Caçando a bandeira.

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Anne estava feliz e triste ao mesmo tempo. Isso era possível? 

Não sabia.

Só sabia e ouvia  um nome repetindo em sua cabeça quando mirava no alvo.

Nicolas.

O som era doce. Tinha gosto de brownie.

-... O que você acha disso Rosa?

-Hãm... Acho legal.

-O quê?  Ele acabou de ferrar com a gente.

- Pra falar a verdade, nem ouvi o quê você falou. 

Carl bufou.

-O Haymitch é um babaca,  ele apostou com o outro time que nós vamos ganhar. Se perdermos, o chalé de Apolo lava a louça do acampamento. 

-Bom, lavar a louça não é tão ruim, somos 20 irmãos, conseguimos -Falou Anne atirando novamente no alvo.

-Somos 20, mas não somos a prova de fogo. - Julie falou, acertando o alvo a uma distância grande.

-Fogo?

-Sim. -Haymitch corou.

-Mitch, você é um babaca.

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   O crepúsculo se transformou em noite tão aparentemente rápido que os campistas se atrasaram  para a caçada .

Anne ficou com o time vermelho,  Nico com o azul , e um sorriso de canto mínimo de 'Você vai morrer' vindo da garota.

O time vermelho foi para o leste da floresta, o azul, para o lado contrário. 

  Nico estava esperançoso, no seu time estava boa parte do chalé de Ares e  Atena e poucos Afrodite que se atreviam a parar de se admirar e jogar. E o melhor, tinha Connor e Travis Stoll, os Gênios das Pegadinhas.

O jogo começou e Nico correu em direção ao lado leste.Tropeçou e caiu de cara no chão. Estava fora de forma. Mas se levantou, o mais rápido possível , continuou correndo até esbarrar com Clarisse la Rue.

-Cansou de chorar as mágoas e resolvel viver Nico?

Ela desferiu um golpe com lança, Nico desviou. Clarisse parou de ser idiota alguns anos atrás, mas não completamente.

Nico desferiu um golpe  contra a lança da filha de Ares, uma corrente elétrica percorreu sua espada, mas o ferro dela não era comum, e então,  com outro golpe errado de Clarisse , a lança da garota foi parar cravada em uma árvore.

Nico continuou correndo,  quando uma flecha passou zunindo e rasgou o couro da sua jaqueta de aviador.

O líder do chalé de Apolo, Carl Mendes, apareceu e tentou acerta-lo novamente. O garoto era como um elástico desviando dos golpes de Nico, e era rápido.  Mas logo não desviou e acabou tropeçando nos próprios pés.

 Nico correu mais, sem problemas, até o Punho de Zeus. E dessa vez, cansou de correr e se apoiou na pedra em forma de cocô.  

Respirou fundo, enxugando o suor dos cabelos negros grudados no rosto pálido. 

 Se recompôs, e olhou para o céu em busca da constelação de Zoë, a noite estava estrelada como sempre, tudo era escuro demais, apenas azul escuro e verde como as árvores.... Ou não.  Um ponto vermelho. Em cima do Punho de Zeus. A bandeira.

-Não tão rápido Nicolas. - Uma voz esganiçada diz.- Você fica ainda mais fofo todo suado. 

 Anne estava  escostada na lateral do Punho de Zeus. 

-Só tem você aqui?

-O resto do pessoal foi lutar, e como eu sou a 'Rosinha', tive que ficar aqui.

   Ela arrumou a flecha na corda e atirou repentinamente. Nico desviou e fraziu a testa.

-Flechas só são boas quando você está longe do oponente.

-Legal. - Disse Anne -Sorte minha que minhas armas foram feitas pelo chalé de Hefesto. - Ela pegou uma flecha prateada na aljava, sorriu do jeito que só ela sabia sorrir, e então passou a mão sobre a marca do chalé de Hefesto na flecha, que logo em seguida, era uma espada grande e  cintilante. 

-Melhor agora. -Disse Nico.

Anne desferiu o primeiro golpe, e sua espada se chocou com a dele, no momento seguinte, o cabo prateado da espada acertou o olho do garoto, que por um instante era só borrões. 

-Ai meu Deus, eu te machuquei? 

-Fui ao tártaro e voltei, não tenho medo de você. 

-Exibido.

 Nico desferiu outro golpe com a espada, e outro, e mais outro. E logo a garota já ofegava. Pouco a pouco, ele subia as pedras do Punho de Zeus a procua da bandeira.

- Você é boa demais para uma novata. -Disse ele, as espadas ainda se chocando.

-Você...Que é... Ruim demais para...O Rei Fantasma.

   Anne estava aos farrapos, mas não iria ceder a luta. Não mesmo.

  Ele desferiu outro golpe, Anne tropeçou  em uma das pedras e quase caiu, se não fosse a mão branca e fria segurando a sua.

-Não teria tanta certeza Rosa.

  Eles estavam equilibrados em uma das pedras do Punho de Zeus. Nico havia segurado a mão dela, ele não sabia nem se isso era possível... As mãos dela eram quentes, passavam tanta energia quanto seus olhos e seu sorriso com dentes tortos... Ali já não havia mais jogos, nem bandeira, nem mais nada...

Ela ofegava, assim como ele. Cada vez que Nico puxava o ar, Anne puxava duas vezes. 

- Nico eu...Eu estou...- Disse ela, sua voz morria a cada sílaba. 

-O que foi?

  Os olhos de Anne fecharam, suas pernas sederam, e ela desmaiou ali, nos braços dele.

Nico quase caiu. Desceu as pedras vagarosamente e deitou Anne na grama fria.

-Anne?! Anne! Me responda..- Ela continuou imóvel. -O que aconteceu? Anne!

Gritou por ajuda, enquanto lágrimas corriam pelo seu rosto pálido. 

  

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