Minha amiga Anne

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-Nome inteiro? 

-Nicolas Di Angelo. 

- Nicolas? 

-Sim. 

Ela bufou, fazendo com que uma mecha loura caísse sobre os olhos.

-Prefiro 'Nicolas' do que 'Nico'. 

-Eu não. 

-Que pena Nicolas. 

Nico gunhiu. 

-E o seu? 

-Meu nome? - Disse, recolocando a mecha no lugar. - Anne Rose Pierce. 

-É por causa do 'Rose' que seus irmãos te chamam de 'Rosa'? 

-Não, não...Longa história. Bom, Nicolas, quantos anos você tem? 

-16. 17 daqui a dois dias. 

-Dois dias? 

-Sim. 

- Vou comprar um bolo para você. Eu tenho 16. 

Um bolo... Puf! Ela devia estar blefando.

-Tudo bem... O que você mais gosta de comer? - Perguntou ele.

- Acho que... Pizza. 

-McLanche Feliz. 

- Você sabia que aqueles hambúrgueres são feitos de minhoca? 

-Minhocas gostosas, eu presumo. 

Anne riu baixinho. 

- Acho que chega de perguntas idiotas.

- Que perguntas seriam boas para você? - Ele puxou o canto do lábio, quase sorrindo. Estava se divertindo com aquilo, fazia tempo que não conversava com alguém daquele jeito.

-Quase lá Nicolas, quase lá...

-O que?

-Você quase sorriu. Grande avanço. Enfim...Uma pergunta não idiota...Me conte a sua história? 

-Minha história? 

-Sim. Conte-me tudo. 

-Conta a sua primeiro. Minha história é grande demais. 

-Nossa. Minha história é meio chata. Nasci em Quebec, Canadá. Fui adotada por uma familia de classe média, sabe? Minha vida nunca foi ' Coque frouxo e Iphone', mas eu sempre fui feliz. Meus pais se chamam Lettie e James Pierce, e meu irmão Christopher Pierce. Minha melhor amiga se chamava Payton Moroe, ela se mudou para a Austrália. Só vim para o acampamento pois não podia colocar a vida da minha família em risco com todos esses monstros e tal. Eu gosto de ouvir música. Música resume minha vida. Hum...Não tenho dislexia, só problemas de atenção. Minha banda favorita é One Direction e... 

-One Direction? 

-Sim. E não ouse falar mal deles. 

- Tudo bem... Acho que só conheço uma música deles. 

-Na verdade... Tenho uma relação de amor e ódio com aquelas músicas - Anne tossiu forte. - Acho que elas iludem as garotas. 

-Como assim? - Outra crise de tosse de Anne, dessa vez mais longa.

-Desculpe... Eu acho que é impossível algum garoto amar uma garota daquele jeito principalmente uma garota como eu. Não muito bonita, não muito legal, não muito inteligente...Essa sou eu, 'Não Muito' - Nico não concordou com o legal, mas não ousou interromper- Acho bom ouvir isso. As músicas. Mas ao mesmo tempo sinto que seria impossível alguém sentir algo tão forte. Eu amo a banda, amo aqueles garotos, mas, sinceramente, não acredito mais no 'Amor Verdadeiro' dos contos de fadas. 

-Eu também não. 

-Mais uma coisa em comum! Bom, acho que já chega. Parabéns Nicolas, agora você já sabe uma boa quantia sobre mim. Sua vez. 

- Nasci durante a segunda guerra mundial, e... 

- Peraí, o quê? 

-Fiquei um ano em um Cassino em que o tempo passava mais devagar. 

-Eu podia ir passar um tempo lá, assim não morreria tão cedo.- O quase sorriso de Nico sumiu. Ele havia esquecido de como Anne ia morrer dali a cinco meses. Mas despertou com outra crise de tosse dela, que tomou um minúsculo comprimido branco. 

-Acho que isso vai resolver... O que ia dizendo? 

-Hum... Eu e minha irmã Bianca... -Nico contou a sua história, toda e completa. Ela riu em algumas partes, mas na maioria ficou com uma expressão de pena. Quando terminou, já eram por volta das quatro da tarde. 

-Eu estava errada, quando e chamei de covarde. Acho que teria me suicidado na metade do caminho. Me desculpa... Você é uma das pessoas mais fortes que eu conheço. 

- Obrigada. Mas eu sou covarde, sou sim. Tenho medo das pessoas, e quero que elas tenham medo de mim também. 

-Ok, já chega de drama, não é? Tenho que ir, meus irmãos me chamaram para treinar para uma tal de 'Casa a bandeira', você vai jogar? 

-Eu nunca jogo. 

-Mas dessa vez você vai. 

-Quem vai me obrigar? 

-Vai começar? Eu realmente não estava querendo brigar agora. 

-Ok. Mas eu não vou jogar. 

Anne subitamente passou os braços em torno do pescoço do garoto, dando -lhe algo semelhante a um abraço. 

-Arg! O que é isso! 

-Prometa que vai jogar. 

-Me solta sua sem noção! 

-Me prometa. 

-Arg! Me solta! Eu prometo, prometo... Você está me machucando! 

-Prometa direito. Sobre aquele rio. 

-Juro sobre o rio Estinge. 

Anne finalmente soltou o garoto. 

-Você torna uma pessoa sua amiga, e na primeira oportunidade ela gruda no seu pescoço te chantageando. -Disse um Nico ofegante. 

Anne riu e ele continuou a ofegar. 

-Até mais amigo Nicolas. 

-Até mais... Amiga Anne.


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