coisa que não se deve preocupar, pois... Sei lá, é fútil. Mas Anne, uma cidadã anônima d...