Capítulo Quatro Caverna dos Ursos Barrigudos

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Depois de saírem de Húngara, os heróis se depararam com as Montanhas Azuis, grandes montanhas antigas. Descansaram, comeram e se perguntaram se realmente ainda queriam continuar na missão.

— Não podemos continuar sem o mapa, a única coisa que nos
guiava — disse Odroel.

— Essa jornada ficou sem sentido, não podemos continuar — concordou Iurandal.

Ogum deu algumas passadas.

— Vocês foram escolhidos por Azzerutan por serem a reencarnação
dos heróis de antigamente, os quais os objetos receberam os nomes,
da era de Olorum. Você Odroel é igualzinho a Eric, forte, corajoso e com espírito de liderança. Senaril adora magia, gosta da natureza, da floresta do mesmo jeito que Hugin. Já Ennalfine cheia de pureza e inteligência é a cara da jovem Merlin. Iurandal é cheio de astúcia e perseverança, com todas as características de Atalanto. Annael, você é uma bela e gentil donzela, cheia de humildade, a reencarnação perfeita da linda Grendel. E Dres é a cópia do jovem Nido. Somente vocês poderão cumprir essa missão. Devem continuar, Faulora está confiando em vocês, eu os guiarei até a Floresta Caduca, lá meus irmãos lhe darão total apoio e poderão descansar, eles conhecem todas as trilhas em Mindron, farão um mapa.

E assim os jovens ficaram mais animados, caminharam nas encostas
das Montanhas Azuis, passaram noites acordados, algumas vezes Odroel ficava vigiando, outra Iurandal, em algumas vezes Ogum e foram andando, sem muitas emoções naquela parte da montanha, até chegarem às trilhas da Floresta Caduca, ali não era muito assustador. Na entrada da floresta havia túneis e rastros de algum tipo de animal bem grande.

Eles seguiram um caminho bem do lado esquerdo da floresta, e foram andando. Ali se encontravam muitos bambus, canas e capins. De repente, os sete escutaram um rugido, os jovens ergueram os objetos.

— São meus irmãos, eles estão por aqui, em algum lugar na floresta — disse Ogum.

Ogum deu uma olhada atrás das árvores.

Escondidos entre os troncos se encontravam gigantescos ursos,
armados com lanças e vestidos de malha e armaduras.

— O que fazem em nossos territórios? — perguntou um com a voz rouca.

— Viemos em paz, irmãos — respondeu Ogum.

Houve um silêncio.

— É você, Ogum? — perguntou outro, atrás de uma rocha.

— Sim, sou eu? — Ogum respondeu tentando lembrar aquela voz.

— Você voltou para quebrar a maldição? Veio para nos ajudar?
— outro perguntou.

— Estou em uma missão, podem nos ajudar?

Ali entre eles apareceu um monte de ursos, alguns armados, outros normais, tinham o rabo bem curto e cicatrizes pelo rosto e suas
barrigas eram bem grandes, entre eles havia um, aparentemente o mais
velho de todos e líder.

— Ogum! — rugiu o líder. — Como estou feliz em vê-lo, por que demorou tanto tempo?

— Estou em uma missão — disse Ogum. — Queremos um mapa feito por você.

O urso fez sinal para seus guerreiros barrigudos.

— Sim! — falou. — Vamos para a caverna.

Eles seguiram uma trilha entre as árvores.

— Como andam as coisas por aqui? — perguntou Ogum.

O urso ficou triste.

— Estou sentindo falta da minha vida antiga, quando Éden ainda estava entre nós, esperei Faulora a vida inteira para quebrar essa maldição,
mas ela nunca veio.

— Então todos foram amaldiçoados? — grunhiu Ogum.

— Sim, todos os ursos. Durante o dia somos apenas nós mesmos, mas à noite viramos feras malvadas e sem consciência, todos os dias são assim, já não aguentamos mais.

Ogum e o urso líder, que era chamado de Zamus, iam à frente
conversando, enquanto os seis jovens iam atrás com os ursos guerreiros
e barrigudos.

— Vamos aproveitar essas últimas horas para beber um vinho —
disse um dos ursos.

— Não cansa de beber! — ralhou outro urso.

No final da trilha havia uma gigantesca pedra redonda entre os
troncos. Zamus bateu na pedra três vezes com seu cajado, logo em seguida a pedra rolou para o lado revelando uma entrada e eles foram
entrando um por um. Lá dentro era bem grande, havia um imenso salão
cheio de ursos barrigudos, alguns armados, outros bravos, alguns bem
dóceis. Ali tinha uma espécie de bar, com mesas e ursos bebendo hidromel, vinho e garapa de cana. Outros comiam bambu e folhas. Quando os heróis entraram, os ursos os olharam.

— Ogum! — gritou um urso pardo e barrigudo.

O urso gigante saiu correndo e abraçou Ogum, o lince quase foi
esmagado.

— É você, Lumes?

— Sim, sou eu.

— Estou de volta.

— Por que sumiu?

— Estava sozinho, e Faulora não me deixou vir, você sabe o quanto é perigoso.

— Sei, e quem são eles?

Ogum olhou para os jovens, que estavam cansados e suados.

— Esses são o Grei de Éden, Azzerutan os enviou para recolocar os corações nas torres.

— Mas eles foram destruídos — ringiu um urso de cara chata.

Odroel olhou para todos e disse:

— Nossa mãe reconstruiu os três corações que foram quebrados
e agora eles são inquebráveis, e mais poderosos do que os outros, mostre,
Dres.

Dres retirou os corações da cintura e os colocou em uma mesa no meio do salão. Os ursos olharam para os três corações, eram tão lindos e majestosos.

— Ajudaremos no que for preciso, agora descansem e fiquem à vontade em nossos aposentos, iremos pegar um dos mapas e trilhas de toda Mindron, porque antes do anoitecer terão que ir embora daqui, pra depois do Rio Vardan, porque aqui não é seguro. Ficaremos tristes, queria que meus guerreiros fossem com vocês além de Brâmane, mas essa maldição nos impede de ir. — Grasnou o velho urso.

— Isso vai mudar, além disso, o exército de Áquilas e Guimel
deve estar chegando, haverá muito sangue derramado, muita guerra e
que Olorum e Éden nos ajudem, porque precisaremos, os caminhos estão cheios de vigias e sentinelas de Maldemon, a escuridão não pode se
apossar de Mindron — disse Ogum.

Já estava quase anoitecendo quando Zamus se despediu dos heróis, foram guiando todos até a travessia do Rio Vardan. Eles pegaram mantimentos e mapas como guia, tudo parecia bem.

— Vão, Filhos de Éden e que Olorum. Que Faulora estejam com vocês, tudo vai dar certo, torcemos pelo sucesso de todos — disse Zamus.

— Adeus, meus irmãos, voltarei assim que puder, e essa maldição
não reinará entre nós nunca mais — disse Ogum.

Eles entraram nas águas congelantes do Rio Vardan e foram para o outro lado do rio, ali estavam seguros dos ursos barrigudos. Aquela parte era muito grande, havia uma estradinha estreita, circulada por imensas árvores vergadas cheias de musgos e lodo, com cipós retrós amarelos
que se enroscavam nas pedras e nas grandes raízes grossas que se
embrenhavam para cima e para baixo. Os troncos eram suáveis e lisos. O vento soprava triste e sem vida, mais à frente desaguava uma cachoeira de águas escuras, descia para além da floresta, peixes e corvos se deliciavam com a água. Dançavam e faziam posses pequenas Sahyanis, com seus cabelos de algas, possuíam pés e mãos sensuais, recobriam os seios com conchas, seus rostos eram brancos como nácar, abaixo dos seios, cobrindo o ventre, finíssimas vasas mucosas, tinham uma voz linda, duas delas nadavam e pulavam iguais golfinhos. Quando viram os jovens desapareceram, mais rápidas que uma bala. Porém, naquela parte já se enxergava os domínios de Maldemon, por aqueles lugares Lubins e Sentinelas dominavam a região, era por aquelas bandas que ficava a grande Torre Náutila. Mais adiante ficava a grande Caverna Vazante, um ótimo refúgio para eles.

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